Hoje de manhã ia, absorto, a subir as escadas rolantes de uma estação do Metropolitano quando, subitamente, rebenta um pouco à minha frente um grande alvoroço, invulgar para um local cuja frequência àquela hora é maioritariamente feita de pessoas que se arrastam molemente, num misto de preguiça e desespero, para mais um dia de implacável rotina (e, ainda por cima, a uma segunda-feira!).
A causa do inesperado alarido foi a seguinte: uma senhora, de proporções avantajadas tinha caído com grande aparato ao fundo das escadas. Um grito assustado, uma mala pelo ar, um chapéu-de-chuva partido, um sapato fora do lugar (isto parece uma música do Abrunhosa…). E, quase imediatamente, a agitação dos que mais perto estavam: ataques de histerismo das pessoas mais impressionáveis, dois homens solícitos que ajudaram a pobre senhora a levantar-se, uma rapariga que foi apanhar a mala.
“Muito obrigado!”, disse a senhora, enquanto se compunha a vestimenta. “Escorreguei num destes panfletos que estão práqui espalhados no chão!”.
Enfim, à parte de um chapéu-de-chuva bem bonito que ficou sem salvação, a peripécia pareceu não ter consequências de maior. Continuámos todos a nossa vida.
Escassos metros à frente, o rapaz que distribuía folhetos continuava o seu trabalho, ignorante quanto à recente barafunda. Quando ia a passar por ele, entregou-me um exemplar.

Não pude evitar uma gargalhada…

 

 

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