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Pantufas, o Empalador

As crianças gostam de bonecada. É uma verdade quase universal. As pessoas acreditam nisto. De tal forma, que se criou uma pressão social para que tudo aquilo que tenha remotamente a ver com crianças tenha, obrigatoriamente, de ter bonecada.

Um exemplo: fraldas. Quaisquer fraldas que se comprem no supermercado terão bonecos estampados. Os putos vão brincar com aquilo? Não (lá virá o tempo é que brincarão com o que têm nas cuecas…). Quem acaba por olhar mais para as fraldas são, não as crianças, mas os pais. Daí que me pareça fazer mais sentido que se estampem nas fraldas conteúdos mais adequados a idades adultas… Tipo, gajas nuas. Ou o texto do Tratado de Lisboa.
Mas não. São fraldas para crianças, têm de ter bonecada! (Porquê que as fraldas para os incontinentes não têm as farmácias de serviço?) Pode ser que os miúdos restem atenção as fraldas e gostem de lá ver os ursinhos e o camandro…

Isso é tudo muito bonito, mas e se o país for invadido, daqui a uns anos, por hordas bárbaras? Hunos sanguinários. Monstros sádicos cujo único interesse é o de espalhar o horror e a destruição. Queimar, pilhar e violar. Com mocas e espadas ferrugentas. Como é que vai ser? São os ursinhos fofinhos que vinham estampados nas fraldas que vão ajudar nessa altura, não? Pois claro que não! Nessa altura precisaremos é de malta rodada na arte do combate corpo-a-corpo. Mas pessoal capaz de infligir dor a sério! Nem sequer é o matar: o importante é ser-se capaz de fazer sofrer à grande, para mandar uma mensagem aos inimigos que cobardemente escaparam. Como quem diz “a morte é uma libertação demasiado doce para vós, oh prole de Satã!”.

Era, seguramente, isto que o fabricante de umas fraldas que comprei há dias tinha em mente quando desenhou o seu produto. Eis a ilustração que vem numa das fraldas:

dsc01983

Neste desenho, o simpático coelhinho não está rodeado de silvestres flores, ou em comunhão com os seus companheiros animais da floresta. Não, aqui o bicho está entretido a empalar um outro coelhinho numa vara à qual nem sequer tirou os galhos e as folhas. Assim, aleija mais.

Já me disseram que, se calhar, eu estou a ver isto mal. Pode ter só a aparência de que o coelho está a furar o outro coelho do ânus à cabeça com um caniço, sem que isso esteja a acontecer de facto. É uma hipótese e, vai na volta até têm razão. O coelho grande não está a varar o pequeno: está só a amarrá-lo ao espeto para o pôr em cima da fogueira. Sim, o canibalismo também é uma coisa bonita…

Fico à espera que me saia a fralda em que o coelho está a beber sangue da cabeça decepada do inimigo.




Depois do mal feito passará a ser o
Pantufa – O empalhador


E então? Por mim os coelhitos também têm direito a diversão…

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