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Trailers e tecnologias perdidas

Quando falo de trailers, não me refiro àquelas mini-casas sobre rodas que viajam atreladas a automóveis. Refiro-me àqueles mini-filmes que se podem puxar da internet ou visionar antes do filme principal nas salas de cinema.

Fazer um bom trailer tem muito que se lhe diga. Se for suficientemente bem feito, pode até arrumar o filme em menos de um minuto. Quantos filmes não tenho eu a sensação de já ter visto, quando apenas vi o trailer?

Esta situação é ainda mais crucial nos trailers de filmes porno que abundam pela internet. Será que alguém vê um trailer desses para saber se quer ver o filme todo? Ou será – como eu desconfio que seja – que, para a maior parte das pessoas, bastam aqueles 30 ou 40 segundos para excitar a mioleira (entre outras coisas) e despachar o servicinho?

Mas nem tudo é perfeito no Trailerland!
Ainda no outro dia estava a visionar algumas destas micro-metragens no meu computador, quando dei comigo a pensar “Ahhh… e então aquele trailer que eu tinha que era tão giro e que perdi na última formatação que fiz ao disco… que será feito daquilo?”
Provavelmente perdido para sempre no limbo dos trailers (Tralimbo), vagabundeando pela internet fora até que a sua estética seja considerada reles demais para:

1. Ser adoptado por sites especializados em trailers reles clássicos;

ou

2. Perder-se para sempre nos meandros da internet;

E este é, na minha opinião, o grande problema da tecnologia actual.
Abrimos blogs, a torto e a direito, onde nunca mais escrevemos; contas de email que nunca mais usamos; profiles de Facebook que nos esquecemos que existem; inscrevemo-nos em Hi5’s, MySpace’s e toda uma panóplia de comunidades virtuais,… e quando nos esquecemos destas coisas para passar às próximas, o que é que deixamos para trás? Blogs desapontados, contas de email deprimidas, perfis desactualizados, estranhas familiaridades com a pergunta “Can’t remember your password?”, imagens congeladas da pessoa que fomos durante alguns segundos nesta breve passagem pelo nosso planeta…

É por isso que acho que os discursos paranóicos acerca da “sociedade de informação nos aprisionar” são um bocado infundados. Apenas porque, se nos dessemos mesmo ao trabalho de analisar a vida electrónica de um indivíduo, provavelmente daríamos com uma quantidade de informação tão caótica e desordenada que não nos serviria para nada. Imagine-se esse caos multiplicado pelos milhares de milhões de utilizadores de internet, e rapidamente se percebe porque é que informação em excesso é uma das causas principais de tumores cerebrais (ok, esta parte é inventada, mas sabe-se lá se amanhã não descobrem que isto é verdade?).

Eu proponho que se crie um lar da terceira idade electrónico. Um local onde se agreguem todos os blogs e contas de emails não utilizadas. Algo que permita libertar dos servidores normais milhares de terabytes de espaço. Um sítio onde os rejeitados da sociedade electrónica possam conviver com semelhantes (“Pois é, o cabrão do meu criador também achou que estava inspirado. blogger-para-sempre.blogspot.com Ele achou que o endereço tinha piada e que reflectia a sua personalidade. E sabes quantos posts me escreveu? Dois!! Dois!!”)

Podia ser qualquer coisa como www.aqui-jaz.com

Pensem nisto.




Bem observado! E no dia que cada chinês e cada indiano tiver o seu blog, à semelhança do que acontece hoje com cada português – em média, porque se os velhotes de 70 anos da Serra da Lousã não têm nenhum blog, eu conheço quem tenha 3, 4 5… – que faremos?
Será necessário ocupar um país inteiro desses fáceis de ocupar só para manter os servidores pejados de inutilidades do que ontem eram blogs animados e hoje não passa de arqueologia, destinada a deixar para a posteridade os nossos avatares como se fossem relatos fidedignos do presente.
Como país a ocupar com servidores proponho o Tibete – tem o defeito de não ser um país independente, mas afinal, se o que há mais é chineses eles também terão de abdicar de alguma coisa e pelo menos não existirão problemas de arrefecimento dos equipamentos.
Por falar nisso, como anda a história do Tibete? Ou será que os chineses só reprimiam os tibetanos durante os Jogos Olímpicos para manterem viva a chama da sua imagem repressora

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