Downsizing? Ou Upsizing? – pt. 3
Se o leitor chegou aqui ao site após uma ausência de alguns dias (ou mesmo pela primeira vez), e se lançou logo na leitura deste post que nem um lambão, fique a saber que fez mal! E não digo isto por achar que o leitor poderia estar a empregar o seu tempo de uma melhor maneira; digo-o porque neste post está A AGUARDADA CONCLUSÃO DA ODISSEIA DE ANTÓNIO AMÂNCIO!
Aconselha-se, pois, a leitura dos dois primeiros pedaços de história. Vá lá, o primeiro está aqui, e o outro aqui.
No gabinete do Chefe de Departamento, estava uma apreciável selecção de chefias da empresa. Todos olhavam para ele com um ar apreensivo. Disseram-lhe para se sentar, e após um silêncio algo desconfortável, o Chefe do Departamento começou o seu discurso.
“Dr. Amâncio, estamos preocupados consigo. Temos notado que, nos últimos tempos, você parece andar fora de si. Sempre gostámos do seu trabalho. Sempre nos pareceu uma pessoa empenhada e dedicada. Mas, ultimamente, o seu rendimento tem vindo por aà abaixo. São os prazos que não são cumpridos, são os relatórios que vêm cheios de erros… Não sei, parece que a sua cabeça está noutro sÃtio…â€
Então era assim que isto ia ser! Com argumentos estapafúrdios sobre a sua competência. Mas a ele não o enganavam… António Amâncio sabia o que realmente estava aqui em jogo.
“Como lhe digo, nós gostamos de si, Amâncio. Achamos que é um bom profissional. Mas também não podemos assistir a esta situação e ficar de braços cruzados. Oiça, o que é que diz a uns diazinhos de férias? Afaste-se disto durante uns tempos, descanse, oriente a sua vida… E depois volte, já com as baterias carregadas! Que tal, hem?â€
Enojava-o, a atitude cobarde das suas chefias. Ele vinha preparado para uma conversa do género, mas não estava à espera que o tratassem daquela maneira. A dar-lhe falsas esperanças, a adiar a resolução do problema. Não estava para isso! Preferia a técnica do penso em cima da crosta com pus: arrancá-lo de uma vez.
Levantou-se, e olhou, um a um, cada par de olhos que se ajuntavam em torno daquela mesa de reuniões.
“Vocês pensam que me levam ao engano, não? Pensam que me conseguem dar música com a vossa ridÃcula converseta sobre desempenhos e prazos? Eu sei bem o que vocês querem! Sei bem qual é o verdadeiro “problemaâ€! Mas vocês não conhecem António Amâncio! Julgam que o conhecem, julgam que sabem como é, mas estão enganados! Oh, se estão enganados!â€
E nisto, lança uma mão à fivela do cinto, e começa a desapertá-lo. Vários murmúrios de espanto e incompreensão ecoam pela sala. Amâncio mete a sua mão direita dentro das cuecas, e num gesto triunfal, exibe o seu majestoso membro. Todos na sala pareciam chocados. A avaliar pela reacção, o programa do médico sueco funcionou melhor do que estava à espera…
“O que me dizem agora, seus palhaços?!â€
— ~~ —
O relógio de parede marcava 8:24 quando António Amâncio chegou àquele centro de emprego. Tinha vindo de comboio porque a gasolina está a preços proibitivos (e o banco não perdoa com as prestações do seu razoavelmente confortável T2 suburbano).
O que iria ele fazer da sua vida agora? Talvez a profissão de Técnico de Contas não fosse para si… É um ramo que está cheio de pessoas invejosas e traiçoeiras. Se calhar, era de experimentar qualquer coisas de diferente. Que tal artista de filmes pornográficos? Tinha o pénis para isso… E o bigode também…
Clap clap clap clap
Brilhante. Uma alegoria moderna. Os meus parabéns ao enérgico e honrado escriba.
Bola-Oito // 12.12.2007
LOL 🙂 mt bom mmo…
YaBa // 13.12.2007
Muito obrigado!
Ando a ver se consigo negociar uma adaptação cinematográfica disto…
Quero o Tom Hanks a fazer de António Amâncio.
João Troviscal // 13.12.2007
Não pode ser o Mel Gibson?
Zá // 13.12.2007
Era capaz de dar uma curta-metragem engraçada… Gostei! Original.
Stormy Mind // 18.12.2007