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No meu tempo era assim…

Nunca gostei de frases que começam com “no meu tempo…”. Sempre achei que se alguém tem a capacidade de começar uma frase autonomamente, então é natural que essa pessoa ainda esteja no seu tempo. Mas uma visita a casa dos meus avós mostrou-me – do alto dos 90 anos deles e do baixo dos meus 33 frescos aninhos – que há, de facto, muitas diferenças culturais.

Isto é um conceito estranho para a maior parte de nós, mas no tempo em que os meus avós eram novos, um rapaz não podia, assim sem mais nem menos, fazer “follow” a uma rapariga qualquer no Twitter. Primeiro tinha de fazer Follow aos pais dela. E se eles fizessem Follow de volta, então isso já era considerado uma permissão para o começo duma relação. Naturalmente que as Direct Messages não existiam. Isso só apareceu nos anos 70 com a revolução sexual, busca de privacidade, etc.

Os hábitos não eram muito diferentes no Facebook. Se um rapaz quisesse adicionar uma rapariga como amiga, o pedido de autorização era enviado directamente para o email dos pais dela.

Não havia muita gente na comunidade, e para conhecer alguém de outro país era preciso pagar uma taxa alfandegária. Como ainda não existia PayPal, as transacções tinham de ser saldadas em selos fiscais, enviados por correio para as autoridades alfandegárias.
Foi nessa altura, segundo os meus avós, que nasceu a expressão “aldeia global”. Precisamente porque o Facebook se assemelhava a uma aldeia, daquelas em que toda a gente se conhece e todos têm as chaves de casa uns dos outros.

É preciso que se note que a internet também era um bicho diferente naqueles tempos. Era substancialmente mais lenta, o que fazia com que a partilha de fotos fosse uma coisa mais chata de se fazer. Como tal, as pessoas adicionavam amigos baseando-se apenas nos gostos comuns, mas desconhecendo por completo a aparência da pessoa. Um conceito difícil de compreender nos dias que correm…

Nessa altura, a internet a nível mundial ocupava uma área sensivelmente equivalente à área da ilha da Madeira, pelo que não havia muita informação para pesquisar. A Igreja ainda tentou colocar uma versão online da Bíblia, com a possibilidade dos utilizadores comentarem as suas passagens preferidas. Mas como essas tecnologias meio interactivas só se popularizaram com a web 2.0 nos anos 50, a Igreja ficou parada no tempo… perdão, o site da Igreja ficou parado no tempo, com uma animação dum daqueles operários imbecis agarrados a um martelo pneumático e uma inscrição que dizia “Site em construção. Voltaremos assim que for divinamente possível.”

E é por isso que eu gosto de falar com pessoas mais velhas. Aprende-se sempre qualquer coisa.

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Para aqueles que acham que estive a falar chinês:

Twitter

Facebook (ou Caralivro, como ouvi alguém dizer recentemente)




…E pensar que nos conhecemos através de um anúncio no jornal, ou coisa assim.

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