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A vergonha continua

Pois é, como se já não estivessemos cansados de ouvir dizer que “o que interessa é competir”, frase normalmente evocada pelos perdedores, agora ainda temos de aturar um chorrilho de desculpas da treta para as fracas prestações nos Jogos Olímpicos.

E, verdade seja dita, é só por isso que estou chateado com os atletas portugueses. Estou-me nas tintas para as medalhas e prémios. Se todo o sucesso dum desporto se baseasse em prémios de competição, isso seria um bilhete de ida para uma vida de frustrações e dissabores. Afinal, há muito menos taças e medalhas do que há desportistas. A medalhinha é apenas a cenoura que se acena em frente à cara do atleta para o motivar a chegar mais além.

Aquilo que me chateia é quando os portugueses não honram as qualidades da terra que os pariu.
Que raio de desculpas foram aquelas?!
“Isto estava feito para os chineses ganharem!”, “Eu de manhã estou bem é na caminha!”, “Não temos apoios!”, “Tinha uma unha encravada!”, “Estava com um tomate descaído!”
ARRRRRGGHHHHHHHH!!!!!!!! Que raiva!!

O que é que isto prova? Que a educação, cada vez mais, tem de ser abragente e levada a sério, em todas as suas vertentes. Física, mental e artística. Sem excepções. Senão corremos o risco de perder aquilo que temos de melhor no nosso país: a nossa capacidade de nos desenrascarmos de situações inesperadas com alguma lábia.

Imaginem só que se desencadeia um fogo num lado qualquer e nenhum bombeiro aparece. Qual é a justificação da corporação responsável? “Ah, desculpem… é que eram 10 da manhã, e nós de manhã só estamos é bem na caminha…”.
Não funciona, pois não?

Em primeiro lugar, é preciso negar que se recebeu o pedido de ajuda. Isso vai fazer com que os jornalistas andem atarefados dum lado para o outro, como baratas numa festa da Raid, a telefonar para todo o lado para confirmar a informação. Quando finalmente se descobrir que os bombeiros foram, de facto, notificados, então abre-se um inquérito interno para apurar porque é que os responsáveis do turno não foram informados. E quando se descobrir que toda a gente foi notificada mas que não quiseram foi tirar o cu da cama, já a corporação em causa foi transformada num cabeleireiro ou num supermercado Lidl, e toda a gente escapará incólume. É assim que se fazem as coisas no nosso país. Nunca se abre o jogo.
(Um pequeno aparte para saudar todos os que usam o verbo “apurar” quando se referem à busca da verdade. Sempre que oiço isto, imagino os investigadores de volta dos tachos, a arreganharem o dente a uma boa caldeirada de bacalhau, apenas e tão só com o propósito único de descobrir a verdade por detrás dos factos.)

Estão a imaginar o Jardim Gonçalves a dirigir-se à Comissão de Mercado de Valores Mobiliários e dizer-lhes “É pá, é verdade… perdoei as dívidas de milhões de euros do meu filho com dinheiro que não era meu… Mas sabem, isto foi só porque tive falta de apoios!”
Também não pega.

A única situação actual em que podemos utilizar a desculpa da coisa “estar feita para os chineses ganharem” é apenas nas taxas alfandegárias impostas pela Europa aos têxteis orientais. Tirando isso, todas as restantes desculpas são simplesmente inaceitáveis.

Nem sequer ouvimos nada como “Assim que entrei em campo, senti um chamamento de Deus. Sim, fiquei para trás por causa de Deus, mas descobri a Luz!”

Ou mesmo “Estou habituado aos ventos fortes do Guincho. Foi por isso que não consegui descer ao nível destes maricas e velejar com vento fraco. Estava sobrepreparado para esta competição! E agora deixem-me em paz, que tenho de voltar para o Guincho! Estas competições da treta estão a atrofiar-me os músculos!”

Portanto, os meus parabéns à Vanessa Fernandes pela sua medalha de prata. Esperemos apenas que o programa Extreme Make Over ou a Corporacion Dermoestética a patrocinem para que ela possa melhorar um pouco a sua aparência (quem sabe, talvez até a nova cara seja mais aerodinâmica e a ajude conseguir a medalha de ouro na próxima competição!). É que, francamente, naquele pódio, entre aquelas duas australianas,… digamos que quase que senti vontade de assobiar para o lado e fazer de conta que não era Português. Talvez também não fosse mal pensado umas aulinhas de terapia de fala…

E aos restantes atletas, desejo um grande, longo e sentido manguito! São a vergonha da nossa nação! Só estão bem é em anúncios de crédito à habitação! Nem um raio duma desculpa decente conseguem inventar! Será que não aprenderam nada com os dirigentes desportivos do nosso país?




concordo com o que acabas de dizer mas gostei também de ver o comentário que Gustavo Lima deu aos jornalistas!

Já agora, para quando outro podcast? 😉


Temos de reunir a malta.
Mas pode ser que se arranje qualquer coisa para breve… 😉


A melhor desculpa possível até seria a própria verdade:

Venho de um país de merda em que nos mentalizamos que o conformismo vale tanto como o empenho.

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