siga-nos nas redes
Facebook
Twitter
rss
iTunes

Humor de casa-de-banho III

Um dos temores mais recorrentes do indivíduo contemporâneo (pelo menos, falo por mim), é o de ser assaltado por aquela bem familiar, e infelizmente irresistível, vontade de usar uma casa-de-banho, quando está afastado da segurança do seu lar. Se eu tiver de utilizar uma casa-de-banho pública, sinto imediatamente um certo desconforto, independentemente daquilo que vá lá fazer. No entanto, se a minha visita a tais antros de repugnância estiver relacionada com alguma intensa e/ou repentina actividade intestinal, o desconforto depressa passa a horror.
A título de exemplo, olhemos para as casas-de-banho dos centros comerciais. Estas instalações sanitárias são como que sacros altares a esta sensação de repulsa. Mesmo que sejam limpas várias vezes ao longo do dia, continua a ser difícil (impossível?) encontrar uma que não nos cause algum asco.
Um dos aspectos mais determinantes para este nojo que sentimos, é o facto de as casas-de-banho dos centros comerciais, salvo raras excepções, não terem piaçabas. Durante muito tempo, isto inquietou-me. «Porque – pensava eu – não têm estas casas-de-banho nada para limpar a sanita? Que interesse poderão ter os administradores deste centro em proporcionar aos seus clientes o raro espectáculo de fezes ressequidas agarradas às paredes das suas latrinas?». Ainda por cima, a solução afigurava-se tão simples: um modesto piaçaba em cada cubículo talvez não eliminasse o problema por completo, mas seria seguramente um grande passo em frente. Então, porquê? Porquê?! Qual a razão para sermos forçados, naqueles momentos já em si complicados, a criar a imagem mental de uma badalhoca orgia em que, na alvura de uma loiça Sanitana, as nossas fezes se misturam com as fezes alheias num doentio bailado?
Finalmente posso dizer, aliviado, que descobri a explicação para este mistério! Soube-a de fonte segura, e devo dizer que, dado o seu carácter óbvio, me deixou completamente desarmado. Parece que, afinal, as administrações dos centros comerciais chegaram a fornecer as suas casas-de-banho com piaçabas; só que, inevitavelmente e ao fim de algum tempo, estes desapareciam sem deixar rasto: eram roubados.
A natureza humana não cessa de me surpreender… Que tipo de pessoa rouba um piaçaba de uma casa-de-banho pública? Que tipo de personalidade insana e perversa é que é capaz de levar a cabo semelhante plano? Só pode ser pelo gozo, porque – com franqueza – estamos a falar de um piaçaba! Haverá alguém com tamanhas dificuldade financeiras que, na impossibilidade de comprar este rudimentar aparelho de limpeza, se veja obrigado a seguir a via imoral do roubo? E, mesmo admitindo que haja, porquê roubar um já utilizado em incontáveis dejectos das mais variadas proveniências?
Por isto, não tenho dúvidas que tem de haver uma qualquer finalidade lúdica a servir de fundamento a este acto. Mas mesmo isso deixa-me intrigado… Será pela adrenalina do acto? Será pelo respeito granjeado junto dos pares («Hoje roubei um piaçaba usado! Duas palavras descrevem-me: “bad-ass motherfucker”.»)? Será que há por aí todo um submundo de coleccionadores de piaçabas? Lembram-se daquele pessoal que, há uns anos, fazia colecção de símbolos de marcas de automóveis, arrancados directamente dos carros? Será que há por aí gente que faz o mesmo, mas com piaçabas de centros comerciais? Será que ainda me vai acontecer, um dia, ir a casa de um qualquer conhecido e ele, com o peito inchado de orgulho, abrir perante os meus olhos um armário, revelando a sua faustosa colecção de piaçabas? «Este é um Amoreiras de 91! – dirá – E este é do Colombo, da casa-de-banho da área da restauração…».
Outra coisa que me preocupa é o facto de este tipo de acto, seja ele motivado por que razão for, ter de ser premeditado. Não me parece possível que haja aqui o factor de impulso de um “cleptomaníaco escatológico” (quando estes casos começarem a ser estudados nas universidades de Psicologia por esse mundo fora, lembrem-se onde é que leram o termo pela primeira vez) que, enquanto está sentado na sanita, pensa de repente «Vou levar este belo piaçaba!». Afinal, trata-se de um objecto ainda algo volumoso e que não passa despercebido com facilidade. Um indivíduo a sair de uma casa-de-banho com um piaçaba usado na mão dá nas vistas, e mais nas vistas dará quando andar a passear pelos corredores do centro: quanto mais não seja, algum segurança há-de vir reclamar com o meliante por andar a pingar o chão com aquela singular mistura mais ou menos líquida que se encontra no fundo de uma sanita. Por outro lado, escondê-lo debaixo da camisola ou do casaco também não me parece uma opção muito agradável (embora estejamos a falar de pessoas que não têm problemas em roubar semelhante coisa e, por isso, seja algo difícil descobrir os limites desta gente). Assim, parece-me seguro afirmar que, quem se dispõe a levar a cabo este demente empreendimento, tem de ir munido de antemão com qualquer recipiente para colocar o saque.

