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Referendo ao referendo

Tenho seguido com alguma curiosidade perversa a história do Tratado da União Europeia. Dum lado temos o Governo a tentar escapar-se ao escrutínio semi-alarve da consulta popular. Do outro, temos partidos de Esquerda a puxarem a brasa para a sardinha do referendo.

Basta ter um pouco de calma e chegamos rapidamente à conclusão que o Governo está a tomar a posição correcta. Eu acho que o Tratado deve ser ratificado sem consulta popular. Afinal, o que é que o Zé Povinho percebe destas coisas das Europas? Aliás, não foi Salazar eleito como o “maior português” há relativamente pouco tempo? Então do que se queixam? Ter os arranjinhos feitos nas costas, sem chatices nem complicações, vai ser uma daquelas jogadas quasi-salazaristas que muita saudade vai matar por esse país fora.

E para mais, eu acho que há uma maneira de Sócrates escapar ileso de toda esta história sem comprometer o Tratado de Lisboa. Basta organizar um primeiro referendo antes de realizar o referendo ao Tratado propriamente dito.

A pergunta para esse referendo preliminar seria “Tenciona sair de casa para votar no referendo ao Tratado da União Europeia?”.

Como os resultados seriam vinculativos, e como é óbvio que ninguém tenciona sair de casa para votar (nem no primeiro, nem no segundo referendo), o Governo ganharia legitimidade para não fazer nada, em vez de andar a fugir com rabo à seringa. Saía de toda esta história com a cara lavada e calava a Esquerda duma só vez.

Já que não podemos contar com mais nada, ao menos contemos com a irresponsabilidade abstencionista dos portugueses.
Apenas uma ideia.

Nota: é claro que este post teria muito mais graça se tivesse sido afixado num blog interno do Governo por um dos assessores do primeiro-ministro. Por outro lado, ninguém aqui conhece a minha verdadeira profissão…

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