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O Caracol Mutante

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Com apenas 37 anos e um Daihatsu Sirion (de caixa automática) na garagem, Silvestre Mirtilo é hoje um dos mais prolíficos realizadores portugueses. Autor de obras cinematográficas de projecção internacional como A Revolta das Galinhas e o não menos famoso Coisa Bera, sempre que Mirtilo lança nova obra, o país pára (o que não é tarefa simples, tendo em conta que este país está sempre em movimento…). E mais ainda páram os leitores do DQD, pois sabem que vamos criticar os seus filmes com a postura imparcial e exógena que nos caracteriza.

E mais uma vez, Silvestre Mirtilo parece ter acertado em cheio!

O seu novo filme intitulado O Caracol Mutante estará em exibição nas salas de cinema portuguesas a partir de Fevereiro deste ano. E é com enorme prazer que, sendo igualmente fã do nosso trabalho, Mirtilo concedeu uma entrevista àquele que intitula o “site humorístico de maior relevância nacional”.

Silvestre, antes de mais, permita-me que lhe diga que o considero um dos melhores realizadores nacionais da sétima arte, senão o melhor.

Obrigado! É um elogio que não se ouve muitas vezes. E um cumprimento muito especial aos leitores do DQD também. Se este é o melhor site humorístico nacional, sem dúvida que os vossos leitores devem contribuir para isso.

Er… na realidade, não. Eles só lêem mesmo, e muitos deles nem comentam. Adiante! Mirtilo, fale-nos do tema subjacente a esta sua nova obra.

Ok. O Caracol Mutante é um conceito que tenho vindo a desenvolver desde tenra idade. Mais concretamente, desde que ajudava caracóis a atravessar as estradas.

Como?! Ajudava caracóis a atravessar as estradas?! Explique lá isso!

Sim. Talvez você não saiba, mas os caracóis respiram através do oxigénio que absorvem da humidade por onde passam. É por isso que vemos tantos caracóis logo a seguir a uma chuvada. E quando eu era pequeno, nutria grande simpatia por estes simpáticos animais. Nos Carnavais, por exemplo, a minha fantasia era sempre de caracol. E embora fosse frequentemente sovado pelos meus colegas por causa disso, foi aí que comecei a ganhar mais respeito por estas criaturas.

Como assim?

Repare, é preciso respeitar-se um ser que ande com a casa às costas. Os seres humanos, por exemplo, não se podem gabar disso. Quem é que você conhece que ande com a casa às costas?

Er… profissionais de circo, campistas, ciganos, pessoas com empréstimos de casa a 30 e 40 anos, …

Pronto, ok, mas falando no mundo animal, que é um mundo que me interessa muito, não há assim tantos seres vivos com essa condição.

Então e os crustáceos como as amêijoas, lapas, búzios…

Também nutro uma simpatia muito grande por todos os crustáceos. Mas continuo a achar que os caracóis possuem um lado mais humano. Quase penoso. Vê-los a carregar a casa faz pena. Seja como for, mesmo que quisesse fazer um filme sobre amêijoas ou mexilhão, não haveria orçamento para o aluguer de câmaras aquáticas. E foi quando um dia me encontrava, como tantas vezes faço, a ajudar caracóis a atravessarem estradas (para não ficarem pisados ou esmagados pela roda dum carro), que se fez luz sobre a minha cabeça.

Ocorreu-lhe que podia usar caracóis no seu filme?

Não. Eram os máximos dum carro que vinha na minha direcção! Fez-se literalmente luz sobre a minha cabeça.

Ouch! E o que é que aconteceu?

Levei uma trolitada leve, porque já estava de lado, a caminho do passeio. Mas foi o suficiente para me mandar para as urgências de Santa Maria. E foi enquanto esperava que me cosessem um golpe na perna esquerda que me ocorreu que podia usar caracóis no meu próximo filme.

Portanto, foi uma espécie de revelação. Um microcosmos representativo da sua experiência pessoal. Tal como um caracol o mandou, involuntariamente, para o hospital, você tomou a decisão de mandar milhares de seres humanos para o hospital graças a um caracol mutante.

Não. Na realidade, tinha mesmo de inventar qualquer coisa, caso contrário o subsídio do ICAM caducava. O caracol foi apenas uma
inspiração momentânea. Mas gosto mais dessa sua versão. Acho que a vou usar nas próximas entrevistas.

Esteja à vontade. Mas Silvestre, conte-nos um pouco da história, sem desmascarar a surpresa para quem ainda não viu o filme.

Claro. Você deve ter visto o meu filme anterior, A Revolta das Galinhas.

Se vi?! Várias vezes! E comprei montanhas de DVD’s para oferecer a toda a gente neste Natal!

Ah! Então foi você! (risos)
Mas como eu dizia, a Revolta das Galinhas tem uma temática extraterrestre. Aquilo começa com um objecto que vem do espaço, até que toda a gente descobre que é um ovo, e por aí fora. Neste filme, decidi introduzir alterações fundamentais. Há um caracol que cresce até atingir um tamanho impressionante, quase a roçar o inacreditável, só que não veio do espaço. Este veio do centro da Terra!

