siga-nos nas redes
Facebook
Twitter
rss
iTunes

A imprensa e o insulto

A polémica com a imprensa escrita tem andado, nestes últimos tempos, nas bocas do mundo. A publicação de caricaturas do profeta Maomé gerou reacções inflamadas do mundo árabe, e lançou a discussão no ocidente. No entanto, enquanto uns argumentam com a liberdade de expressão, e outros respondem com o respeito inter-cultural, o mundo dos jornais (talvez animado por toda esta confusão) continua a apostar em artigos insensíveis e polémicos.
Desta feita, coube ao Correio da Manhã que, na edição de hoje, publica, servindo-se de um tom jocoso e brincalhão, aquela que será, para muita gente, a notícia-choque do mês. É na parte inferior da página 14 que se relata a pungente e – direi mesmo – trágica história da dramática luta de um nabo gigante pela vida.
As letras gordas ainda mantém a decência e a seriedade que um tema destes merece: «Japão reza pela vida de nabo gigante» (e, em letras mais pequenas, «Vegetal entre a vida e a morte está a comover um povo inteiro»). No entanto, o artigo não tarda a descambar na comicidade insensível e gozona… Como pode isto ser, Srs. jornalistas?! Um homem capaz de brincar com uma situação destas, ou não tem coração, ou nunca experimentou as delícias espirituais que uma pequena horta pode proporcionar! Queira o destino que os espíritos trocistas nunca desenvolvam uma relação afectuosa com um nabo gigante, para que depois não tenham de sentir na alma a aguda dor e angústia profunda de se verem privados da sua companhia… E quem diz nabos (gigantes ou não), diz qualquer outro vegetal. Há, inclusivamente, casos de pessoas que desenvolvem uma empatia de tal forma exacerbada com os vegetais (geralmente cenouras e outros de formato semelhante), que levam a relação a níveis, digamos, mais íntimos e físicos. Não digo que seja necessário chegar a tanto: é perfeitamente possível manter uma relação completamente satisfatória com um vegetal, não saindo do campo do estritamente platónico.
Mas voltemos aos factos: o cenário é a pacata cidade de Aoi onde, em Julho passado, um solitário nabo nasceu num passeio. Tendo-se desenvolvido até proporções fora do habitual, este nabo depressa cativou (seguramente devido ao seu carisma e personalidade cativante) a população local. Tudo parecia uma narrativa saída do mais belo e inocente conto de fadas até que, inesperadamente, o horror tomou o lugar da felicidade generalizada: num acto tresloucado, um nativo encetou aquilo a que o CM chamou de “tentativa de homicídio” (expressão que, sendo evocativa da real dimensão do acontecimento, peca por incorrecta: o termo exacto seria, obviamente, “nabicídio”), deixando o amável vegetal às portas da morte. Desde então a esta parte, os cientistas do Centro de Pesquisas Agrícolas de Aoi têm encetado uma hercúlea luta, tentando resgatar o sobre-desenvolvido nabo ao seu anunciado fim. Neste momento, os “prognósticos são reservados”, pelo que os cientistas não se têm poupado a esforços para extrair de “forma segura” sementes ou amostras de ADN que permitam assegurar descendência ao nosso herói.
Estes trágicos acontecimentos mostram, com uma brutalidade inescapável, a questão que urge colocar: como poderão as sociedades contemporâneas lidar com estes indivíduos que, num óbvio momento de desnorte, são capazes de levar a cabo actos tão infames como o relatado? É fácil descartar o problema, apontando como razões a criminalidade, ou mesmo um qualquer mal mais ou menos metafísico. Mas enquanto este tipo de visão prevalecer, os avanços serão poucos ou nenhuns. Trata-se, isso sim, de uma patologia de ordem psicológica, fruto de uma obsessão extremada, de um fanatismo. São pessoas doentes que devem de ser reconhecidos pelo mundo clínico (e pela sociedade em geral) como tal. Quantos mais actos desta índole terão de ocorrer até que se faça alguma coisa? Primeiro o John Lennon, agora o nabo gigante de Aoi: é altura de acabar com a loucura!
Talvez venha o dia (e eu espero viver o suficiente para assistir à sua aurora) em que, finalmente, vegetais e homens possam partilhar o mundo num espírito de harmonia… Resta-nos esperar que esse dia não tarde!




Eu tive a infelicidade de ler esta notícia horrível e isso fez-me recordar o maior desgosto da minha vida quando o meu querido e saudoso pepino ficou em coma durante um mês acabando por falecer na Escola Agrícola de Runa. Também esteve, tal como o nabo, em total estado vegetativo. Senhores jornalistas insensíveis, não dêm estas notícias em tom jucoso ou irem fazer uma manifestação em frente ao Jornal com mais 600.000 pessoas que passaram por estes desaires. Agora vou carpir desenfreadamente.


Errata: No 1º comentário onde se lê “irem” deve ler-se “irei”


Já agora, fica o agradecimento à leitora Heidi por me ter chamado a atenção para esta escandalosa notícia.


Se andam sem nada que fazer, têm de dar um salto até este BLOG. Dá para rir, comentar, rir, comentar…enfim é um BLOG.
http://alienscorner.blogspot.com/


Um vegetal, mormente os gigantes, mudam vidas… Quem nunca deu por si a descarregar a fúria num vegetal alheio quando tudo o que desejava era o seu mais chegado vegetal há muito desaparecido no sistema digestivo de um carrasco vegetariano que teima em não olhar para as peculiaridades dos seres hortenses. Pois é, apesar de não possuírem o poder de fugir e de se moverem neste largo planeta, os hortenses também têm o direito de desfrutar da sua relação com o ambiente, com a vida e, merecidamente, com todos os outros seres. Junto-me a todas as manifestações que aclamem palavras de ordem que apelem ao fim das máquinas de guerra que se movem entre os seres hortícolas. Não se esqueçam nunca: todos temos um vegetal dentro de nós: uns têm tomates; há quem tenha a autêntica fragrância de uma bela couve, existem também aqueles que nascem alfacinhas, outros têm melões no aparelho circulatório (refiro os frutos por também merecerem uma palavra de apreço) e há os genuínos amantes dos vegetais que ao longo dos seus dias se tornam autênticos nabos ou nabiças ou afins.


Fiquei em pânico só de imaginar de, em vez de um nabo, ter um tomate a morrer-me.


Eu discordo de tudo. Afinal para que precisamos desses “vegetais”, sempre a explorar-nos com as suas exigências, mais terra, mais água, não trabalham, só sabem reproduzir-se. E são muito esquisitos, não se dão bem em todo lado!! Sempre com as suas falsas moralidades, “nós fazemos bem!”. Porcos e imundos.
Eu digo, Abaixo os Vegetais!!

Deixe o seu comentário