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Tudo a declarar

Felizmente, o humor é uma coisa que pode mudar dum segundo para o outro. Quando falo de humor, estou a falar do estado de espírito normalmente associado à boa disposição, e não daquilo que tentamos fazer – sem grande sucesso – neste site. Para as duas pessoas realmente interessadas no meu estado de espírito e que seguiram os meus dois posts anteriores (este e depois este), eu vou ensinar o segredo instantâneo da boa disposição. Mas gostava que o mantivessem em segredo (caso contrário, é difícil que continue a ser um segredo).

Em primeiro lugar, e à moda dos bons tempos do Manuel Luís Goucha (em que ele nos ensinava a comer coisas doces sem açúcar), é preciso cumprir a receita com rigor.

Se você seguir exactamente os passos descritos neste post, posso garantir-lhe que o seu estado de humor vai mudar. Mas não se pode desviar um milímetro da rota. Imagine que você é um piloto de avião e que se desvia um milímetro da rota a cada metro de voo. Desculpe lá a expressão, mas está lixado! Você e o resto dos ocupantes. Aliás, mais os familiares dos ocupantes, pois são eles que ficam com contas de funerais por pagar. Enfim, siga a receita, aplique as quantidades certas, e veja o seu humor a mudar mais depressa que os números noticiados das percentagens de adesão a uma greve geral.

Receita CERTA para um bom estado de humor (or your money back!)

1. O problema do mau humor é lembrarmo-nos constantemente das coisas que nos deixam lixados. Por isso, esqueça-se delas! Isto é mais fácil do que parece. Está provado que a maior parte dos seres humanos não se consegue concentrar em mais que seis ou sete coisas simultaneamente. Por isso, ligue a televisão sem som, ligue a aparelhagem e coloque um disco, prepare uma bebida, dê água às plantas, ande pela casa e fale sozinho. E pronto, já está a fazer seis coisas diferentes e a esquecer-se de outras tantas;

2. Faça qualquer coisa diferente e inesperada. Algo que não costuma fazer. Não tem necessariamente de se vestir de coelho da Duracell e andar de patins num Centro Comercial (mas se o fizer, avise-me primeiro, que eu levo uma câmara e filmo tudo). Só precisa de dar uma volta diferente, fazer um caminho novo para casa ou para o trabalho, lavar os dentes com a outra mão (vai estimular outros grupos de neurónios dentro do seu cérebro), deitar-se onze minutos mais cedo e levantar-se três minutos mais tarde, etc. O que você vai fazer é irrelevante. Invente. Eu finjo que sou maneta uma vez por mês. Nesse dia, o meu braço esquerdo (ou direito) não funciona de todo. Ou seja, tenho de me desenrascar como se não o tivesse durante as horas em que estou acordado. É um exercício engraçado. (especialmente na altura de ensaboar a mão após uma urinadela…).

3. Era aqui que eu ia sugerir que você se mascarasse de coelho da Duracell e que fosse andar de patins para um centro comercial. Mas como afirmei no ponto anterior que isso não é estritamente necessário, pode esquecer este ponto 3 e passar para o 4.

4. Você não é mal encarado. Pode é estar mal encarado. Você não é uma pessoa de mau humor. Pode é estar de mau humor. Percebe a diferença subtil? Você não é aquilo que sente. Mas pode acreditar que se torna naquilo que sente, pelo simples facto de o sentir frequentemente. É preciso haver uma desprogramação. Comece por demonstrar um sentimento diferente daquilo que sente na realidade. Ou seja, se está deprimido, faça um esforço para se mostrar alegre e contente. Pode parecer uma ideia imbecil (especialmente se você estiver realmente deprimido), mas às vezes as mudanças originam-se de fora para dentro. Não custa tentar. Ontem fui a um restaurante e estava-me a apetecer comer um bife. Resultado: dei ao meu corpinho uma bela duma bacalhauzada! E olhe para mim todo bem disposto agora.

5. Se nada do que foi atrás referido tiver funcionado para si, lide com a situação como um homem a sério: meta-se nos copos! Se eu não tivesse chegado a esse ponto, você não estaria a ler estas palavras…

6. Se você for mulher e não quiser lidar com a situação como um homem, tem sempre a alternativa de poder lixar a cabeça ao seu homem. Especialmente se ele lhe aparecer à frente com os copos (nada é mais propício para um início de discussão do que o hálito a álcool. Embora o conselho seja esperar pela manhã seguinte. Não só o efeito será mais pronunciado – afinal ele vai estar de ressaca – como talvez não seja boa ideia provocar um homem embriagado. Há para aí montes de gajos que não sabem beber e acham piada à possibilidade das caras das mulheres irem contra os seus punhos repetidas vezes…)

(o autor deste post aproveita para informar que não é psicólogo, pelo que estas técnicas podem não funcionar consigo. Não são técnicas aconselhadas por terapeutas de renome. Especialmente os pontos 5 e 6.)

Se tiver tentado tudo e nada disto tiver funcionado, pense bem no que acabou de fazer. Você seguiu os conselhos dum gajo que não conhece de lado nenhum na inusitada tentativa de melhorar o seu estado de humor. Só isso já deve ser suficiente para a fazer esboçar um sorriso. Ou considerar terapia profissional, se tiver dinheiro para isso.

E fechamos por aqui o capítulo acerca da minha crise pessoal. Já chega de depressão por este ano. São histórias pessoais e chatas, eu sei, mas são um pequeno preço a pagar para se ter acesso a literatura de tão grande qualidade…




1, 2, 3, 4, 5 e 6. Seis pontos. Qual foi a razão que me levou a ler este post?

Gostei!

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