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Favas guisadas com toucinho

– Desculpe… Faz favor?!

– Diga, diga…

– Olhe, eu já estou aqui há um bom bocado. Já fiz o meu pedido há uns quarenta minutos, e ainda estou há espera que me tragam o almoço…

– Ah, lamento… Não sei, se calhar há algum atraso na cozinha. Já agora, o senhor pediu que prato?

– Foi uma de favas guisadas com toucinho. Mas veja lá se me despacha isto que eu tenho de pegar ao trabalho daqui a pouco, e o chefe já anda de olho em mim por causa lá de um relatório de contas ou que é.

– Compreendo, mas o problema está mesmo no prato que escolheu: as favas guisadas com toucinho demoram mais um bocado a sair.

– Então, mas estão aqui na lista como um prato do dia! Os pratos do dia não são os mais rápidos?

– Em situações normais, sim. Mas com as favas guisadas com toucinho é diferente…

– Diferente é pouco! Até já acabei a garrafa de Monte Velho que pedi! Traga-me lá outra se faz favor! Ah, aquele relatório vai ficar uma beleza… Ah se vai! Mas afinal, porque raio é que arranjar uma dose de favas guisadas com toucinho demora tanto tempo?

– Meu caro senhor, estamos a falar de um procedimento moroso e complicado…

– Moroso e complicado? Arranjar uma travessa de favas? Essa é boa…

– Percebo que para uma pessoa não iniciada, e digo-lhe isto com o devido respeito, na lide de bastidores do mundo da restauração, a preparação de uma dose de favas guisadas com toucinho pareça algo de trivial. A realidade, contudo, é bem diversa…

– Eh pá, mas oh meu amigo, que dificuldade é que pode haver em agarrar numa travessa, e espetar-lhe umas colheradas de favas de dentro do tacho?!

– Pessoalmente, acho insultuoso que o senhor tenha o descaramento de sugerir uma coisa dessas! Olhando para si, não se adivinharia tal reacção! De um homem que, inclusive, está encarregue de relatórios de contas, esperar-se-ia mais!

– Está a brincar comigo, não? Se não é à colherada é com uma concha! Se calhar, vai-me dizer que confeccionam cada dose individualmente… Poupe-me! Eu não cheguei onde cheguei sendo ingénuo. Ou julga que pedem a qualquer um para elaborar um relatório de contas?

– As nossas doses são feitas todas ao mesmo tempo, na mesma panela, durante a manhã. O que me choca é a maneira abrutalhada com que trata o delicado processo de preparar em condições uma travessa de favas guisadas com toucinho…

РMas ṇo se resume a isso? Tirar do tacho e p̫r na travessa?

– Se calhar, nas tascas e casas-de-pasto a que o senhor está habituado, as coisas são feitas dessa maneira. Mas aqui não! Nós tratamos as favas com carinho e respeito. Para nós, não há duas favas iguais!

– Isso é tudo muito bonito… Só é pena é eu estar cheio de fome e com pressa. Mas afinal, o que é que vos distingue das tais “casas-de-pasto”?

– Ah, é que, no nosso restaurante, as favas são… Contadas! São favas contadas!

– Está a brincar comigo outra vez…

– Ora essa! Com favas guisadas com toucinho não se brinca! É a mais pura das verdades: nós aqui contamos, uma por uma, as favas de cada dose. Aliás, pode confirmá-lo. Quando chegar a sua dose, veja lá se não estão na travessa 93 favas.

РMas algu̩m se importa com isso?

– Sim senhor! Não queira saber a confusão já houve por causa de más contagens. Não queira o amigo ver um homem enfurecido por se sentir enganado quanto às suas favas! Nós, em tempos, tivemos aí um aprendiz de cozinha que nem lhe conto! Ainda pensámos que era por falta de atenção, ou que era por ter tirado a quarta classe à noite, mas depois viemos a descobrir que andava a desviar as favas para a uma caçarola Suiça. Suiça, veja lá! Nós com caçarolas tão boas, com barro vidrado e tudo…
Em todo o caso, chegamos a ter de chamar a polícia por causa disto! É por isso que nós, agora, conferimos sempre as favas. Contamo-las, e depois contamo-las outras vez!

– Eh pá, pois, mas eu não quero saber! Diga lá na cozinha para eles me meterem umas poucas numa travessa, ao calhas. Eu não as vou contar! Não me interessa se são 93, 81 ou 107.

– Olhe, já não vai ser necessário porque aqui estão elas! Ora, dê aí um jeitinho, se faz favor… Chegue aí o cestinho do pão para o lado… Ora, aí está! Bom proveito. De certeza que não as quer contar?

– Não! Tenho um relatório de contas para fazer, por isso vou já atacar!

РEnṭo e que tal? Boas, as favitas?

