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YO!

Existe uma aplicação para smartphones chamada “YO” que, muito simplesmente, apenas nos deixa enviar um sonoro “YO” aos amigos ou à lista de contactos que segue o nosso perfil. Quando essa aplicação for localizada para Português, posso apenas imaginar que o carroceiro e alarve “YO” seja trocado por um hip-cool “E então, bacano? ‘Tá-se bem, ou quê?”.

Cretinices à parte, a verdade é que a aplicação está a ser utilizada pelo serviço de alerta anti-mísseis israelita (notícia aqui), de modo a que os seguidores do dito perfil – chamado RedAlertIsrael – recebam o seu “‘Tá-se bem!” cada vez que o sistema detecta o disparo dum morteiro do lado Palestiniano.

A parte mais interessante é que qualquer um pode instalar essa aplicação, seguir esse perfil, e receber também esses alertas!
Eu já instalei a aplicação no meu iPhone, e já recebi três “Tá-se bem” só esta manhã!
A notificação sonora chega, o iPhone vibra juntamente com o “YO”, e eu divirto-me a imaginar as centenas de pessoas que naquele preciso momento se escondem por baixo das mesas de esplanadas em Telavive enquanto terminam à pressa a sua falafel ensopada em hummus.

Isto traz toda uma nova dimensão de apreciação e gratidão à relativa calma com que as nossas vidas são vividas. Aquela sensação de que, afinal, não vivemos tão no fio da navalha como pensávamos (a não ser, talvez, para aqueles que passam parte dos seus dias literalmente a afiar navalhas, como os amoladores, barbeiros e serial killers).

Futuras actualizações desta aplicação trarão possibilidades ainda mais interessantes. Como, por exemplo, um seguimento mais preciso do percurso do míssil em tempo real, de modo a que as pessoas em Albufeira não sintam necessidade de fugir da piscina só porque vai um morteiro a caminho da praia do Tamariz. Pronto, talvez não tenha sido um bom exemplo, este sistema seria essencialmente inútil para os frequentadores da dita praia, que já estão mais ou menos habituados a tudo. Mas a ideia permanece válida.

Outra actualização que se quer rapidamente é a possibilidade de criar pontos de interesse e remetê-los, através de algum mecanismo de feedback, para o lado bombista. No fundo, uma espécie de lista de sugestões à la Amazon, do género de “77% das pessoas que assistiram ao bombardeamento do Ministério das Finanças também acharam piada à ideia da redacção do Correio da Manhã ser bombardeada. E eis as coordenadas GPS!”.

No fundo, as grandes inovações tecnológicas – salvo raras excepções – nunca são óbvias no momento em que surgem. Apenas demonstram a sua vitalidade através da utilização continuada.
E entre as possíveis personalizações para sistemas anti-míssil (“YO! Vem aí bomba!”), informações de última hora para adúlteros (“YO! A esposa passou agora a rotunda das palmeiras!”) ou mesmo para chefes de cozinha (“YO! Pára de fotografar a merda da comida e tira o pato do forno!”), a aplicação YO arrisca-se mesmo a ser uma dessas tecnologias que, daqui para uns anos, nos vai fazer pensar sobre como conseguimos viver tanto tempo sem ela.

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