Termino com um apelo: a Cleptomania Escatológica é uma doença que pode ter consequências profundas na vida social de todos aqueles que por ela são afectados. Se você sofrer, ou conhecer alguém que sofra, desta doença, não hesite em contactar pessoal especializado.




Eu sou a favor da pena de morte.


Hesito em pensar que trabalho comunitário em esgotos municipais, dois pais-nosso e a reposição total dos referidos objectos de higienização sanitária saqueados, não sejam a intervenção mais rígida e coerciva de modo a minorar este flagelo (que parece crescer a olhos vistos, através da sinergia de grupos da esquerda, do centro e da direita dos santuários comerciais).

Contudo há que exigir o debate profissional e dedicado aos candidatos à Presidência da República, merecendo até novos debates telivisivos para o efeito. As pré-campanhas podiam apostar em percursos eleitorais pelos centros de consumo; visitando casas de banho; cumprimentando cidadãos acabadinhos de urinar ou de levantar as calças; identificando as consequências sociais que afectam os utentes que são forçados a assistir a dejectos e massas de textura viscosa e encarquilhada, com elevado grau de toxinas e de possível violação do Tratado de Quioto.

Os sanitários públicos já não são o que foram, se é que alguma vez foram…aroma a rosas acabadinhas de colher, sanitas macias e ajustáveis ao nosso diâmetro, pequenas e delicadas borrifadelas de pó talco para quando a coisa complica e até piaçabas esterilizados, de uma só utilização…Antes fosse verdade…

Bom trabalho “Diz que disse”
Patrícia M.
http://pimentacaseira.blogspot.com/


Acho que os piaçabas deviam sindicalizar-se, ou organizarem-se de qualquer outra forma. É necessário cessar com tal violação grosseira dos seus direitos. Um piaçaba não pode, NEM DEVE ser retirado do seu habitat natural!


Por falar em Amoreiras… eheh.. pois é, cá estou eu para vos lembrar do prometido.. é já nesta 3ªfeira (dia 10). Lá estará o grande grupo de jovens à espera para entrar para a oração.. será que nos vão presentear com a vossa presença? eheh 🙂


Mon dieu…

Uma coisa é certa… é verdade que n era tal coisa… mas num dos melhores ginásios de Lisboa… onde se pagava o couro e o cabelo e alguns… as “toalhinhas” sumiam que nem água! Milhares delas…!!


Roubar os piaçabas das casas de banho… nojento… só dá para exclamar: um nojo!! Vai-se lá roubar os piaçabas das casas de banho dos outros! Esta terrível verdade dos roubos dos piaçabas só mostra a decrepitude das teias malignas que teimam em sufocar a nossa sociedade. E ainda mais assusta a possibilidade de estes larápios actuarem de forma organizada, usando métodos que os encobrem enquanto procedem às suas repugnantes acções, só assim se justifica o facto de ainda não terem sido revelados alguns dos autores de forma a serem apupados por todos aqueles que gostavam de lhes demonstrar o quanto os seus feitos são perversos. Já agora lanço uma dúvida: será que usam os piaçabas como escova de dentes? Se são capazes de os roubar, penso que fariam qualquer coisa com eles.

As minhas mais cordiais saudações…


se gostam de saber sobre as atrocidades vividas por piaçabas visitem o nosso blog.
e como nao poderia deixar de ser, parabens pelo blog…original ni mínimo!

Deixe o seu comentário