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O deserto nacional

Enquanto o país arde e os deputados fazem férias, é natural que os cidadãos se sintam preocupados com o rápido desaparecimento das matas e florestas do nosso país. Mas não há motivos para isso! O facto de Portugal não ter políticos com um par de colhões para tomarem decisões firmes e capazes de evitar a desertificação do nosso território terá, sem dúvida, o seu lado positivo.
Ora vejamos então as vantagens.
Assim que Portugal se transformar num deserto, coisa que – a este ritmo – deverá acontecer nos próximos cinco anos, a dança do ventre já terá um motivo válido para se tornar popular. Vai deixar de ser apenas uma moda idiota de mulheres ocidentais com tempo a mais, para passar a ser a norma do entretenimento nocturno nas noites frias nos desertos.
Os safaris no deserto também captarão a atenção dos inúmeros fãs de desportos radicais que por aí abundam. E que experiência mais radical existirá do que um passeio pedonal num monte alentejano, à torra do sol, num dia de Agosto, e sem protector solar?
Quem diz safaris, diz snowboard, ou, dir-se-á melhor ainda, sandboard. Quem é que já não terá sonhado com umas sessões de surf no meio de dunas quentes e áridas num verão abrasador?
Os guardas-florestais nada têm a temer pois conservarão os seus empregos. Passarão apenas a chamar-se guardas-do-deserto, o que até lhes dará um ar cool e bacano. Poderão andar de calções caqui e chapéu de coco, com um par de binóculos agarrados à cintura, very-lights como mecanismos de sinalização (uma vez que já não há o problema de incendiarem alguma coisa), e dispararão tiros de pólvora seca para o ar sempre que virem alguns transeuntes ou piqueniqueiros a urinarem nos calhaus ou areias que constituirão grande parte do nosso património nacional.
E vai ser então que, a braços dados com a falta de matas e florestas, os portugueses se dedicarão a elaborar grandiosos e soberbos jardins nas suas moradias como forma de compensação. Porquê matas e florestas quando todos poderemos ter os nossos jardins privados? Quem é que precisa de tanta árvore?
E tendo em conta que, quanto mais pinhal arder, mais espaço haverá para construir, isto implicará que o preço dos terrenos baixe, uma vez que a oferta aumentará. Ou seja, vai ser possível, dentro de muito poucos anos, cada português possuir a sua própria vivenda!
O que trará grandes benefícios para a vida nas cidades que, com menos gente a habitá-las, ficarão menos poluídas e com menor tráfego.

Como vê, caro leitor, não precisa ficar alarmado só porque estamos a perder os nossos pinheirinhos mansos a cada segundo que passa. Você encontra-se numa situação privilegiada. Você vai assistir ao processo de descentralização da importância das cidades no nosso país. Vai poder ter a vivenda que sempre quis. A sua mulher vai poder cuidar do jardinzinho com que sempre sonhou. E você vai poder divertir-se a fazer pequenos arranjos na sua oficina aos fins-de-semana.
Piqueniques nas matas? Bah, que quadradice!
Uma deliciosa queca com a namorada de ocasião num pinhal remoto? Para quê?!
Vivem-se tempos excitantes!!
Já nem consigo esperar!!
Passem-me o pacote das acendalhas e arranjem-me um deficiente mental com tendências pirómanas, depressa! Quero contribuir para a modernização do meu país!




Dá-lhes agora André, que estão de costas!! Beijos.


André:há outra vantagem. Já viste que os americanos podem vir cá fazer filmes tipo “Lourenço da Arábia”? Fixe. Eu quero cá o Mel Gibson s.f.f.


Sou eu outra vez. Fiquei a pensar. Com estas vantagens todas o que que tens contra os colhões dos políticos?


Nada contra. Só os têm um bocado murchos e descaídos (mais para a esquerda ou mais para a direita), e isso acaba por desvirtuar as calças que vestem. Gosto deles mais no sítio. É mais bonito de ver!

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