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Trate da sua imagem

De repente, parece que toda a gente descobriu que existem empresas de consultoria de imagem dedicadas ao marketing político. Foi aí que incidiu um dos ataques do discurso de Manuela Ferreira Leite. Sim, a mesma Manuela Ferreira Leite, vestida de vermelho, inepta assumida do showbiz político, que vemos na foto abaixo a discursar, sobre um fundo verdinho e refrescante (completando assim as cores da bandeira Portuguesa), fundo esse em que está inscrito, em letras garrafais, o nome de Francisco Sá Carneiro. Felizmente que isso não tem nada a ver com trabalho de imagem. O PSD não se mete nessas coisas. É um partido puro, como Deus manda.


Já no noticiário das 21 da SIC Notícias, a primeira pergunta que Mário Crespo fez ao Secretário de Estado da Educação – Valter Lemos – foi mais uma demonstração deste tipo de mentalidade “Sr. Secretário, houve ou não algum trabalho duma empresa de imagem na apresentação destes resultados escolares?”.

E eu acho que sei porque é que as pessoas desconfiam de instituições (políticas, no caso dos partidos) que utilizam os serviços de consultoria de imagem. É porque, lá no fundo, sempre acreditaram que conseguiam reconhecer um aldrabão à distância. Se agora esses malandros começam a encobrir-se com camuflagens sofisticadas e requintes profissionais, daqueles que só se aprendem “lá fora”, está o caldo entornado! Já não se distingue a verdade da mentira, nem o político trafulha do político porreiro. Todos podem ser qualquer coisa.

A grande falácia é que acabamos por assumir, quase inconscientemente, que houve uma altura em que os partidos políticos diziam a verdade. Mas agora, que pagam a empresas de consultoria de imagem, já não se pode acreditar no que dizem. É uma contra-manipulação um pouco ridícula. Quase o mesmo que acusar o vizinho de nos roubar a galinha que lhe roubámos.

Como toda a gente sabe, esta história da imagem é uma coisa nova.
Ninguém usa trabalho de imagem nos produtos de venda pública, por exemplo. As embalagens de detergentes e perfumes são feitas à balda, normalmente pelo sobrinho do criador do produto, que é um puto porreiro e que até percebe umas coisas de computadores.

Os automóveis também não são desenhados com o estilo em mente. Não senhor! Todos eles seguem elaboradas leis físicas de aerodinâmica e nada mais. Se são diferentes uns dos outros, é apenas porque os construtores estudaram em universidades com diferentes graus de exigência.

A moda também não trabalha a imagem. Apenas veste os modelos com os trapos que estavam disponíveis no atelier. (ok, nesta tirada nem custa muito acreditar…)

E as grandes empresas, certo e sabido, não possuem departamentos de marketing. São os directores gerais e funcionários que dão ideias, através de sorteios com rifas tiradas de gôndolas, e que determinam o futuro dos respectivos mercados. (novamente, há casos em que não custa imaginar que é assim que a coisa funcione…)

Eu prezo por não ter côr política. Estou-me nas tintas tanto para a Esquerda, como para a Direita. E também me estou nas tintas para o Acima e o Abaixo. Que visão redutora é essa que só olha para a política num único eixo, se nos podemos estar nas tintas para a política em vários planos?

Mas acho que atacar um partido político por utilizar serviços de consultoria de imagem é demonstrativo do grau de evolução de quem profere o ataque. Dá que pensar. No país em que vivemos, quem é queremos a governar-nos afinal? Aqueles que demonstram que sabem seguir as regras e jogar o joguinho como deve ser? Ou aqueles que preferem agarrar-se a modelos do passado? Cagalhão X modernaço ou cagalhão Y ultrapassado? Ambos cheiram igualmente mal.

Dê por onde der, já sei a quem é que vou oferecer o meu voto nas próximas eleições. Àqueles a que sempre ofereci: aos partidos que têm menos hipóteses de ganhar (não por convicção política. Apenas porque tenho pena deles… coitados, também têm direito!)




e porque não o voto em branco? Porque não existe um movimento cívico que pressione a assembleia da república a regular que os votos em branco devem eleger lugares vazios na Assembleia? (Não quer dizer que tal ideia fosse a algum lado que não começasse por m e acabasse em erda, mas isso não quer dizer que não valha a pena tentar lutar por ela!)Preferia mil vezes pelo menos não andar a sustentar malandros que só precisam de fingir que trabalham no máximo um quinto do tempo que eu tenho de trabalhar a sério para me conseguir reformar…


Essa de eleger lugares vazios na Assembleia parece uma excelente ideia! O problema é que podíamos chegar a uma situação em que os votos nulos se começariam a acumular só pela piada de ver a Assembleia a esvaziar…


…Já é assim, os lugares vazios já lá estão!

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