Almoço com o Dr. House
Eu tenho a boa sorte de poder desfrutar, todos os dias, de um bom almocinho caseiro. Nessa altura, costumo dividir a minha atenção entre três coisas: a excelente iguaria que me é apresentada, o Jornal da Tarde, e o Dr. House (que passa na Fox por aquela hora).
Parece um programa de sonho mas, ultimamente, tenho tido dificuldades em afastar a estranha sensação de, se calhar, não andar a fazer as melhores escolhas para a minha hora do almoço… Não tem a ver com a vertente gastronómica, e também não tem a ver com o noticiário (embora este também seja, por vezes, algo indigesto); tem mesmo a ver com o Dr. House. Será esta série a mais apropriada para ver durante a refeição? Não me interpretem mal: eu adoro a série, mesmo não percebendo metade do que se está a passar (“ah, era óbvio! Deviam logo ter dado os 10 cc de Olimoprazonol ao gajo! Tsk, tsk…â€), mas à s vezes é um bocadinho demais…
Vamos observar, a tÃtulo de exemplo, o meu almoço de hoje. Estava eu a debater-me com um prato de lulas guisadas (um prato que, no fundo, é uma astuciosa variação da jardineira, só que com lulas em vez de carne), quando começo a ver o episódio da dita série. Nele, um desgraçado de um doente tinha um coágulo na vista que o estava a cegar. Estava eu a esfurancar com o garfo um bocado do molusco, quando os médicos da série apareceram com a solução: espetar com uma seringa pelo olho adentro do indivÃduo, e aspirar um bocado do humor vÃtreo (de salientar que isto tudo foi mostrado com o maior detalhe)! Mas enfim, tudo bem. Somos cá meninos ou quê?! Uma seringa enviada no globo ocular é a coisa mais normal do mundo! Adiante.
Uns minutos mais tarde, a condição clÃnica do paciente agravava-se (sim, porque o coágulo no olho era só a ponta do icebergue). Após umas alucinações muito assustadoras e dramáticas, o doente lá volta a si, dizendo “acho que molhei a camaâ€. E não é que molhou mesmo? Com umas litradas de sangue que lhe estavam a sair em esguicho da cavidade anal! Mas pronto, também não há razão para uma pessoa se sentir incomodada com isto… O sangue é a coisa mais natural do mundo. Mesmo quando sai em grandes quantidades pelo sÃtio do cocó… Ah, estas ervilhas nunca me souberam melhor…
Lá mais para a frente do episódio, o Dr. House achou que a solução para a misteriosa doença podia estar no gato da famÃlia. Só havia um problema: o gatinho já há uns tempos que tinha morrido e que estava enterrado no quintal do doente. Claro que não seria uma coisa insignificante como esta que iria travar o genial médico: um dos seus lacaios foi destacado para ir desenterrar o animal semi-putrefacto. O apoteótico culminar disto foi uma sequência algo extensa na qual o virtuoso médico efectua uma autópsia ao gato algo decomposto e ainda um bocado conspurcado de terra… Olha que estes tentáculos ensopados em molho estão bem bons, hem!
Mas afinal o que é que o homem tinha? Estou algo preocupada uma vez que tenho um gatinho. Elucida-me.
Heidi // 06.03.2007
Tinha intoxicação por naftalina, derivada do acampamento de térmitas existente nas paredes do quarto do rapaz. “As térmitas produzem naftalina para proteger os ninhos”, segundo parece.
dr. croius // 06.03.2007
Eram as térmitas, sim senhor! Vejo que o Dr. Croius também é apreciador da série… Faz bem: nunca se sabe quando é que aparece nas urgências um tipo com coágulos no olho, a alucinar e a deitar sangue pelo rabo.
O que me faz pensar: o que será que fica mais barato no momento de proteger o nosso guarda-fato? Um pacote de bolas de naftalina, ou uma colónia de térmitas?
Cheira-me a oportunidade de negócio!
João Troviscal // 06.03.2007
Caro João, devo dizer que tem mais sorte do que eu. Acabei de almoçar, uma sopa num cafezito perto do trabalho, e devo dizer que não estava a dar o Dr. House (serie que adoro), mas estava a cantar o Marco Paulo que também me deu volta ao estomago. A nossa televisão tem realmente um discernimento para compor os horarios da programação que é obra. Qualquer dia temos filmes para maiores de 18, às 09 da manhã de Sábado e Domingo.
Luisa Simões // 06.03.2007