siga-nos nas redes
Facebook
Twitter
rss
iTunes

As comissões

Hoje, vou escrever sobre comissões.

Não daquelas comissões que se recebem por entregar uma empreitada a um amigo, ou por fazer uma adjudicação a quem der mais (de comissão, claro). Não vou recordar as comissões que os militares faziam (e ainda fazem?), nem as comissões de desagravo ao Américo Thomaz (este parágrafo foi só para os mais antigos).

As comissões a que me refiro, são aquelas compostas por um pequeno número de pessoas, nomeadas ou eleitas, que tratam de estudar e/ou defender determinado assunto ou grupo de pessoas com interesses comuns. Não, não vou propor uma comissão para descobrir porque é que o Benfica não vai ser campeão, porque é que há tantos “boys” nos “jobs”, porque é que o sr. Bush foi eleito, nem sequer para averiguar dos inúmeros buracos que existem nos diversos sectores da vida portuguesa.

Acho que posso confessar que desde miúdo me senti fascinado por comissões. Mas o meu interesse não era fazer parte delas. O que almejava era poder ser eu a nomear uma, sobre o assunto que me apetecesse e que, no fim, só a mim tivesse que prestar contas.
Já fiz parte de muitas: comissão de estudantes, de finalistas, comissão de trabalhadores, de moradores, do sindicato, de utentes e até já fui eleito para uma comissão paritária! No entanto, apesar do meio século que já cá canta, ainda não consegui nomear nenhuma comissão.

Não é que não tenha tentado. A última, foi aqui no prédio onde moro, ao procurar nomear uma para averiguar porque é que a gata do 2º. Esquerdo tinha aparecido grávida. Ninguém, dos 4 apartamentos por andar, dos 14 andares do prédio, aceitou fazer parte de tal comissão. Esta foi a maior derrota que sofri neste sonho que trago da infância. Uma vez, estive quase a conseguir.
Mas foi ainda antes do 25 de Abril. Estava a tratar de renovar o bilhete de identidade, numa bicha bastante grande, e assisti à má criação da menina que nos tinha que atender. Gerou-se um movimento de solidariedade para com o alvo da ira da tal menina e uma espécie de insurreição entre os que se encontravam na bicha. Rapidamente me apercebi dos que poderiam fazer parte de uma comissão de protesto, nomeio-os acto contínuo e, entre palavras de apoio e incitamento, os elementos por mim escolhidos aceitam integrar a minha primeira comissão. Foi o mais perto que estive de concretizar o meu sonho. É que a comissão, nomeada por mim, recusou-se a ter que me entregar as conclusões a que poderia chegar, não aceitou que fosse seu porta-voz e nem me deixou fazer parte da mesma. Nunca soube o que lhe aconteceu.
Claro que entre a pior e a melhor houve outras tentativas. Mas isso não vem agora para o caso. Só interessa que fui adquirindo experiência, fiquei a saber contornar as dificuldades, aprendi a ser mais subtil e a não ser tão transparente.

Assim, julgo chegada a hora de fazer mais uma tentativa. Penso que será desta que vou conseguir. Primeiro, porque todos vocês estão nomeados para fazerem parte dela. Depois, porque eu hei-de saber os resultados ao mesmo tempo que vocês e todos ou outros. E é uma comissão que irá agradar à grande maioria do povo Português. Aos que gostam de futebol e aos que gostam de política. E era uma economia para o país. Poderá ser chamada de comissão de pressão. Só precisam de fazer com que isto seja aceite:
– O presidente do clube que ganhasse a campeonato nacional de futebol, da 1ª. Divisão, seria o próximo primeiro ministro; o que ficasse em segundo lugar iria para os negócios estrangeiros, o que obtivesse o 3º lugar iria para as finanças, e por aí fora.
As vantagens são evidentes: todos os anos haveria remodelação ministerial; haveria menos clubes a disputar a 1ª. Divisão, pois só haveria 14 ministérios; nos órgãos de comunicação social não se notariam grandes diferenças; todo o País se interessaria mais pela política; já se justificaria a regra dos 30% de lugares para mulheres; acabava a confusão de interesses entre política e futebol; os ministros teriam prestado provas antes de ocuparem os lugares e, finalmente, sim, faria sentido a frase “Portugal, um País que ama o futebol!”.

P.S.
Mas, perguntam vocês, e o teu sonho de criança? Como é que se realizava nisto?
Pois é, quem é que vocês pensam que ficaria como Presidente da República?

Deixe o seu comentário