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Os nomes que nos damos.

Em alturas de Verão, há quem goste de ir para a praia. Outros preferem o campo. Eu gosto de descobrir os nomes que alguns pais tentam dar aos filhos e que não são aceites pelas conservatórias de registo civil.

Uma visita a uma página específica do site do RNPC (Registo Nacional de Pessoas Colectivas) dá-nos acesso a estas raridades difíceis de encontrar. Clique aqui para aceder a essa página.

As listas fornecidas são curtas e encontram-se desactualizadas. No entanto, são riquíssimas em conteúdo!
Longe de tentar perceber o que vai na cabeça das pessoas que tentam dar estes nomes aos seus filhos, torna-se ainda mais engraçado imaginar os motivos do que compreendê-los.

Assim sendo, há (tentativas de) nomes que não deixam margem para dúvidas.
Camões, por exemplo, não se percebe porque é que não é aceite. Talvez porque Camões só haja um, o dos Lusíadas e mais nenhum.

Em Jodi e Jodie torna-se claro que estamos a falar de pais fanáticos pela conhecida actriz americana Jodie Foster. Em Ingrid vemos o mesmo fenómeno a repetir-se, provavelmente desejo manifesto de algum fã tresloucado do Casablanca. Viviane, apesar de estar mal escrito, parece ser invocador da estilista inglesa Vivienne Westwood (curiosamente, minha prima afastada).
E talvez seja impressão minha, mas Zivan parece-me igualmente prova de fanatismo. Neste caso, fanatismo futebolístico (e com sotaque).

Entre os nomes mais engraçados, temos a simplicidade de Jau e Jess. Parecem os nomes duma dupla de comediantes de filmes mudos dos anos 50. Hoje podiam ser a dupla de glutões devoradores de esterco de um anúncio de detergente qualquer.
Ou a mistura provinciano-latino-toureiro-culinária de Paco Valenciano. Quem é que não gostaria de frequentar um restaurante com um gerente chamado Paco Valenciano?

Para trás ficam também Stiv, Stive e Stiven. Calculo que tenha sido a mesma pessoa a requisitar estes três nomes, provavelmente para facilitar, num futuro próximo, o chamamento para a mesa dos seus recém-nascidos trigémeos.

Quem teve de ir cear ou pastar para outras freguesias foram aqueles que quiseram chamar Ceara ou Seara às suas filhas. Não se percebe porquê. Será por causa das problemáticas do cultivo de produtos geneticamente modificados?

E depois há nomes que é uma pena perderem-se. Não pela sua piada, mas porque funcionam muito bem com os nomes imediatamente consecutivos. Um desses exemplos compostos seria Lester Lúpus, qual versão portuguesa do arqui-rival do Super-Homem Lex Luthor. Outro exemplo deste fenómeno será Sindi Sophia. Com um nome destes, alguém é capaz de me dizer que raio de posição é que a Sindi Sophia não poderá assumir na nossa sociedade?!
Já o Acúrcio Akira não poderá dizer a mesma coisa, apesar de ser um nome espectacular para um personagem duma animação Manga.

É pena Ginja também ter sido rejeitado. Seria demais para o nome duma dona dum café ou, melhor que isso, uma directora de um grupo de alcoólicos anónimos!!
Nelcon seria um nome excelente para um empresário de telecomunicações bem sucedido. Eu seria cliente vitalício da Nelcon Enterprises a qualquer momento!

A lista prossegue por aí abaixo. Teoricamente, deveria haver uma lista destas, com os nomes recusados, todos os anos. Infelizmente, a lista pública mais recente data de 2001. Mas nós percebemos. É da crise. Nem sequer há orçamento para a imaginação.
Ou então os funcionários das conversatórias guardam os melhores nomes para eles, divertindo-se em festas privadas swingers em casa uns dos outros, onde se tratam pelos nomes de código que se encontram nas listas e desenvolvem fantasias sexuais baseadas neles. (ou então é a minha imaginação a falar mais alto)

Se é verdade que o nome ajuda a limitar ou favorecer um posto de trabalho, de acordo com algumas das descobertas de Steven Levitt (Freakonomics), então está na altura das Conservatórias começarem a tornar-se mais tolerantes e permissivas. Há nomes que não se deviam perder. Portugal tem de andar para a frente. E como é que o vai conseguir sem a Belânia, o Granger e a Matsia?




É melhor nem falar nos sobrenomes…..


Lester Lúpus????
ahahahahaah
que horror…. uma criança ter o nome de uma doença auto-imune é tramado!


O meu comentário, embora possa paracer que não, é, também, sobre nomes. Há um lapso(?), quase no fim do texto, que transforma os sacrificados trabalhadores em “funcionários das conversatórias”.
Tenho que reconhecer que é uma designação bem “arrancada”. Pode ser desconhecida do Registo Nacional de Pessoas Colectivas, mas merece fazer parte dos melhores dicionários como sinónimo de local onde se encontram vários funcionários públicos.
Eu, fp, vou, imediatamente, pedir transferência para onde quer que haja uma Repartição Conversatória.
Obrigado, André.


Obrigado pelo reparo.
Eu até ia trocar o conversatória por conservatória. Mas a verdade é que conversatória está correcto, uma vez que o que aquela malta mais faz é andar na conversa o dia todo…


Engano meu ou a espanhola está a gozar com os apelidos de Toscano e Troviscal?

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