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Marketing

‘Vamos fazer o melhor anúncio de todos os tempos!’ exclamou um, insuflado de ingénua confiança.
‘Mmmm…’ largou o outro, laconicamente. ‘O melhor de todos os tempos?’
‘Sim!’ continuou o primeiro, com um sorriso idealista nos lábios. ‘O melhor! Vai ser espectacular, vai ser extraordinário, vai ser estrondoso, vai ser espantoso!’ disparava o primeiro enquanto gesticulava amplamente no vazio, como se tentasse abarcar com os seus braços o próprio absoluto.
‘Mas isso é capaz de ser complicado…’, disse o outro, no seu irritante cepticismo.
‘Tem de ser! Temos de aumentar os lucros desta empresa! Temos de maravilhar as pessoas! Temos de as arrebatar com aqueles segundos de magia televisiva! Embriagá-los com coloridos delírios de arte comercial! Temos de mistificar os clientes com o mais sublime spot publicitário que alguma vez agraciou o prime-time com a sua presença!’ continuou a insistir o primeiro, com um brilho nos olhos.
O outro recostou-se na cadeira. Suspirou enquanto olhava, inexpressivo, e janela e atirou um lapidar “Não.”
‘Não?’ indagou o primeiro, desalentado.
‘Não. Não vamos fazer isso. Olhe à sua volta! Onde é que nós vamos arranjar alguém capaz de fazer “o melhor anúncio de todos os tempos”? Não é só falar no assunto, meu amigo: é preciso haver fibra para o levar a cabo! E isso, meu inexperiente colega, nem com duas candeias acesas…’
‘Então, e como faremos o anúncio? Temos de arranjar maneira de aumentar os lucros e de…’
‘Nós vamos elevar a notoriedade da marca, fique descansado!’ disse o outro, com um sorriso enigmático. ‘Mas vamos fazê-lo de outra maneira!’
‘Que outra maneira?’ quis saber o primeiro, novamente entusiasmado.
‘Muito simples: vamos fazer o PIOR anúncio que conseguirmos!’ Um esboço de triunfo animou-lhe a face rude. ‘Vamos fazer um anúncio tão obscenamente mau, tão visceralmente repugnante, tão inacreditavelmente intragável que toda a gente se virá obrigada a comentá-lo!’ concluiu, elevando a voz.
‘E acha que isso vai funcionar?’ perguntou, a medo, o primeiro.
‘Eu SEI que vai funcionar! As pessoas vão discutir o anúncio junto dos familiares, dos amigos, no local de trabalho, nos transportes públicos! E, enquanto isso, o nome da empresa andará de boca em boca, sedimentando-se mais e mais nas mentes dos consumidores!’ Largou uma gargalhada um tudo-nada demente. Recompôs-se logo de seguida. ‘Até já tenho uma ideia para a música e tudo!’ Atravessou a sala e sentou-se ao piano. Os seus dedos tocaram alguns acordes e, dos seus lábios, de forma quase inaudível, escaparam-se algumas palavras:

«…É fácil! É como encontrar um trevo na tromba de um elefante!»




_ Boa!

_ Só espero é que fiquem por aí. Especialmente num elefante; não era nada agradável encontrar um trevo num outro sitio que desse, longamente, mais nas vistas.


Eu adoro esse anúncio. Peço desculpa.


O problema é que o raio da música não me sai da cabeça.
De certeza que o maldito anúncio deve ter alguma mensagem subliminar porque parece que não sou apenas eu a afectada. Já ouvi várias pessoas a cantarolar e a ilustrar qualquer tarefa mais simples com o já fatídico “é como encontrar um trevo na tromba dum elefante”.


Hmmm, o anúncio não é assim tão mau.

Mas a música! A música é hedionda!!!! Aquela canção é realmente obscena de tão má que é. Em relação à composição da música e principalmente dos versos inanes tenho a certeza que um daqueles publicitários disse qualquer coisa do género:

“Epá, temos é de arranjar maneira de violentar o pavilhão auditivo dos espectadores. Temos de o mutilar psicologicamente com uma canção mais perfurante que uma broca de diamante! Temos que esmagar a resistência do consumidor”.

É que aquilo é constrangedor.


E como se não chegasse a música ser hedionda, ainda foram buscar um cantor com uma voz parecida com a voz do Malato. Será que foi de propósito? Ele andava a fazer publicidade ao Jumbo, não andava?


Desculpar-me-ão, os que dele gostam, mas o anúncio é uma merda, com licença da conversa.

Mas, pelos vistos resulta, senão não estaríamos a falar dele, né

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