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A esfera divina

De acordo com declarações de Tarcisio Bertone, o cardeal “número dois” de Bento XVI, o Vaticano está decidido a formar uma equipa de futebol (notícia aqui).

Nestas coisas, manda a prudência ser-se modesto. Por isso, e antes que a euforia se instalasse no seio dos fiéis, o cardeal faz imediatamente a ressalva (numa atitude que acaba por ser pouco característica da Igreja, geralmente mais megalómana): «Não posso dizer que teremos uma equipa ao nível do Inter ou da AS Roma, mas podemos formar um bom conjunto.»
Fica-lhes bem, claro! Mas acho que se poderia ambicionar um pouco mais. Afinal, será uma equipa que terá sempre em campo um 12º jogador. E se é um jogador de peso…
Mas é precisamente aqui que reside o grande dilema. Estará a Santa Sé a ser sensata ao avançar com esta ideia? Estando o futebol como está? É o Apito Dourado em Portugal, são as despromoções dos clubes em Itália por causa da corrupção… Sejamos francos: este é um caso de tráfico de influências à espera de acontecer (por Deus, a sede do clube vai ser na casa do Grande Árbitro!). É só uma questão de tempo até que alguém comece a desconfiar das sistemáticas fulminações de jogadores adversários por raios e afins aquando da cobrança de castigos máximos e outros lances de grande perigo para as redes eclesiásticas.

Ainda assim, creio que vai valer a pena. Não tenho dúvidas que esta equipa irá revolucionar a prática do Desporto Rei. Para começar, os protestos para com o árbitro vão acabar (ou então vão ficar completamente diferentes; qualquer coisa do género de «pela Virgem Santíssima, sr. Árbitro! Foi um corte limpo, valha-me Nossa Senhora! Mostrais-me cartão amarelo?! Judas, é o que sois!»).
Da mesma forma, o comportamento das claques também se modificará: em termos de cânticos, o máximo aceite será, talvez, o Padre Nosso, em vez de “Pinto da Costa! Vai pró caralho!” (primeiro porque eles para lá não devem conhecer o Pinto da Costa, e depois porque cantigas alusivas a falos não serão o mais indicado para louvar a graça de Deus), e o máximo de vandalismo que poderemos esperar dos hoolingans do Vaticano serão umas cruzes e umas passagens da Bíblia escritas a graffitti no metropolitano (e talvez uma ou outra mesquita em chamas, nos dias de jogo grande).

No meio disto tudo, o que deve dar dinheiro é o merchandising. Afinal, este será, imediatamente, o clube de futebol com maior número de adeptos do mundo!




Já os estou a imaginar a pedir desculpa á bola pelos pontapés. E o equipamento? Vamos finalmente ver as perninhas dos Srs. Padres? Ou será que têm de agarrar nas sotainas para não tropeçar? Por um lado é bom: têm as mãos ocupadas e não podem empurrar os adversários.
Vão ser proibidos os sprays, pois devemos aguentar as dores que Deus nos manda.
Proponho que em vez de Taças e medalhas sejam ganhas uma imagem de Nossa Senhora para o 1º lugar, o S.José para o 2º e para o 3º a vaca e o burro.


Estou mesmo a ver a bancada da claque do Vaticano:

– Ó Gabriel! Fecha as asas que eu assim não vejo nada!

– Ó Pedro e Mateus, tirem os halos que o pessoal aqui atrás tambem pagou bilhete!

E caso a coisa corra mal, o S. Pedro pode sempre mandar uns aguaceiros para acalmar os ânimos.

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