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GPS e os menires

Há relações que só se detectam se tivermos um olhar atento sobre os fenómenos. E é bom chegar à conclusão que se fazem coisas boas por cá (da parte que me toca, nunca comi um bacalhau à lagareiro tão bom como em Portugal). E foi isto que aconteceu com Cavaco Silva na sua visita aos reis de Espanha.

Segundo esta notícia do DN, na sua visita ao lado inimigo, Cavaco Silva levou a prenda que exige o protocolo. Mas a prenda não se tratou de loiças da Vista Alegre, colchões da Molaflex e muito menos alheiras de Mirandela. Tratou-se, isso sim, dum fabuloso telemóvel com GPS, tendo sido o software inteiramente produzido por uma empresa portuguesa. É obra! E batemos palmas a Cavaco Silva por isso.

Na altura em que isto acontecia, e segundo outra notícia presente na edição de hoje do Diário de Notícias, possantes retroescavadoras e voluntários populares, no Barrocal, ajudavam ao levantamento de um menir de mais de 15 toneladas.

E é isto que eu adoro nos portugueses! O espírito de equipa.
Toda a gente sabe a importância que os menires têm não só para o aperfeiçoamento da História universal, mas também para a orientação espacial. Neste caso, uma peça fundamental para o funcionamento correcto do nosso sistema de GPS.

Imagino Cavaco Silva a sentir qualquer coisa a vibrar-lhe no bolso das calças. É um sms do responsável da InfoPortugal (a empresa que desenvolve o dito sistema)! Diz qualquer coisa como “Sr. Presidente, o menir está de pé! Repito, o menir está de pé!”. Cavaco desculpa-se à realeza espanholeca e dirige-se até à sua viatura, de onde retira um grande embrulho colorido do porta-bagagens.
O rei João Carlos (Juan Carlos para os espanhóis) faz um sinal a um dos seus guarda-costas para que dê uma ajuda a Cavaco, uma vez que o embrulho parece grande demais.
Cavaco nega a ajuda do guarda-costas, vociferando assanhado “Xô, coño! Não há nada que um chefe de estado Português não consiga carregar!”
A primeira-dama Maria Cavaco Silva pisca o olho ao marido, e segreda aos ouvidos da raínha “Fui eu que dei a ideia de fazer um embrulho tão grande. Na realidade, a prenda é muito mais pequena. É um telemóvel 3G. O meu marido sabe que o rei é maluco por essas coisas!”

Cavaco entrega então a prenda ao rei, que a recebe de braços abertos, tendo-os fechado logo de seguida (caso contrário, não conseguiria segurar nela).
E presto! O rei João Carlos passa-se completamente! Diz-se, em Espanha, que ele é um apaixonado por qualquer coisa com luzes e botões (o que até já chegou a ser um embaraço para o governo espanhol. Quem não se lembra das duas horas que ele passou a carregar nos botões de passagem de semáforos, a vê-los a mudar de côr, aquando da sua visita a Portugal em 2001?)

Enquanto que Maria e a raínha dizem coisas do género “Ai, estes homens! Podem ser reis e presidentes, mas serão sempre uns putos autênticos.” e “Yo nim deseo recordar cuando le di un Playstation 2. Need for Speed dia y noche!”, Cavaco tira o casaco, arregaça as mangas da camisa, passa rapidamente o indicador pela língua, saca a película protectora do écran do telemóvel novo, e explica a João Carlos como é que a geringonça funciona.
“Está a ver, João? Isto até lhe diz os restaurantes que há aqui na zona e tudo! Se você não tivesse arranjado este banquete real, podíamos ter ido comer ali ao “Toro del Cabrito”, que eu até já ouvi dizer que se come lá bem.”
João Carlos acena, pasmado, exclamando coisas como “¡Oh! ¡Mira esto! ¡Maria, mira esto! ¡Esto es maravilloso! Gracias, Cabaquito, muchas gracias!”

Ao mesmo tempo que isto acontece, festa grossa rebenta nas instalações da InfoPortugal! Abrem-se garrafas de Raposeira, executivos carregam assistentes às cavalitas, o ambiente é de festejo.
E no Barrocal a coisa não fica atrás!
À sombra do menir recém-erguido, populares e trabalhadores descansam, enquanto são regados a cerveja por aqueles que ainda têm algumas forças.
O espírito português funcionou novamente! Deixámos a coisa para a última, mas conseguimos desenrascar-nos!
Agora é tempo de celebrar.

Portugal: 1 – Espanha: 0
Eu amo o meu país!


E para aqueles que acham que eu estou a ser sarcástico, fiquem sabendo que eu amo mesmo o meu país. Afinal, não é na altura em que o nosso clube está na mó de baixo que devemos deixar de torcer por ele, não é?




O grande problema que se nos coloca é que o texto é tão bom que quaisquer comentários empalidecem de insignificância perante ele 😉

Gostei particularmente do pormenor do “Sr. Presidente, o menir está de pé! Repito, o menir está de pé!”

Se fosse na versão do Corte Inglês seria “Sr. Presidente, o menir está 5 barra 5” 😉

Parabéns aos comentadores e à designer do site – no 1º dia ainda estranhei, mas agora parece-me perfeito 🙂


De facto esta lindo! O texto e o site, claro. A historia nem esta nada de especial, é a maneira como esta (d)escrita.


Por isso tenho ficado com uma grande pedra quando falo ao telemóvel. Está explicado. Quer dizer que vão trocar os pelourinhos por menires? Fixe, ganda pedra, meu.


Quanto terá custado á InfoPortugal estes spots publicitários em prime time?

E ao Presidente?

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