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Café Portugal

Há cerca de 40 anos, um estudante universitário português em Londres meteu conversa com a sua vizinha da frente. O resultado dessa inocente converseta é esta pessoa que vos escreve e que cá se encontra há quase 34 anos. E graças ao facto de ainda ter pais, foi-me hoje pedido um favor que me obrigou a uma rotina matinal diferente. O contexto não interessa. O que interessa é que fui forçado a tomar o pequeno-almoço num café, coisa que não fazia há vários anos. E minha nossa! As coisas que tenho perdido!

Posso desde já afirmar que a expressão “conversas de café” ainda tem muita razão de ser, pelo menos na nossa capital.
Enquanto esperava pelo meu croissant com queijo, um senhor vociferava desinteressadamente, para o alto, certas palavras de ordem contra o sistema, tomando conta da sala.

“Eles já encheram todos os bolsos com esta treta, foi o que foi! Os partidos todos! E agora prendem um gajo de 73 anos, dão-lhe uma cela de ouro, para daqui a dois anos terem de o mandar embora e já não lhe poderem tocar! Uma cambada de safados, é o que é!”

Olhei brevemente à volta para ver as caras dos restantes clientes. Pensei que toda a gente estivesse como eu, à beira da gargalhada e a olhar para o lado para se tentar conter. Qual não é o meu espanto quando vejo a maior parte das pessoas a acenar positivamente e a concordar com o orador?

Pensei que esta mentalidade meio esquerdista, meio ignorante, de que o resto do mundo (eles!) está a conspirar contra nós e a encher os bolsos (à nossa custa!) cada vez que viramos as costas, já tivesse caído em desuso. No entanto, ali estava a negação escarrapachada em frente ao meu focinho, apresentada em todo o seu vigor, enquanto eu calmamente bebericava o meu Vigor.

E daí lembrei-me “Mas isto foi precisamente a conversa que um taxista teve comigo há uns tempos!”. Pois foi. Até me lembro dele me fitar nos olhos, enquanto me dava o troco, e perguntar-me com ar mais sério do mundo “E diga-me lá, meu amigo. Acha mesmo que isto em que vivemos é uma democracia?” (esta malta havia de passar uns tempinhos na Arábia Saudita ou na China para aprender a dar valor à democracia que temos…)

E mais! Eu sabia que já tinha ouvido esta conversa em qualquer outro sítio. E atingiu-me como um raio!

Foi nos comentários das notícias do Público! Quem for ao jornal Público online, ( clique aqui ) só precisa de escolher uma notícia. Não interessa qual. Pode ser uma notícia boa ou má. Pode parecer positivo ou negativo. Não interessa.

Tão certo como o dia seguir-se à noite, encontrará uma carrada de comentários que se dividem entre oradores de café que conhecem as soluções para todos os problemas do país (“mas que os gajos não implementam porque não querem!”) e um outro grande grupo que gosta de chamar ignorantes a essas pessoas, ocasionalmente devolvendo um comentário ainda mais imbecil e desinformado.
(uma dica: escolham as notícias com maior número de comentários. É nessas que os leitores se engalfinham mais uns com os outros. Se forem notícias sobre temas sensíveis como o aborto, como me parece haver uma hoje, sai-vos o jackpot!!)

E foi então que me ocorreu uma revelação. A nossa indústria está feita em pedaços e a nossa capacidade exportadora cada vez mais reduzida. A única forma de meter algum dinheiro estrangeiro cá dentro será melhorar o nosso turismo. Por isso, dado que as conversas de café parecem ser um dos nossos icons nacionais mais acarinhados, porque não trocar o nome do nosso país para Café Portugal?

