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Ir ao Spa

Escrever para o DQD pode ser uma actividade bastante cansativa, desgastante e stressante. É por isso que eu não dispenso certos cuidados comigo mesmo: o obrigatório Actimel pela manhã, e a ocasional visita ao Spa do meu bairro (qualquer bairro tem um Spa; e se não tem, devia de ter!). Numa das minhas últimas visitas, constatei que tinham introduzido uma nova terapia no cardápio. Tanto quanto percebi, é uma terapia que envolve a aplicação de algumas pedras em zonas específicas do corpo (especialmente nas costas). Não fixei o nome, mas deve de ser qualquer coisa como “seixoterapia” ou “calhauterapia”. Seja lá qual foi o nome que lhe deram, a verdade é que esta é uma ideia vencedora, embora não seja grande novidade: os poderes terapêuticos das pedras já são conhecidos desde a antiguidade, mais precisamente, desde a altura em que se instituíram as mortes por apedrejamento. Esta salutar prática proporcionava amplos benefícios de saúde, não só para os apedrejadores (nada melhor para aliviar o stress do quotidiano do que atirar com uns valentes calhaus aos costados de um gajo qualquer!), mas também para os apedrejados que, caso sobrevivessem à sessão, sentiam-se nitidamente revigorados. Aliás, esta prática foi sendo gradualmente abandonada à medida que se foi tornando evidente que havia muito boa gente a faltar ao respeito à divindade vigente, só para poderem ser “condenadas” a um apedrejamento…
Em todo o caso, o facto de haver por aí pessoas capazes de pagar bom dinheiro para lhes porem umas pedras em cima das costas durante um bocado, fez-me pensar que isto dos Spas é bem capaz de ser um bom negócio. De tal forma que estou seriamente a considerar a hipótese de abrir o meu próprio Spa. Mas atenção: quando eu abrir um Spa, apostarei em terapias novas e revolucionárias. Terapias únicas no mercado, inexistentes em qualquer outro local. Será, por assim dizer, um “Spa alternativo”. Eis algumas das terapias em que pensei:

Palhaçoterapia: Parecido com a Talassoterapia, mas em vez de uma máscara de algas, utilizam-se pinturas circenses. No final de cada sessão, e num esforço de colaboração ímpar com o Chapitô, os clientes terão ainda direito a uma aula de introdução ao malabarismo com 3 bolas. De resto, foi da constatação da espantosa tez da palhaça Tété que nasceu este conceito da Palhaçoterapia. Preço por sessão: 190 euros.

Minimalistoterapia: Uma forma de terapia que consiste em fazer o cliente deitar-se numa maca, e depois deixá-lo lá ficar durante uma hora sem fazer absolutamente nada. Esta forma de terapia pode, a início, parecer estranha; contudo, tem uma taxa de eficácia semelhante (senão mesmo superior) à da terapia com pedras (sim, porque pedras, nas mão erradas, podem fazer mais mal que bem). Tem qualquer coisa a ver com um tratamento holístico, um sentimento zen de despojamento. Preço por sessão: 220 euros (para que também a sua conta bancária possa experimentar um sentimento zen de despojamento).

Terapia da Rainha: O elemento-chave nesta terapia são os Palitos de La Reine. Mas não se pense que isto envolve algo como a ingestão alarve de grandes quantidades desta especialidade de pastelaria; não! Os Palitos de La Reine têm, aqui, uma finalidade totalmente diversa e revolucionária: servem para aplicação directa. Com efeito, a textura rugosa, ou mesmo algo áspera, destes bolinhos faz maravilhas em termos de esfoliação da pele. O suave esfregar dos palitos na pele, alternado com hábil percussão dos mesmos, garante resultados extraordinários. Mas atenção: a Terapia da Rainha, dada a sua especificidade e o seu elevado nível técnico, não pode ser administrada por qualquer um. É por isso que já estou em negociações com um mestre pasteleiro com uma experiência na arte superior a vinte anos e que, por isso, tem grande familiaridade com os “palitos terapêuticos”. Preço por sessão: 180 euros (com palitos fresquinhos a cada aplicação).

Enyoterapia: Há já vários anos que os efeitos paliativos da música da Enya são conhecidos. No entanto, e lamentavelmente, esse potencial terapêutico nunca foi devidamente aproveitado. Esta nova terapia aposta numa exposição prolongada aos sons relaxantes e agradáveis harmonias desta artista: em cada sessão, o cliente será comodamente instalado, para depois ouvir calmamente a discografia completa da Enya. Dado que se verificou haver alguns (poucos) casos de alergia a esta terapia, ela realizar-se-á numa sala com paredes completamente almofadadas. Preço por sessão: 240 euros (são sessões longas e sempre temos de pagar royalties à Enya).

Enxertoterapia: Consiste em empurrar violentamente o cliente para dentro de uma sala com 2 por 2 metros, onde 4 energúmenos, altamente treinados e devidamente equipados com bastões, correntes, soqueiras e collants de fantasia, aplicam com um cuidado cirúrgico um valente ensaio de porrada. Muito bom para as costas e articulações. Preço por sessão: 210 euros (são 4 energúmenos, hem).




Amei as terapias alternativas! Aqui na Inglaterra, eu seguirei sua moda e implantarei a “cuetherapy”, com beneficios advindos de colocar os pacientes em fila durante horas, “foodtherapy”, qualquer coisa como experimentar comida real, de verdade e com sabor, e a “bbctherapy”, algo como ficar assistindo repetidamente uma reprise de programa ridiculo da tv por 4 horas seguidas em 130 sessoes. Que tal?
Amei o post! Becitos in tu!


Lamento informar que este blogue foi linkado pelo Bananas. Se tiver alguma coisa contra, esqueça, porque não temos livro de reclamações.


Chorei a rir.


“Minimalistoterapia: Uma forma de terapia que consiste em fazer o cliente deitar-se numa maca, e depois deixá-lo lá ficar durante uma hora sem fazer absolutamente nada. (…) Tem qualquer coisa a ver com um tratamento holístico, um sentimento zen de despojamento. Preço por sessão: 220 euros (para que também a sua conta bancária possa experimentar um sentimento zen de despojamento).”

LOLOLOL de todas esta já fiz várias vezes, só que sentada! E mais horas e é mais barato… basta marcar uma consulta num hospital da área… por 600 paus ali estás num autêntico zen…

De morte!! (a das pedras claro)

Eu sabia q um dia ia compensar inscrever-me aqui… 😉


Adorei este texto. Os meus sinceros parabéns ao autor. Vou por um link no meu blogue para o vosso. Se quiserem passar pelo meu estaminé, sois bem-vindos ao Upper-Class Twits, um blogue quase feto que nasceu ontem.

Best Regards,
Gervaise


Achei tudo de bom !!!!

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