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Desporto de tasca

A vida dos jornais diários desportivos (sim, eu considero os jornais diários desportivos entidades viventes) não deve ser fácil. A concorrência é muita, e não há assim tantas notícias desportivas, fresquinhas todos os dias.
Por isso é que, de vez em quando, estes jornais decidem oferecer uns brindes durante algumas edições. O consumidor incauto deixa-se enlear pelas superiores qualidades da oferenda e, dia após dia, lá vai comprando o jornal. Quando dá por ela, já está viciado, já precisa todas as manhãs da sua dose de notícias sobre bola.

A verdade é que este estratagema funciona. Principalmente se o brinde for mesmo um brinde, ou seja, se for de borla (aquela treta do “por apenas mais não-sei-quantos euros” já deixa as pessoas de pé atrás). Sim, o Português gosta de ofertas! Mesmo que sejam as coisas mais merdosas e inúteis. Se forem dadas, nós queremos!

Assim sendo, não são raras as vezes em que estes brindes ultrapassam a barreira do ridículo. No entanto, não é isso que acontece com a mais recente oferta do Record! Este diário já no passado deu provas da excelência dos seus brindes: lembro-me, por exemplo, do baralho de cartas com caricaturas dos jogadores do campeonato nacional. Foram edições e edições do jornal, a juntar às duas cartas de cada vez para, por fim, conseguir o baralho completo. Mas valeu bem a pena! Ainda hoje, quando organizo lá em casa uns torneios de jogo do peixinho, é este o baralho que uso. Dá ao jogo uma personalidade mais máscula.

Mas deixemos as glórias antigas do Record, e concentremo-nos na sua mais recente oferta. Trata-se, nem mais nem menos, de um jogo das damas.

damas1Logo na primeira entrega, podemos constatar a qualidade do material empregue neste maravilhoso brinde (nem acredito que não é preciso pagar mais por isto!). Isto porque recebemos imediatamente os tabuleiros (sim, tabuleiros. São dois: um do Sport Lisboa e Benfica, e outro do Sporting Clube de Portugal), umas caixas bem jeitosas, e umas peças das damas.

O tabuleiro surpreende pela superior qualidade. É em cartão. Mas cartão do bom, atenção! Cartão assim a puxar para o resistente. Fininho, mas resistente. E que brilha quando a luz lhe acerta num determinado ângulo.

damas2É, no entanto, nas peças que a magia acontece. Cada peça vem decorada com uma foto tipo passe da cara de um jogador do Sporting ou do Benfica. O material utilizado para estes elementos não é já o cartão (por acaso é pena, porque o cartão era tão porreiro), mas sim o plástico.

Considerando tudo isto, resta-nos felicitar o Record por ter descoberto aquilo que será a “galinha dos ovos de ouro” dos brindes promocionais dos jornais diários desportivos. Não consigo pensar em ninguém que não fique conquistado com esta extraordinária oferta.

Tirando, talvez, os jogadores.

Eu não sou jogador de futebol, nem tenho ambições de algum dia o vir a ser. Ainda assim, se eu fosse jogador de futebol, era capaz de não achar grande piada a ter a minha cara numa peça de um jogo das damas. É que o jogo das damas é uma coisa um bocado confusa para a sexualidade de um gajo (e nós sabemos como o pessoal do futebol é conservador com essas coisas). É que este é um daqueles casos em que começamos logo mal com o nome: Damas.
Mas não é só isto. Também há a própria mecânica do jogo. O que as peças fazem, no jogo das damas, é andar pelo tabuleiro fora a saltar umas por cima das outras, num gesto técnico a que se dá o nome de “comer”. Ora, eu achava que este era um daqueles jogos adequados para toda a família, mas começo a questionar esta crença, agora que é possível assistir, por exemplo, ao Mantorras a comer o João Moutinho em plena partida. É este o tipo de valores que queremos transmitir às gerações vindouras?

Mas as coisas ainda ficam piores. Quando, no jogo das damas, uma peça chega ao lado oposto do tabuleiro leva com outra em cima. Portanto, agora temos dois jogadores, um em cima do outro, a saltitar pelo terreno de jogo a fora, a comer outros jogadores. Assim, já entramos no campo do sexo em grupo. Sexo em grupo gay. Ou, com esta conversa das damas, será que é lésbico?

Se calhar, para a próxima, era de apostar num Mikado… Mas sem ser em cartão!




Se alguns jogadores jà vestem camisolas côr de rosa, não vejo razão para que não entrem num jogo de Damas….


Isso de andarem a saltar para cima uns dos outros, não é novidade.Eles gostam de marcar golos para se apalparem. Ainda não tinham reparado?

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