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Singstar Pop Hits

A Sony lançou recentemente mais um volume da sua série Singstar para a PS2. Para quem não sabe, o Singstar é um jogo que transporta a febre do karaoke para o conforto e privacidade de qualquer sala-de-estar. Com a ajuda de uns microfones (incluídos no jogo), os vários participantes poderão embarcar numa épica batalha vocal, cantando ao desafio vários êxitos da música popular. Por outras palavras, é arma perfeita para dar cabo da paciência aos amigos e acabar com uma festa que já se esteja a arrastar por demasiado tempo…
E eu não estou a ser mauzinho com o Singstar! Não, eu falo com a autoridade que a experiência me confere! É verdade, eu – e isto não é coisa de que me orgulho – já joguei Singstar (o álcool leva-nos a cada inconsciência!)… Garanto que não é um espectáculo bonito de se ver e, principalmente, de se ouvir.
É que o sacana do jogo é tão pernicioso que até um eventual momento de glória, um momento que poderia permitir salvar a pouca honra que me restava, ficou manchado pela vergonha: depois de várias músicas com pontuações miseráveis, lá veio uma em que consegui ter uma prestação razoável; podia ter saído de peito inchado e cabeça erguida. Podia, se a música não tivesse sido o “Wake me up Before You Go-Go”, dos Wham!

Mas deixemos os traumas pessoais de parte, e concentremo-nos neste novo lançamento. A grande inovação face às versões anteriores é que, pela primeira vez, temos músicas portuguesas para karaokar.
Ora, na minha opinião, este é um daqueles casos em que a ideia é boa, mas a execução desastrosa. Senão vejamos algumas das músicas incluídas neste lançamento: “Louco por ti”, do João Pedro Pais; “Para mim tanto faz” dos D’ZRT; “Jardins Proibidos” do Paulo Gonzo e Olavo Bilac (bom, esta até percebo: é para acabar com a desculpa do “não posso jogar porque estou rouco”)…
Não tenho nada contra estes prezadíssimos artistas; a questão é que, tendo nós um património tão rico em termos de música popular, porque raio foram escolher estas músicas e estes artistas?! Imaginemos que queremos fazer um dueto. Não seria bastante mais interessante cantar Nelo Silva e Cristiana, em vez de Paulo Gonzo e Olavo Bilac?

Agora, diz-me diante dela, não me mintas mais!
Cala-te, por favor…
Diz-me diante dela, se tudo isso é verdade!
Aquilo já terminou…
Diz-me diante dela, deixa já de fingir!
Acredita uma vez mais…
Diz-me diante dela, que assim não vou desistir.
Agora, diz-me diante dela!

E o que é feito daquele grande clássico, popularizado pelo imortal Marco Paulo (literalmente imortal: nem o cancro deu cabo dele!), o “Taras e Manias”?

Uma lady na mesa,
Uma louca na cama,
Na maior safadeza,
Você diz que me ama.

Isto é que eu gostaria de cantar numa sessão de Singstar com amigos! Para além de ser um tema com extraordinário potencial para a coreografia…
E quem diz estes exemplos, diz muitos mais. O que é feito de um José Cid (“Como o macaco gosta da banana”)? O que é feito de um Roberto Leal? O que é feito de um Clemente? A inclusão de um tema como, por exemplo, o “Eu sou uma abelha” teria, como dificuldade adicional, a peculiar pronúncia do intérprete: não bastaria estar afinado, também seria necessário dizer os r’s daquela forma bizarra.

Eu queguia seg abelha
Para sugar a vida inteiga
O teu pólen, minha flôgue

(…)

Zzzz-zzz-zzz
Sou uma abelha
Sempre em busca do mel
Pousa aqui, pousa ali
Nessa tua doce pele

Mas o que eu não posso mesmo perdoar é a omissão de um intérprete como Graciano Saga e, em particular, do seu trágico “Emigrante, vem devagar”:

Ele vinha tan cansado,
De tanto já ter rolado,
E então, adormeceu.

Nada podendo fazer,
Num camião foi bater,
E deu-se o choque frontal.

Seu carro se esmagou,
E desfeito ele ficou,
No acidente mortal.

Caros senhores da Sony, vejam lá se para a próxima tem mais atenção, se faz favor!




Tás mesmo passado, meu.


Too much time on your hands, i presume…


Pá… Concordo com os dois comentários anteriores. Mas claro, também concordo com o que antes foi sabiamente escrito no post.


Sr. João, tem toda a razão. O jogo em si, é o menos … o pior são os “artistas”. Sugiro que os utentes do mesmo, en vez de imitarem essas vozes, imitem antes aquele célebre anùncio televisivo: “o que eu comia agora, era um atunzinho à moda da Beira-Baixa, com atum e ovo … bem bom!”

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