Sim, pode parecer uma ideia imbecil. Mas olhem que foi a melhor que ouvi hoje…




Estamos como estamos porque os nossos governantes têm sido uns sacanas duns altruístas filantropos que olham para a política e para os cargos políticos como forma de sacrificio com vista ao bem comum. Sendo assim, concordo com tudo o que dizes. O Zé Povo é que não percebe nada disto. Estamos tão bem… Aliás, já estavamos antes desta putativa crise, agora ainda estamos melhor. Realmente, não consigo conceber que pessoas mal formadas e deselegantes (feios, porcos e maus)insistam em estragar o pequeno-almoço a outros que, quer pela sua condição social quer por qualquer outra razão que – admito – por ora me escapa, estão perfeitamente tranquilos com o rumo que nossa situação política, económica e social está a tomar. Porque, efectivamente, está tudo bem.

Todos nós temos direito à nossa cidadania e tudo o que ela compreende, particularmente, a possibilidade de tomada de posições políticas.

E se há registo de excelentes humoristas que dão ou dariam excelentes analistas políticos porque são pessoas com uma sensibilidade e conhecimento políticos fortes e consolidados , outros há em quem isso, infelizmente, não se aplica.

André, como humorista, és excelente.


Ora aí está outro erro tão português: achar que qualquer crítica é um ataque ao nosso sentido de patriotismo.
Lá porque descrevi o episódio que se passou comigo não significa necessariamente que concorde com todas as políticas do executivo que nos governa. Mas essa é a impressão que se tem quando se faz, como é tão comum, uma leitura diagonal de qualquer texto que nos apareça pela frente. É preciso não ceder ao primeiro impulso.

Eu posso não concordar com muitas políticas públicas, mas isso não tem necessariamente de me colocar ao lado de qualquer alarve que decida exprimir a sua insatisfação perante um público que não a requisitou.


Olha, tu queres ver que esse tipo do café que tu tanto criticas era o José Saramago, prémio Nobel da Literatura?

Queres ver que o José Saramago exibe uma “mentalidade meio esquerdista, meio ignorante”?

Provavelmente. Tendo em conta que no último post do seu blogue, Saramago fala da mesma forma que tu criticas e que apelidas de – volto a citar – ” mentalidade meio esquerdista, meio ignorante”.

Achas-te superior a nível intelectual a um Prémio Nobel da Literatura?

Ignorante és tu, rapaz. Escreve lá as tiradas cómicas e vive feliz…


Oh, André, com todo o respeito, mas nem sequer mencionei patriotismo.

E quando aludi ao caracter filantropo dos que nos governam e ao facto de estarmos muito bem, estava naturalmente a ser irónico.

A diferença entre mim e ti, a julgar pelo teu texto, é que compreendo e considero perfeitamente natural que as pessoas “normais”, aquilo a que se convencionou chamar de “Povo”, ainda que com as naturais dificuldades de comunicação e expressão, se sintam defraudas e se sintam espoliadas de muita coisa. Quer pelos políticos, quer pelos enormes interesses económicos que vivem à custa do Estado e que sem ele, sem o Estado e consequentemente sem o “Povo” nada seria.

Portanto, aquilo que tu atacas como sendo “mentalidade meio esquerdista, meio ignorante”, eu entendo e compreendo. Porque se não fossem nós, estes ignorantes que cá andamos a trabalhar e a pagar meio ano para dar ao Estado, muitos de mentalidade meia direitista, meia iluminada não teriam vidas perfeitas e capazes de rivalizar com estrelas de Hollywood.

O problema é que essas estrelas são pagas por quem quiser, as nossas vivem e fizeram as suas fortunas à custa do Estado, à custa do delapidar contínuo do erário público, no fundo à tua custa, à minha custa e à custa do tipo a quem chamas ignorante.


