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A idade da “Pedra Arruaçada”

Caros(as) leitores(as),
tenho o prazer de informar que, de acordo com o exemplo dado por Fernando Ruas, Presidente da Câmara Municipal de Viseu (clique aqui para ler a notícia no DN), decidi elaborar melhor o seu conceito e desatar à pedrada a tudo o que é funcionário do Estado!

Fernando Ruas apenas incita o lançamento de projécteis de origem geológica a fiscais do Ministério do Ambiente que multem obras de Juntas de Freguesia. (já agora, ele usou mesmo a expressão “correr à pedrada”. A história do “lançamento de projectéis de origem geológica” é apenas uma paneleirice minha…). Mas eu decidi ir um pouco mais além.

Por isso, numa tentativa de salvaguardar a integridade física de algumas cabeças porque, em última instância, até pode haver por aí alguma funcionária pública jeitosa com quem me poderei vir a ajuntar (e partir-lhe a cabeça não seria um bom começo de relação), deixo aqui alguns conselhos aos funcionários públicos com que me deparo frequentemente.
Sr. Funcionário público, siga estes conselhos simples e pode ser que veja os restantes jogos do mundial sem necessitar de um saco de gelo encostado ao canto da testa.

Conselho para o funcionário da Repartição de Finanças

O facto de você trabalhar naquilo a que se costuma chamar o O.L.R.C.P.C. (Organismo Legal para o Roubo Controlado das Poupanças do Cidadão, vulgo fisco) não significa que o dinheiro vá parar ao seu bolso. Por isso, aconselho-o a esconder esse sorriso idiota que tem permenentemente emplastrado no canto do lábio.
Uma banda sonora a tocar a Marcha Fúnebre de Chopin também não seria mal visto. Sempre nos prepararia melhor para o evento, tal como nos filmes de terror.

Projéctil aconselhado para este funcionário: as repartições de finanças, apesar de mexerem em dinheiro, não costumam estar policiadas. Por isso, atreva-se a levar um projéctil de grande porte, como um tijolo ou mesmo um bloco de cimento;

Conselho para o inspector fiscal

O inspector fiscal é metediço, gosta de se intrometer na nossa vida, inquirir-nos sobre coisas que só a nós dizem respeito e insiste constantemente que as facturas das table dances que frequento na Passerelle não contam como despesas de saúde.
Sr. Inspector, para si o conselho é simples: não se meta na minha vida, e eu não me meto na sua.

Projéctil aconselhado para este funcionário: dado que este inspector nos visita ao domicílio, a escolha do projéctil fica ao gosto do freguês. Como queremos preservar a nossa mobília e os nossos electrodomésticos, aconselho um calhau de calçada ou qualquer coisa com superfícies rectas, de modo a não fazer ricochete ou ganhar efeito num ressalto;

Conselho para o funcionário dos CTT

Na realidade, os CTT são uma empresa interessante e que presta serviços incrivelmente úteis para os preços que pede. Basta imaginar que, por meia-dúzia de cêntimos, podemos enviar uma carta ou uma encomenda para qualquer parte do planeta. É obra!

Por isso, srs. Funcionários dos CTT, neste caso especial íamos abrir uma excepção à Lei da Pedra. Os senhores poderiam – também – estar munidos de calhaus diversos e projectá-los certeiramente para os utentes que vos incomodam com perguntas cretinas e absurdas.
Por outro lado, os vossos carteiros cometem falhas estrondosas. Um exemplo será deixarem um aviso a dizer que “tocaram à porta mas ninguém atendeu”, obrigando-nos assim a ir à estação dos CTT mais próxima, mesmo apesar de nunca terem tido a encomenda na sua posse aquando da suposta entrega.

Por isso, vamos abrir uma situação de excepção.
Os CTT poderão alvejar os seus utentes, tal como os utentes poderão alvejar os funcionários dos CTT, mas apenas utilizando conchas de amêijoas e uma fisga!
Assim a intenção fica estabelecida, mas sem os prejuízos corporais que daí poderiam resultar.

E se é verdade que uma obra de arte só se completa quando o espectador a observa (uma desculpa muito utilizada por artistas merdosos), fica em aberto – para os leitores do DQD – que possibilidades adicionais poderão existir dentro desta modalidade.

Não queria terminar este artigo sem deixar um voto de parabéns ao Presidente da Câmara de Viseu, Fernando Ruas. O seu exemplo perdurará e será seguido por muitos, espera-se. De facto, porquê plenários, assembleias gerais, problemas de quórum e todas essas tretas burocráticas quando tudo se pode resolver através do arremesso da pedra? Curiosamente, isto pode até significar uma regressão à idade da pedra. Não será da pedra lascada, mas talvez da pedra arruaçada.




e aqui cabe dizer que quem alguma vez teve essa vontade que atire a primeira pedra


Quem nunca atirou que atire agora, uma grande oportunidade declarada por um “funcionário público”. Quem melhor que alguém “do povo para o povo” para nos dar esta oportunidade?


E é ele o presidente da Associação de Municípos Portugueses…

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