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Sinistralidade carnavalesco-rodoviária

Portugal é um país de tradições que as suas gentes não renegam recuperar quando lhes parece apropriado. Pelo que me toca, fico satisfeito ao ver esta reverência à História e aos costumes do nosso povo. Neste fim-de-semana (prolongado, para alguns) de Carnaval, tive a oportunidade de assistir à recuperação daquela que será uma das nossas mais antigas e mais perenes tradições. Refiro-me à bonita tradição de qualquer período festivo que se preze ter que ter um anormal número de acidentes de viação.

Entre sexta-feira e sábado, fiz mais ou menos cem quilómetros de carro. Nessa curta distância, passei por seis acidentes diferentes. E embora estas coisas apareçam na televisão, e a GNR lance sempre uma “Operação Carnaval” (parabéns pelo nome: muito mais original do que a passada Operação Natal ou mesmo a futura Operação Páscoa), a ideia que me dá é que as tragédias pessoais destes sinistrados acabam por passar despercebidas, no meio de tanto sambinha, Zés Pereiras e cabeçudos. É que o simples facto de ser Carnaval já acarta uma dose adicional de drama.

Por exemplo, um dos acidentes que vi foi uma colisão frontal a baixa velocidade entre dois ligeiros. Ao passar na zona do sinistro dava para respirar a atmosfera de pesar que dominava aquele pedaço de asfalto. O cenário, à primeira vista, não fugia muito ao habitual nestas situações: dois carros fumegantes, com as frentes reconfiguradas em ângulos bizarros, sangrando óleos e águas para o pavimento, agentes da autoridade (se não eram, tinham dos melhores disfarces que vi durante todo o Carnaval) a remexer em papeladas várias, e muitos curiosos, de olhos bem abertos, na esperança de conseguirem, num golpe de sorte, ver uma cabeça ou uns membros amputados.
O que tornava este acidente invulgar era o facto de na berma, com um ar tristonho a mirar a chapa amolgada das viaturas, estarem três indivíduos vestidos à rato (ou lá o que era aquilo). Cabisbaixos, meneando a cabeça em desalento enquanto trocavam palavras de conforto por entre bigodes postiços desalinhados, com empenadas orelhas gigantescas equilibradas no cimo da cabeça. Nos pés, desproporcionais sapatongos cor-de-laranja dos quais partiam duas pernas cobertas por collants pretos, que depois ligavam ao corpo oval em esponja, ornamentado por tules coloridos…

É sempre chato ter um acidente de viação. Mais chato se torna quando se está vestido de uma maneira ridícula.

Ainda por cima, um acidente de viação deste género costuma envolver, nos momentos que se seguem à colisão, uma troca acalorada de palavras entre as partes. Que tipo de discussão podem duas pessoas ter quando vão a caminho da folia? É capaz de ser um bocado estranho ver um rato mutante a debater questões de prioridades no tráfego automóvel, com um general das guerras napoleónicas, enquanto este brande no ar a sua espada de plástico…




Não deviam dar a carta de condução a ratos. Muito menos ratos mutantes.

A não ser que o Douglas Adams tivesse razão e a Terra seja, na realidade, dominada por esses pequenos roedores.


Faz parte do sistema central idiotico dos Portugueses.
“Ai e tal…vamos vestir o fato do SuperMen e ir até à Praça da Figueira desfilar na parada. Onde estão as chaves do SuperMobile?!”

Carregam na SuperBejeca, na SuperGanzonia e esperam que o SuperFiat os traga a casa…

Deixei de beber no Carnaval…e de fumar tabaco tb. Agora so me mascaro de gaja, se bater toda a gente me desculpa!!

Grande abraço.


Cláudio Trovisco????

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