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O assédio da Danone

Começo este post afirmando que não sou cliente regular da Danone. Em termos de iogurtes, os meus preferidos são os Adágio (se forem líquidos), ou Longa Vida (versão sólida). Porém, a falta de iogurtes naturais sólidos no meu local habitual de compra forçou-me a experimentar uma marca diferente. E foi aqui que começou o fungagá.

À partida, isto parece um iogurte normal. Ideal para comer à colherada, com as mãos (se é assim que você decide viver a sua vida), ou utilizando – como é o meu caso – o dito iogurte para o misturar com uma lata de atum desfeito e usando o produto final para colocar em cima de tostas ou dentro dum pão (aquilo a que eu chamo uma “mistela de atum”).

Até aqui continua tudo bem. A película protectora não se revela especialmente difícil de retirar, ao contrário de outros produtos que por aí andam e que ainda têm a lata de afixar a inscrição “Abertura Fácil”, gozando connosco nas nossas barbas. Eis então que…

“!Roma, Gosto de ti de trás para a frente.”

Se eu fosse daquelas pessoas que lêem as mensagens na diagonal, poderia até achar que a Danone estava a colocar em cheque a minha heterossexualidade. Felizmente, o meu acutilante sentido de raciocínio levou-me rapidamente à conclusão que se tratava duma pequena charada. Aquilo que era suposto ser lido era “Amor!”. Que é – precisamente – “!Roma” de trás para a frente. Brilhante! Genial! Como é que estes gajos se lembraram disto?

Curioso com este facto, decidi abrir os restantes pacotes. Agora tinha de saber se eram todos iguais! Uma coisa é a Danone chamar-me “Amor!”. Outra coisa é andar a chamar isso indiscriminadamente a todos os seus clientes! O que é que isso fará da marca? Uma espécie de proxeneta iogurteira?

Hmm… esta mensagem já me parece um pouco mais dúbia. Neste caso, nada de charadas ou adivinhas engraçadas para nos distrairem da comida que está ao lume. Apenas um aviso útil para que o iogurte não seja comido se nos encontrarmos a participar numa maratona. Afinal, como toda a gente sabe, os acidentes com iogurtes são a morte de qualquer desportista de alta competição. Porque é que acham que lhes dão garrafas de água quando vão a correr, e não um Adágio Strawberry Cheesecake?

A saga continua. Neste caso, peço desculpa pela falta de clareza da foto, mas eu reproduzirei a mensagem que lá está escrita. Diz a dita “Só se sai de casa com a barriga cheia de carinhos!”.
Esta não percebi facilmente à primeira. Tratar-se-ia dum apelo à consciencialização dos fracos níveis de natalidade no nosso país?
Só sei que não gostei! A minha barriga é um cavalo de batalha mas, ao mesmo tempo, altamente sensível e delicada. As únicas pessoas que têm autorização para fazer carinhos na minha barriga sou eu e a Lila, que trabalha na Rua do Intendente, e que me faz aquelas coisas que eu gosto tanto com aqueles saltos altos, quando se mete por cima de mim… hmmm…. ahhhh….

E terminamos esta saga duma embalagem de quatro iogurtes com a brilhante mensagem “Estás a ler o meu carinho.”
É aqui que eu começo a desconfiar que se trata duma situação de assédio.

Ora vejamos:

1. No primeiro iogurte, a Danone chama-me “Amor!”, assim como quem não quer a coisa.
2. Na segunda película, dá-me uma palmadinha nas costas e chama-me “Campeão!”, como quem diz “É verdade, estamos entre homens, mas se não contarmos a ninguém, não há mal algum!”. Uma onda um pouco Brokeback Mountain a mais para o meu gosto.
3. No terceiro iogurte, percebo que o intuito da palmadinha nas costas era deixar lá a mão a massajá-las, num jeito meio homo-erótico, cuja propósito se torna agora claro: das costas passa-se para a barriguinha. E sabe Deus para onde essa mão marota se aventurará depois…
4. No quarto iogurte, leio uma declaração praticamente formal. Passámos do inocente e ambíguo “Amor!” para um assumido e desavergonhado “Estás a ler o meu carinho.”

Francamente, ainda pensei em comprar mais um pacote de quatro iogurtes, só para ver até onde a história iria.
Que mensagens se seguiriam? “As minhas mãos parece que foram feitas para ti?”; “Amor, gostas quando te toco aqui?”; “Não contes aos teus pais. Isto vai ser um segredo só nosso, está bem?”

Mas na minha última ida ao Continente, acabei por me retrair e não comprei mais nada da Danone. Não por medo das mensagens assediantes deles, atenção. Apenas porque me lembrei da dor de barriga com que fiquei por ter sido forçado a comer quatro iogurtes da Danone de seguida. Estavam abertos, não se podiam estragar.

Bendita Lila! Se ela não estivesse disponível naquela noite para me aplicar as suas divinais massagens, vindas dum salto alto que conhece bem os cantos à casa, ainda hoje estaria sentado na pia à espera de dias melhores…




Ahahah, que horror! 4 Iogurtes danone de uma só vez! E tudo porque não podia esperar pelo dia de amanhã para ler o próximo “episódio”!

Tanta fome de ler o que vinha na próxima tampinha leva-me a desconfiar que tu Querias ser assediado, meu malandro! Toda esta conversa foi só para disfarçar, isso sim! 😉

PS: Mais um post brilhante, como sempre. Aliás, já aqui o disse, e repito: O problema deste site é que os diz-que-disseiros escrevem posts tão bons que é muito dificil deixar comentários à vossa altura

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