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Não gosto de Minis

Antes que os fanáticos do automobilismo combinem, entre uma churrascada e um rally paper, um linchamento dirigido à minha pessoa, convirá esclarecer (porque a minha pessoa é uma pessoa por quem tenho alguma estima e, até, em bastante boa conta) que não me refiro ao famoso carro.
Eu estou a falar é daquelas pequenas garrafinhas de cerveja extremamente populares, por exemplo, no seio da comunidade pedreira portuguesa. A verdade é que eu abordo invariavelmente este tipo de produto com um sentimento misto de repulsa e desprezo. E isto incomoda-me. Já, por diversas vezes, fui assaltado por pensamentos tão duros como pertinentes. Aconteceu-me frequentemente ficar horas e horas deitado na cama, de olhos bem abertos, fitando o negrume do invisível tecto nocturno do quarto, e interrogando-me: «Porquê? Por que razão és assim para com as minis? É cerveja, e como tal – argumentava eu para comigo – é merecedora do teu respeito. Do mesmo respeito que tens para com as 33 cl ou para com as canecas… Porquê esta discriminação? Porque estarão as minis condenadas a sentir no seu frágil corpo esta segregação cervejeira? Elas, que o único crime que cometeram foi serem diferentes? Serão as minis ontologicamente inferiores às suas congéneres de maior volume? Não! Estarão as minis a tirar o lugar às, digamos, 33 cl? Não! Então qual a razão para esta injusta discriminação?». Durante algum tempo tentei convencer-me que não havia qualquer razão para tudo isto, e esporcei-me (só Deus sabe como me esforcei!) por encarar as minis numa perspectiva de igualdade. Fui ao ponto de me forçar a beber minis, mas a triste realidade é que aquela cerveja deixava sempre um sabor amargo na minha boca: eu era preconceituoso relativamente às minis e de nada adiantava fingir que tudo estava bem. Eu tinha de atacar o problema se me queria libertar deste inferno.
Após muito ponderar sobre está gravíssima questão (sim, a minha vida é preenchidíssima), cheguei a uma teoria que me parece consistente e confortável. Digo confortável porque me dá a tranquilidade de saber que, afinal, o meu comportamento discriminatório tem fundamento no facto de eu, no fundo, ser uma boa pessoa. Ora sigam a minha lógica:
Desde tenra idade, tive eu um grande contacto com o mar e com comunidades piscatórias (que curiosamente, e embora tal seja estranho, também não desdenham uma minizita de vez em quando). Nas comunidades piscatórias há uma ética que me marcou profundamente: o pescado pequeno devolve-se ao mar, para que possa crescer e reproduzir-se, mantendo assim intacta a fertilidade do oceano. Este modo de agir enraizou-se em mim de tal maneira que eu não consigo deixar de o aplicar de forma inconsciente à cerveja. Inconscientemente espero que aquela pequena garrafinha cresça até atingir a maturidade de uma garrafa de 33 cl, ou mesmo (quem sabe?) a imponência de uma garrafa de litro… Por isso não a bebo, abdicando do efémero prazer do actual, em prol de uma prosperidade a abundância futura, como quem rejeita o jaquinzinho em nome do carapau.

Ufff… Muito obrigado pela atenção. Desculpem o desabafo, mas sinto que tirei um enorme peso de cima dos ombros.




Vou já chamar o Fernando, esta gajo está a abixanar


GANDA CROMO.

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