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Reentré judicial

Parece que houve, na noite de ontem para hoje, festa da rija nos tribunais pelo país fora. Magistrados, funcionários administrativos, advogados e oficiais de justiça levaram os seus melhores trajes (e, no caso dos juízes, cabeleiras), e confraternizaram alegremente. À meia-noite, fizeram grande alarido, com gritos, gargalhadas, tachos, panelas e martelos a bater, e champanhe a voar pela sala. Depois, foi festejar até de manhã por entre muito álcool. Enfim, é o ano novo judicial.

É verdade que hoje começa um novo ano judicial. Mas não se notou grande coisa… Estará o povo português ainda anestesiado pelo calor da praia (ou dos fogos florestais) e pelo nada-fazer das férias? É que a comunicação social não ligou nenhuma… Onde está o saco azul de Felgueiras? Onde está o apito dourado? E, principalmente, onde está o Caso Casa Pia? Recuso-me a acreditar que, subitamente e sem qualquer explicação, a opinião pública tenha, pura e simplesmente, deixado de ter interesse na pedofilia! Ainda por cima, este caso já mexia mesmo antes do começo do novo ano judicial: tem havido sessões com a principal testemunha e, nos jornais, só umas tímidas notícias, sem qualquer destaque ou sensacionalismo… Pessoalmente, sinto falta de ver o Carlos Cruz a chorar em directo no telejornal; e acredito que há muitos como eu.
Só o 24 Horas é que fez uma capa dedicada ao assunto (se não fosse o 24 Horas, o que seria de nós?), e ao seu melhor estilo: ficamos a saber que a testemunha bebeu um sumo aquando da primeira visita à casa do Carlos Cruz, e que considerava o Carlos Silvino como um pai que o violou pela primeira vez em 1998 (“quem é o teu papá?”).
Mas isto não chega… Sente-se no ar a necessidade de qualquer coisa mais bombástica. O povo português tem direito a notícias mais sumarentas (que não sejam sobre sumo), cheias de detalhes sórdidos e chocantes. Enfim, o povo português tem direito a entretenimento de qualidade. Vamos lá fazer um esforço, cambada! Não chega fazer reportagens à porta das audiências e referir constantemente a testemunha como “o braço direito de Bibi” (pôr as pessoas a pensar que, de facto, o jovem é capaz de ter dado um bom substituto para o braço direito do Bibi é um passo no caminho certo – mas continuo a achar que conseguem fazer melhor…).
Portanto, aqui fica o apelo à comunicação social portuguesa para dar ao caso a atenção que merece. Vamos lá esgravatar a actualidade à procura das notícias cativantes! Vamos lá! Queremos sensacionalismo de qualidade!
O DQD faz a sua parte. Se nós fossemos uma publicação impressa, veriam um destaque com a seguinte notícia:

NOVO TIRO-NO-PÉ GASTRONÓMICO

Depois do célebre embaraço causado pelo almoço de “Frango com miúdos” servido aos presos do caso Casa Pia [continuo a achar que foi o cozinheiro no gozo], houve hoje um novo “passo em falso” no departamento gastronómico.
Desta feita, o protagonista foi Carlos Cruz que, após o almoço, ter-se-á dirigido ao guarda, e pedido “um garoto quentinho”…

Estão a ver? Não custa nada…




Só tenho pena que tudo isto acabe em nada (tenho quase a certeza). Por mim era pena de morte, mas não há.E que tal prisão perpétua? Também não há.
E que tal violarem estes senhores todos os dias com um taco de basebol? E por mim nunca mais comiam miúdos de frango e nem bebiam garotos. Bem feito.


Um taco de basebol com espigões.

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