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O apocalipse vem aí!

Tenho de admitir que o título deste primeiro post de 2008 pode não parecer a coisa mais simpática. Por outro lado, nada como começar o ano com uma boa dose de realidade. O mundo tal como o conhecemos está a acabar. Caminhamos para uma recessão, à escala mundial, da qual dificilmente escaparemos.

Isto não se trata de conversa alarmista. É uma realidade científica. A facção mais mainstream dos meios de comunicação não tem o hábito de divulgar este tipo de notícias. Afinal, que raio de publicidade é que uma estação de televisão ou jornal poderá ambicionar se avisar, em letras garrafais, que a civilização vai regredir 100 anos?

O grande problema que assolará a Humanidade nos próximos anos é um problema energético. Cada vez há mais gente neste planeta, as economias emergentes (China e Índia) cada vez consomem mais recursos, tudo isto num momento em que não só o ambiente está cada vez mais fodido, como já parecemos ter atingido o estado de peak oil. Para quem não souber, o peak oil é uma situação teórica que determina o ponto máximo de extracção duma determinada fonte de energia (o crude, neste caso). Ou seja, a partir daí, a oferta desse tipo de energia só pode decrescer. Mais sobre isso neste site, em inglês (clique aqui).

O que é que isto significa para todos nós?
Essencialmente, significa que todos aqueles que acham que agora vivem mal e que está tudo muito caro, daqui para meia-dúzia de anos vão olhar para o dia de hoje como a idade do ouro das nossas vidas. Temos hoje tudo à disposição. Podemos ir a qualquer lado, comprar quase qualquer coisa, vivemos vidas burguesas em abundância (quer sejamos ou não burgueses), e individamo-nos a torto e a direito. A culpa não é nossa. Fomos criados numa sociedade que sempre nos deu a entender que o progresso era a única alternativa. Estamos apenas a seguir a linha temporal que nos foi inculcada.

Os sinais da recessão estão à vista de todos os que abrirem os olhos. As crises de crédito nos Estados Unidos (que se estão a alastrar a todos os países com que os Estados Unidos negoceiam….. ou seja, o mundo inteiro!), as Bolsas que perdem valores, o petróleo que atingiu o valor histórico (impensável há uns anos) de 100 dólares por barril, a indústria em decadência, a perda de liberdades dos cidadãos, o aumento do terrorismo, as crises ambientais… tudo isto aponta para um ou dois cenários imbuídos duma frieza quase matemática: cada vez há mais pessoas e mais consumo no planeta, e cada vez há menos recursos.

Logo, quando a procura cresce e a oferta decresce, o resultado é um disparo generalizado dos preços. Não se iludam, meus amigos! Estamos mesmo a viver na época de ouro da Humanidade, a surfar a crista da onda dos preços baixos. Se acham que as coisas agora estão caras, vendam já o automóvel e comprem uma bicicleta, pois é nela que vão ter de passar a confiar para se movimentarem dum lado para o outro (já nem digo para ir para o emprego uma vez que, daqui para meia-dúzia de anos, 50% daqueles que agora me lêem nem vão ter emprego).

Isto parece cataclísmico mas, por outro lado, pode ser olhado como uma fantástica oportunidade! Afinal, vamos sair duma era altamente civilizada e industrializada e entrar num estado de caos e quase anarquia. As ruas vão transformar-se em antros de pedintes, filas intermináveis para a sopa dos pobres, máfias organizadas, estados-polícia e políticos fascistas de direita profunda. Quem não tiver um terreno no campo e uma casa construída sob os mais modernos eco-standards, vai sem dúvida passar alguma fomeca.

Mas vejamos as vantagens que esta situação nos pode oferecer:

1. Relativização dos problemas actuais. Se você for como eu, então deve sentir que a vida ainda não lhe deu tudo o que podia dar. Também se deve sentir permanentemente insatisfeito, com problemas que parecem gravíssimos mas que, vistos a um olhar mais realista, na realidade são pequenos. Ora se tivermos de atravessar uma verdadeira recessão com problemas de sobrevivência realmente sérios, então todas as merdas que agora nos chateiam vão deixar de incomodar. Portanto, nessa altura vou estar-me completamente a cagar se a SIC (caso ainda exista) quiser fazer reposições contínuas dos nojentos Malucos do Riso.

2. Vida mais saudável. Hoje em dia a obesidade é um problema. Não me lembro das estatísticas mas, das notícais que li, os números de crianças obesas em Portugal (e pelo mundo industrializado fora) estão a tomar dimensões… obesas! Mas se de repente tivermos de viver com uma carcaça e uma sopa por dia, vamos tornar-nos todos mais elegantes e saudáveis. Problema resolvido! E nem sequer foi preciso gastar dinheiro em ginásios ou nutricionistas.