Fascinante!

Quer dizer, ele não vem mesmo do centro da Terra. Aquilo é muito quente e, teoricamente, não há lá qualquer forma de vida. Mas como o Homem nunca visitou o núcleo do planeta, sabe-se lá o que é que lá está?

Pois, é como tentar descobrir se a Terra é ou não redonda. Ninguém sabe.

Precisamente! Seja como for, a história é interessante. Debate a eterna questão, e que sucessivos governos teimam em ignorar, da temática dos direitos dos caracóis.

Pode ser considerado uma espécie de vingança contra o poder estabelecido?

Eu diria que a importância deste filme será tão massiva, que é mais uma palavra de ordem do que uma vingança. Uma palavra de ordem não apenas contra os governos estabelecidos, mas também contra os que já se estabeleceram e os que estão por estabelecer.

Quer isso então dizer que quem for às nossas salas vai ver um pouco mais de Silvestre Mirtilo em acção?

Sem dúvida! Dei muito de mim a este filme e tenho até um papel de figurante na acção. Estou a falar de uma das cenas em que o Caracol Mutante esmaga a estátua na rotunda do Marquês de Pombal. Eu sou um dos trabalhadores da limpeza que estavam encostados à carrinha, a fumar um cigarro com alguns funcionários da EMEL, quando o caracol olha para nós directamente, decidindo poupar-nos a vida.

Brilhante! Como sempre! Silvestre Mirtilo, obrigado por nos ter concedido esta entrevista.

O prazer foi todo meu.

O filme O Caracol Mutante estará em exibição nas salas de cinema a partir do mês de Fevereiro. Já foi inscrito para participação no Festival Esotérico da Alface de Ouro, na FIL, este ano a decorrer conjuntamente com a P.I.L.A. (Projecto Independente de Liberalização Astrológica), a A.L.A.R.V.E. (Associação Lisbonense de Avaliação de Recursos Vagamente Entendíveis) e a C.O.N.A. (Centro Ocidental e Numerologia e Astrologia).

Concepção gráfica do cartaz: Patrícia Furtado




🙂
Denoto uma certa semelhança com um certo rapazinho que conheci em tempos: também gostava de ajudar caracóis a atravessar estradas… e nutria pelos caracoluchos uma simpatia extraordinária.
Boa sorte para o filme do Mr. Mirtilo!


Eu também ajudo os caracóis a atravessar a estrada e sofro bastante no Verão quando vejo gente alarve a comê-los em grandes travessas. Morrem aos milhões, coitadinhos. Tenho a certeza que vou ver o filme porque pela 1ª vez um caracol sabe defender-se e isso vai deixar-me com uma felicidade sem limites. Parabéns Mestre Mirtilo.


A minha única lamentação é que o famoso cineasta não tenha debruçado ainda as suas lentes sobre a intrigante (e fascinante!) vida dos caracois selvagens que povoam as nossas lezírias ribatejanas e matagais azeitonenses (entre muitos outros matagais, claro).

Com efeito, a vida dos caracois selvagens é uma das tão grandes lacunas de todos os documentários sobre a vida animal que, infelizmente, a maior parte das pessoas nem chega a aperceber-se da magnitude desta grande tragédia!

Basta dizer que, por exemplo, aquela imagem veranil tão familiar da nossa infância de um campo de espigas a agitar-se suavemente ao sabor do vento mais não é que a passagem de uma grande manada de caracois selvagens! saltando de espiga em espiga para fugir aos seus predadores naturais (a saber, mãos, normalmente com 5 dedos, e sacos de plástico)!

Fica portanto aqui a singela sugestão para o mestre Mirtilo (que, espero, leia este site tão afincadamente como eu) que, num futuro próximo realize, pelo menos, um documentário sobre a vida destes moluscos tão ameaçados em Portugal, se não uma grande obra cinematográfica!

Estou certa de que, se Silvestre Mirtilo se decidir a filmar a vida real destes amorosos bichinhos, vai ficar abismado com todas as surpresas que a realidade gastropodiana esconde debaixo da sua casca 🙂

Com os melhores cumprimentos,


É isto que eu gosto nos leitores do DQD! Todos, sem excepção, são mil vezes mais loucos que nós!!


Genial! Era mesmo disto que o país estava à espera! Finalmente, um filme que irá impor algum respeito pelos animais mais dignos deste planeta! E talvez, neste Verão, os portugueses não comitam o crime abominável que é o caracolismo-canibalismo! Ajude a acabar com o crime! Não coma mais caracóis!

Muito obrigada, Sr. Mirtilo!


quero ver o filme bgmkenfkijffffffffffffffffffffsnjfdiugbakfnvlsfabidkz dojfgidfhbdhkhdjgodmfldxngxxxxxxxxxxxjfdincdnvxvkxkxmvkdfd bhmcfnjzfcsihr dkjfdmvcjffxjfdn vnfuwf ndjssdfne

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