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Um mito vivo no DQD!

É com prazer que anunciamos a chegada do Augusto ao nosso pasquim.
Mas esperem! Este não é um Augusto qualquer!
Os lisboetas que tiverem utilizado as casas-de-banho dos cinemas Monumental, antes das obras de renovação, saberão quem é este Augusto. Autor latrinário de grande qualidade, Augusto foi o responsável por linhas tão simples como “Lá fora és um herói mas aqui mijas-te todo” ou mesmo “O amor é como o fósforo: só arde enquanto há pau!”.

Ahhhh, saudosos tempos esses em que, à falta de blogs e internet, as paredes e portas de casas-de-banho, bem como tampos de secretárias de escola, eram utilizadas como forma de expressão semi-pública.
Durante alguns anos, a escrita de Augusto cativou os lisboetas. Tiradas minúsculas, únicas, quase filosóficas. Verdadeiras pérolas do mais fino e discreto humor. Coisas tão suaves e incisivas que, na maior parte dos casos, maior reacção não provocavam para além do muito comum “Hã?”, normalmente associado a um coçar de cabeça. Chegou-se a pensar que o homem fosse um mito. Uma força biológica que pairava no ar e apenas afectava os apertados e aflitos nos piores momentos, obrigando-os a escrevinhar extasiadas mensagens com caneta de feltro sobre azulejo macio.

E numa altura em que quase já o havia esquecido, eis que Augusto se cruza na minha vida, completamente por acaso. Apenas a menção de uma das suas expressões (“Pagar impostos? Isso é o mesmo que mijar contra o vento: dás do teu e ainda acabas pior do que estavas!”) foi o suficiente para despertar no homem – até então mero transeunte no mesmo passeio que eu – as lágrimas saudosas de tempos idos. O mito foi desmascarado! O homem afinal existia!

Convencê-lo a vir para aqui escrever já foi mais complicado. Envolveu uma longa sessão de copos (paga na sua inteireza aqui pelo autor do DQD), que culminou numa sessão de desafinada cantoria pelas ruas de Lisboa às cinco e meia da madrugada.
À nossa volta, a cidade preparava-se para a azáfama do costume. Os primeiros autocarros da Carris passavam por nós, acenando-nos negativamente por nos verem abraçados a um poste. E enquanto procurávamos trocos para apanhar um taxi, ficámos com a sensação que conseguíamos ouvir a cidade. Ouvimos as pessoas a remexerem-se e a torcerem-se nas respectivas camas, naquele mexe-mexe de bexiga cheia que anuncia a chegada dos primeiros raios de sol. “Estás a ouvir, Toscano? Isto é o barulho da cidade a acordar. Esta cidade é um organismo, Toscano!!”, dizia o mestre ao seu aluno, com os olhos revirados dum salutar misto de cansaço com alcoolémia.

Era altura de fugir para casa!
Trocámos de telemóvel. E não me refiro a uma troca de números de telemóvel. Trocámos mesmo de telemóvel! Eu fiquei com o dele, ele ficou com o meu. O que nos deu uma oportunidade única de nos apresentarmos aos amigos um do outro como forma de os despertar. Eventualmente, lá nos conseguimos encontrar e reaver as respectivas tecnologias móveis.

Dois dias depois, já mais sóbrios, Augusto admitiu qualquer coisa como “Sabes, Toscano, eu escrevia aquelas coisas nas paredes apenas pelo gozo. Mas comecei a estranhar quando houve Sextas-feiras em que já não me sentia bem se não fosse lá escrever nada. Quase com a sensação de que o dia não tinha acabado. Sentia o desapontamento dos restantes utilizadores daquelas casas-de-banho. Tu lembras-te como era, não lembras? Nas Sextas em que eu não escrevia nada, sentia-se a tristeza no ar. E quando o Monumental decidiu entrar em obras, para mim foi um alívio. Já não escrevia porque não podia. E depois meteram para lá aqueles azulejos anti-tinta e eu nunca estive para comprar canetas de acetato, que eram caras para caraças na altura! Desde então que prometi a mim mesmo que nunca mais escreveria nada. Mas tu pareces ser um maluco porreiro! Por isso, se quiseres, eu escrevo para esse teu site!”

Apertámos as mãos (um do outro, claro. Apertar as nossas próprias mãos não iria fazer sentido). Demos um forte abraço. As lágrimas escorriam-nos pela face como pingas de chuva num pára-brisas. Parecia o final do Rocky IV, com o Silvester Stallone a gritar pela mulher, cego da porrada que havia levado na tromba. E mantivemo-nos em contacto desde então.

Escrever este site já me deu oportunidade de conhecer algumas pessoas interessantes no nosso meio criativo. Como por exemplo… er… bem, na realidade, nunca conheci ninguém interessante à conta deste site. O que torna a chegada do Augusto em algo ainda mais estrondoso! É com enorme orgulho e, ao mesmo tempo, humildade, que tenho o prazer de trazer de volta o Augusto que cerca de 200 portugueses devem tão bem conhecer. Um mito lisboeta, pela primeira vez, em directo no DQD! Está-se a fazer história!!
Os mais novos que se cuidem e aprendam qualquer coisa. E os mais velhos que se deliciem com um humor que já julgavam esquecido.
A partir de agora, as missivas rápidas do Augusto, ideais para quem não gosta de ler muito mas gosta de ficar a pensar, aqui no DQD!

Obrigado, Augusto!




Nã tenho idade para me lembrar do Augusto, nessa altura não saia a noite em Lixboa. Mas lembro-me de ouvir falar nas frases dele nas casas-de-banho. fantástico! E é mesmo ele que vai escrever aqui?! para quando?!


Em princípio, o Augusto escreve já a partir da próxima semana! Amanhã vou-lhe dar um tour aqui do sistema. E sim, é o verdadeiro Augusto! 🙂


É isto que vem substituir o Amilcar? Para quem critica os outros de plágio a vossa originalidade anda pelas ruas da amargura.


Para quem tem um “portal de música pimba”, aqui está um gajo que pode falar muito…

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