Ponto de situação:

1. Não chamei ignorante a ninguém. Apenas critiquei um tipo de mentalidade que acha que somos sempre vítimas de tudo e de todos. E com isso continuo a não concordar, peço desculpa. Se acham que estamos assim tão mal, votem diferente;

2. Não sei o que é que o Saramago disse no blog (que eu até desconhecia que ele tinha). Curiosamente, o único livro que li sobre ele (Ensaio sobre a cegueira) nem gostei muito;

3. Numa coisa temos todos de concordar. Cada um tem da vida a perspectiva que mais lhe convém. Só não acho que uns vivam bem porque outros vivam mal. É aqui que eu me considero diferente da maioria. Eu não acho que sou melhor nem pior que os outros. Nem acho que estou bem porque os outros estejam mal. Acho apenas que a vida é um exercício de probabilidade meio aleatória.
Se eu hoje estou bem, é mais por sorte do que por outra coisa qualquer.

Uns estão bem, outros estão à rasca, e é assim que as coisas são.
É sempre possível descobrir alguém que esteja melhor e pior que nós.

Agora só não me lixem com a história de que a culpa é sempre duma pequena máfia que beneficia grandemente cada vez que a maioria sofre. Isso é uma forma parola de pensar.
Eu não me considero inteligente, mas já tenho experiência de vida suficiente para saber que quando há crises, ninguém fica bem.

E olhem lá, rapazes, isto aqui não é uma coluna de opinião do Público. Já olharam à vossa volta? Já viram o tipo de site que isto é? Chegaram aqui ao engano? Pensavam que vinham ler uma análise política muito cuidada? Francamente, que expectativas tão altas…


Expectativas altas e respeito tão em baixo.

O que tens de bom cómico, falta-te em capacidade de raciocínio, clarividência e educação.

Se isto é um site cómico, então escreve comédia. Parolos são os aqueles que extravasam as suas competências, o que claramente, é o teu caso.

Quanto à tua comédia, volto a frisar, aprecio.
Mas fica-te só por aí…


Com este último comentário, mostraste que educação, cultura e inteligência sserão os teus próximos objectivos de vida.

Mas vais tarde, a educação deveria ter-te sido dada de tenra idade. A cultura também deve ser incentivada quando somos mais novos, embora nunca seja tarde. A ineteligência, essa, meu caro, pode ser treinada, mas quando não há terreno fértil é muito dificil…


“Agora só não me lixem com a história de que a culpa é sempre duma pequena máfia que beneficia grandemente cada vez que a maioria sofre.”

André,

O pior cego é aquele que não quer ver. Trabalhas até Maio só para pagar os impostos, para uma corja andar a viver de negociatas à custa do teu dinheiro…


Já cá faltava a história dos impostos… sim, porque eu sei que toda a gente acha que devia ter tudo à borla. Hospital à porta de casa, estradas sem buracos, escolas como deve ser, museus com entradas gratuitas, stripers no Metro, etc. etc. etc. É para isso que pagamos impostos, não é? O dinheiro devia dar para tudo.

Sim, é claro que há políticos da treta e alguma corrupção. Tal como há empresários bons e maus. Tal como há jornalistas interessantes e outros que são uma seca. Eu não estou aqui a dizer que a corrupção é uma invenção das classes baixas.

Só estou a criticar o tipo de mentalidade que acha que o resto da sociedade está sempre do contra e que “eles só andam aí para gamar o que é nosso”.

Desculpem lá, mas se acham que todos os políticos e advogados e empresários são iguais e se acham que se pode reduzir toda uma classe profissional a esse tipo de estereotipo, então são vocês que não têm capacidade de análise suficiente.

Agora não me lixem só porque estou farto de ouvir a mesma merda de choradinho de sempre.
Se estão assim tão insatisfeitos com a situação, tornem-se homens. Tirem a porcaria do cartão de eleitor e votem nas próximas eleições, em vez de andar a contribuir para as estatísticas das abstenções e depois passarem o resto da vida a queixar-se.

Eu sou empresário, e duma coisa eu sei. São aqueles que menos compram à minha empresa os que mais descontos querem. Como tal, estou firmemente convicto que são aqueles que mais barafustam os que menos votam ou fazem algo para contribuir positivamente para a sociedade.

