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Desporto

São muitas as situações da vida que, quando reduzidas a termos mais simples, não deixam de nos espantar devido ao fraco grau de atenção que lhes damos. Por incrível que pareça, uma dessas coisas é o desporto.
Sempre que vem a público que o Figo ou outro gajo qualquer ganha dezenas de milhares de contos por mês, as reacções dividem-se. Para uns, é igual ao litro, pois não gostam de desporto nem se interessam minimamente pelas polémicas que orbitam em torno da questão. Outros há que se indignam profundamente, e ficam a pensar no assunto durante uns tempos. Depois, ainda há outros (como eu) que acham que os futebolistas ganham exactamente aquilo que merecem. Nem mais, nem menos.
Afinal, se pensarmos que todas as pessoas que se indignam profundamente com estas questões são, regra geral, as mesmas que pagam as quotas a um clube, compram merchandising do clube, vão ver os jogos e compram jornais desportivos, percebemos facilmente quem é que está a meter o dinheirinho nos calções dos jogadores.
É claro que por cada Figo que ganha mais de uma centena de milhar de contos mensais, deve haver uma centena de milhar de jogadores que não ganham um figo. E daí? É injusto? Claro que é. Então e depois? Será que há tantos jogadores iniciados a sonharem com riqueza e uma vidinha fácil como há “cineastas” amadores (daqueles que mandam cassetes para o Olhó Video) que sonham um dia ter uma cadeirinha de pano personalizada ao lado do Steven Spielberg?
Se calhar, até há. Mas aí a culpa é deles, e não do sistema.
Também tenho a certeza que devem haver por aí muitos Edgares Lavagantes cujos trabalhos foram recusados por todas as editoras a nível nacional e que não tiveram outra opção senão aceitar um convite para divulgar os seus pensamentos num site meio idiota como este.
Um conhecido meu, estudante de motricidade humana e amante de desporto, contou-me que a maior parte dos desportos tiveram uma génese casual e recreativa. Ou seja, apareceram por acaso e para distrair o povo. Nunca li como é que o futebol apareceu, mas calculo que tenha nascido quando a vítima de um crime qualquer tenha decidido enrolar um monte de meias velhas de modo a deixá-las parecidas com a cabeça do ministro da administração interna da altura, chutando-a em seguida.
Portanto, passámos de uma situação em que um desporto como o futebol era praticado por operários de minas de carvão (por exemplo) em atitude plenamente recriativa e de relaxe, para passar a ser um espectáculo pago por milhões.
Não deixa de ser irónico. É possível hoje em dia um grupo de amigos interromper um jogo de futebol num parque para vir para casa, ligar a televisão, e ver num écran um grupo de outros jogadores em actividade recriativa paga a peso de ouro.
Será prova de inteligência? Permitam-me pensar que não…

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