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Amor animal

O amor está em alta nas sociedades civilizadas. Não apenas entre homens e mulheres, homens e homens, mulheres e mulheres, ou homens e crianças (curioso como na história da pedofilia nunca ouvimos falar de mulheres com crianças, não é?), mas também entre homens e animais.

Mas calma, leitores! Antes que comecem a olhar para o ecran do computador de lado, à periquito, e a pensar “Mau… lá vêm estes tarados com as conversas de sexo com animais… nem sei porque é que ainda leio esta merda!…”, fiquem sabendo que o amor entre homens e animais é possível, sem qualquer grau de perversão.
Ora leiam lá esta notícia sacada do DN de hoje, e descubram que afinal o amor não escolhe idades nem classes sociais… nem espécies!

Na realidade, um pedreiro levar para casa uma javalina nem me parece muito incredível. Mais estranho seria se fosse um corretor da Bolsa. Aquilo que me perturba é o facto do dito senhor ser um caçador em part-time e ter descoberto esta javalina numa das suas caçadas. Será que está já a pensar na monumental churrascada que fará no seu quintal quando o animal atingir a maioridade? Ou descobriu realmente o amor, tendo sido por isso que deixou de criar outros animais?

Seja qual for o motivo, aplaudimos a iniciativa. E gostaríamos de seguir o exemplo.
Pela parte que me toca, quero salvar um animal duma vida de sofrimento e consternação. O único problema é que não sou caçador, por isso vou ter dificuldades em encontrar animais selvagens a precisar de salvação. Comprar um destes bichos numa loja de animais também está fora de questão, pois estaria a alimentar (figurativamente) um mercado continuado de exploração.

Por isso, vou tentar salvar um animal do Jardim Zoológico de Lisboa!
Não quero ser preso por tentar raptar um leão ou um gorila-da-montanha (não me dava jeito nesta fase da minha vida). Vou ter de fazer a coisa duma forma civilizada. Vou pedir, pura e simplesmente. Acreditem, é mais fácil e eficaz pedir certas coisas do que nos darmos ao trabalho de ter de encontrar outras estratégias. Se me tivessem ensinado isto quando eu tinha 16 anos, teria tido uma vida sexual bem mais preenchida…

Eis a carta que enviei ainda agora para a administração do Jardim Zoológico de Lisboa. Espero resposta a qualquer momento:

——

Prezados(as) senhores(as),

O meu nome é André Toscano e sou um homem. Um homem que não tem vergonha de admitir que chora de vez em quando. Um homem verdadeiro que sabe o que é a compaixão e o amor. E que, por isso, gostaria de adoptar um animal selvagem para o criar na sua vivenda em Caxias.

Calculo que recebam cartas destas diariamente. Deixem-me desde já garantir que não sou um louco como os outros. Aliás, não sou louco de todo. Sou apenas um ser humano magnífico que gostaria de descobrir o seu lado mais selvagem. Não há muito mais que os humanos me possam ensinar. Por isso, é o meu desejo obter a companhia dum gorila, leão, urso pardo ou simples camelo. No fundo, qualquer animal que não salte muito (o que excluirá à partida as gazelas), dado que a vedação da minha vivenda não é particularmente alta e agora não me dá jeito construir uma nova.

Gostaria também que soubessem que o animal será muito bem cuidado. Não só tenho uma zona do quintal já destinada à acomodação do bicho, como colei as tigelas de comida ao chão para impedir que se entornem. Acima de tudo, sou um homem arrumado e que gosta das coisas no sítio.

Quero também garantir-vos que os animais não sofrerão qualquer tipo de abuso que os coloque em risco de vida (embora a ideia de levar um leão para uma luta de cães me pareça interessante. Mas nunca o faria).

Sou conhecedor de todos os aspectos comportamentais e práticos de grande parte dos animais selvagens. Facto que pode ser comprovado observando com atenção a foto que vos enviei da minha estante da sala, onde poderão ver as lombadas da colecção animal da National Geographic (formato VHS. Ainda não me converti ao DVD. O video analógico ainda tem qualquer coisa que o digital não tem…).

Fico à espera de resposta da vossa parte para saber como proceder. Agradecia que os animais já viessem vacinados, embora eu tencione assumir quaisquer despesas de cuidados médicos daqui para a frente (minhas e dos animais, portanto). Agradecia também que não se assustassem com o facto de eu trabalhar num matadouro. É graças a esse emprego que eu coloco o pão na mesa todos os dias. E também é graças a esse emprego que possuo um conhecimento mais alargado da anatomia animal (em verdade admitamos: que grande diferença poderá existir entre um boi e um crocodilo?).

Somos todos animais. Uns mais do que os outros, é certo. Não devemos ser privados da convivência mútua e respeitadora.

Cumprimentos deste lado e esperando ansiosamente resposta da vossa parte.

André Toscano

PS: Se enviarem o animal por correio, por favor não se esqueçam de fazer uns furinhos na caixa para ele respirar! Provavelmente saberão estas coisas tão bem como eu, mas nunca é demais mencionar…




Parti-me a rir com a carta. Espectacular =)


Quem não deve ter achado grande piada foi o Director do Zoo.
André, se a tua carta for indeferida, podes sempre optar por apadrinhar um animal. Já viste o que é teres o teu nome na jaula de um animal? Bué de chique.

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