Ou acham que a expressão “cão que ladra não morde” nasceu em vão? (quem diz que não abraço a cultura popular?)


Quanta desonestidade, Andrezinho…

Então, não achas que se deva tomar a parte pelo todo, mas faz precisamente isso quando atacas as pessoas que te criticam aqui…

Se há pessoas que efectivamente falam,falam e depois não votam, não podes assumir que todos os que criticam sejam dessa estirpe.

Eu critico e nunca deixei de colocar o meu voto desde que é permitido pela Constituição.

(Embora, e pelo actual estado de coisas, a democracia em Portugal, pouco mais é que um voto na urna, mas isso é outra história)

No entanto, continuo a preferir viver cá do que noutros países em que nem sequer esta conversa podia ter lugar, mas tens que concordar que esta democracia, se calhar por ser muito jovem, ainda é fraquinha e Portugal é um paraíso para muitos que vivem à sombra do Estado…

Não sejas desonesto, andré…

E como alguém já disse, dedica-te a escrever sobre aquilo que sabes. Comédia. Nisso és dos melhores.


Bem, esta história dos comentários até me estava a começar a incomodar, até que em boa hora me deu para ir visitar os headers das mensagens e descobri que todos os comentadores anteriores (Carlos Seabra, Hugo Melo, João Freitas e Fuser) são a mesma pessoa.

Ainda não sei se se trata dum caso de esquizofrenia grave ou pura e simples cobardia, mas duma coisa sei: aparentemente, essa pessoa não sabe o que é um número de IP.

Seja como for, caro amigo (já que não há maneira de saber o seu nome), obrigado pelos elogios que, a bem ou a mal, lá vieram agarrados à discórdia.

(bolas, eu a pensar que estava a chatear um montão de gente… afinal é só um maluco qualquer…)


Pode ser esquisofrenia, mas ser o mesmo IP não quer dizer que sejam a mesma pessoa. Se se tratar de uma rede, várias pessoas em computadores diferentes fica sempre registado o mesmo IP…

E pelo que dizem não me parece mesmo tratar-se de esquisofrenia. Têm toda a razão.

Deves ser daqueles que nem com as provas à tua frente, tu acreditas…


LOL!!!!!!nem consigo parar de rir.este post faz tanto sentido que até é comprovado pelo tipo de comentários! Genial! aposto que qd o escreveste ja estavas a pensar: “e agora vêm para aqui meia duzia de cromos comprovar o que estou a dizer, através da cx de comentarios!” não calharam meia duzia mas calhou um esquizofrénico, que ainda é melhor! beijo e ctinua com este humor fantastico!


Bem, por acaso não estava à espera da “recepção”. Mas é sempre bom andar a fazer isto há uns anos e continuar a ser surpreendido. 🙂
Obrigado.


Pois bem.
Resulta aquilo de escolher o que está a dar que falar através do nº de posts. Escolhi este que já tinha 14 e BINGO!


E tu André fascista de merda atreves-te a não gostar de Saramago logo um nóbel que escreve e pontua tão bem os seus textos assim como as suas vetustas ideias acerca de uma ideologia que segundo vemos tem tantas ou mais hipóteses que o guloso capitalismo selvático que inquina o ocidente?


E qual é o mal do Fuser, o Seabra, o Mello e o Freitas serem a mesma pessoa?
O Sócrates, o primo do filho daquele senhor educado, que diz muitas vezes “pá” nas entrevistas que dá sentado no lugar do pendura, o cabrão que me anda a f#d€r o país, o gajo que aprova projectos “suis géneris” na Covilhã, o bacano que frequentou a Tuna da Independente e saiu de lá Engº, o Ministro do Ambiente, que alterou a RAN do Freeport e o amigo do Jorge Coelho também são a mesma pessoa, e vê lá se já se deu mal?


André! Conheço a morada destes últimos comentadores que se fazem passar por pessoal clínico lá do manicómio. Uma palavra tua e vou cagar-lhes à porta!

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