– Não… Estão frias.




epa ninguem conta favas…se as favas chegassem ao meu prato frias eu enfiava as favas num sitio que eu cá sei..
…no baldezinho do lixo é claro

continuem com o blog que até está engraçado


É caso para o mandar às favas!


Nitidamente, “saiu-lhe a fava” com este restaurante.


Depois de um tempo de silêncio a meditar sobre o flagelo do plágio, deparo-me agora com a também muito fraca qualidade humorística aqui presente. A algum tempo atrás fui a um funeral que despertava mais sorrisos do que ler estas linha fracas e, quem sabe, também plagiadas.
Fico com a sensação que se eu comer favas guisadas, a substância que mais tarde me irá sair pelo recto será de maior qualidade que este humor.
Em vez das campanhas contra os incêncidos, deveremos todos dizer não ao plágio. Eu digo não, e tu? Tu, é claro, não dizes não. Senão também estarias a plagiar-me.
Um grande abraço carinhoso de alguém que é sincero contigo.


Muito lhe agradeço a construtiva crítica. Calculo que tenha sido difícil afastar a sua mente por alguns momentos desse assaz fascinante assunto que o plágio, para me dedicar estas linhas… Muito seriamente, já considerou procurar ajuda profissional? É que é assim que estas coisas começam: ganham-se umas obsessões inócuas, como a de avistar plagiadores em cada esquina e, quando der por si, já anda a contar quantos fósforos estão na caixa e o número de vezes que o seu vizinho do rés-do-chão puxa o autoclismo. Enfim, é um conselho de amigo que lhe dou…
Demais a mais, é algo triste ver que alguém que, como diz, empregou tanto tempo neste assunto, ainda não tenha conseguido perceber o que plágio realmente é.
Mas peço perdão por estar a maça-lo com um assunto que, evidentemente, é muito sensível para si. Voltemos ao que importa: o meu texto.
Quero, desde já, penitenciar-me pela fraca qualidade do mesmo (mas também nunca dissemos, neste site, que tínhamos qualidade). É sempre muito chato defraudar as expectativas dos nossos leitores. Principalmente daqueles que sempre nos apoiaram incondicionalmente. A minha inocente rábula sobre favas, com efeito, não chega aos calcanhares das pérolas humorísticas que tem a bondade de nos deixar nos comentários de quando em vez. Senão vejamos: em todas as inconsequentes linhas do meu escrito, não havia uma réstia da genial, ainda que subtil, crítica social à questão dos incêndios florestais. Genial e original (curiosamente, é um assunto que já abordamos neste site algumas vezes). Da mesma forma, não se adivinhava no meu texto o humor extremo e escatológico que, de forma tão brilhante, dá cor ao seu comentário. Realmente, não há nada como o humor com fezes! Eu devia ter adivinhado que o nosso amigo era desses! Afinal, com um nome como Cagay, só podia! Mas tenho boas notícias para lhe dar: nós também já escrevemos umas coisas a envolver excrementos! Aliás, há até toda uma série de textos dedicada ao assunto (“Humor de Casa de Banho”)! Procure aqui no motor de busca ao lado que é capaz de encontrar por lá humor mais condizente com o seu gosto (não me interprete mal: não quero com isto insinuar que o caro amigo gosta do sabor a merda).
Enfim, só me resta pedir desculpa novamente, e garantir-lhe que, no futuro, me esforçarei por produzir escritos mais dignos da sua atenção.
Já agora, fica a pergunta que é também um desabafo de alguém que se sente mais pobre: porque é que o Jeremias Cagay não cria, ele próprio, um blog ou um site onde possa oferecer ao mundo a sua ímpar visão humorista? Porque haveremos de continuar privados do trabalho de alguém que, nitidamente, é um visionário do humor? Jeremias, porque não crias tu (espero que não te importes que te trate por tu; afinal, somos amigos!) um site, destes onde as pessoas podem comentar amigavelmente o que lá é escrito, e escreves o humor verdadeiramente engraçado? Já viste, podias escrever sobre coisas tão divertidas como as mortes dolorosas de plagiadores, ou sobre pessoas que gostam de comer cocó!
Sou sincero contigo: eras capaz de ter jeito.


Era como dizia a Heidi: temos de ter sempre uma pita ranhosa de serviço! Agora calhou-nos um puto com a mania que tem graça e que não se cala com a treta do plágio. Confesso que até achei piada às primeiras intervenções (o tema estava quente e pronto, perdoava-se), mas agora começo seriamente a pensar se mantemos ou não os comentários livres na próxima versão do site…


Já lá vão 13 dias e… silêncio absoluto. Será que foi de férias ou está tudo a rir no funeral dele?
Nota: ESTOU A FALAR COM O ANDRÉ.

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