3. Menos poluição. Parece-me uma conclusão lógica. Quando os preços do petróleo estiverem 600% mais elevados, os automóveis (para aqueles que ainda os tiverem) vão ficar parados a maior parte do tempo. Logo, menos trânsito e menos poluição. O que não fará grande diferença, dado que a maior parte das pessoas também já não terá emprego para onde ir. Isso tornará o ambiente menos poluído em torno das grandes cidades.

4. Maior contacto com a natureza. Assumindo que irá haver uma quantidade enorme de casas devolutas (dado que a maior parte das pessoas não conseguirá saldar os empréstimos por já não ter emprego), isso vai forçar um exôdo das populações em direcção ao campo. Não se esqueça de levar um telescópio! Dizem que as noites estreladas no campo são lindas.

5. Histórias para contar. Se você estiver como eu, na casa dos 30’s, e conseguir sobreviver à recessão, pode ser que daqui para 20 ou 25 anos as tecnologias alternativas tenham evoluído o suficiente para nos darem um meio termo entre uma vivência mais primitiva e rural e aquilo que temos agora. Nessa altura, você terá 50 e poucos anos e poderá assistir a uma nova época de prosperidade. Imagine só as histórias que vai ter para contar aos mais novos!

Sim, parece um discurso assustador. E até gostava que fosse derivado do facto disto ser um site (supostamente) humorístico. Infelizmente, aqueles que sabem o que se está a passar já se estão a preparar. Lembrem-se sempre, e em especial se forem cristãos, daquela simples e iluminada questão “Quando é que Noé construiu a Arca?”. A resposta: antes das chuvadas.

As chuvadas vêm aí. Livrem-se das dívidas, não se individem mais, não gastem dinheiro no que não precisam, caguem para o marketing inútil que nos inunda os sentidos. Agora, se eu conseguisse convencer a Haagen-Dazs a vender-me algumas receitas antes de me pirar para o campo…




Não sei se receitas de gelados serão o ideal. Afinal, se a nossa forma de vida vai regredir assim tanto que a maior parte de nós não vai trabalhar nem ter dinheiro para casas ou carros, não sei se vamos ter dinheiro para ter vacas (ou terreno para as criar). E como a minha avó dizia “um gelado sem leite de vaca é como um jardim sem flores”.

Não, não. Se vamos ter que ir viver para o campo para evitar os antros de pedintes em que as cidades se vão transformar, temos que fazer criação de animais robustos, omnívoros e muito versáteis.. os porcos! Sim, porque os porcos comem tudo.. rebentos, cascas de batatas, bolotas, até ossos de outros seres vivos se for preciso (cheios daquele saboroso tutano, humm, mnham mham 😉

Ora, eu nunca vi gelados feitos de leite de porca.. agora que penso nisso, nunca vi quaisquer lacticínios com leite de porca.. o que me faz pensar que talvez não seja muito bom para consumo humano.. quanto mais não seja por não ser muito saboroso.. afinal, se os porcos até comem ossos, aquilo não pode ser bom ;P

Eu cá aposto nas sopas.. mais fáceis de fazer, nem que seja com água do poço que seremos obrigados a ter (sim, porque nessa altura também já não teremos a abundância de água a que estamos habituados agora) e os vegetais e leguminosas da nossa horta. É que, parecendo que não, estes são muito mais fáceis de cultivar e mais resistentes que os morangos, pêssegos, cacau ou pistácios.

E como não é tarde nem é cedo, deixa-me dar um saltinho ali à Loja das Sopas.. pode ser que consiga rapinar algumas receitas enquanto os empregados não estiverem a olhar 😉


Ah ah ah! Há pessoas que até a fantasiar querem fazer dieta. Pois se eu me preocupasse em roubar receitas, a Loja das Sopas não era bem o primeiro sítio que me ocorria.


O problema não são as receitas, são os ingredientes. Infelizmente, tenho a impressão que é muito mais fácil ter uma horta e fazer uma sopa, do que ter uma horta e fazer um Haagen-Dazs. Mas o que é que eu percebo de culinária?


Ah, já percebi, é para levar a sério!!!! Desculpem, julguei que a história do Haagen Daz era uma piada. Nesse caso, têm toda a razão, onde é que eu estava com a cabeça!!!!! Devo-me ter enganado no site.


Se há coisa com a qual não brinco é com Haagen-Dazs! 😉


Facciosos.


Oa gajos da Nestlé não visitam o blog…


Suas palavras são apocalipticas.


o meu sonho? Uma horta! Desejo livrar-me da minha empresa e da minha casa e ir para o campo cultivar. Não é por causa da visão apocaliptica que li anteriormente, mas porque estou farta desta culturazinha, desta sociedadezinha, desta merdinha. Alguém quer alinhar na horta?

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