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Catástrofes naturalizadas

Cada vez que ocorre um terramoto, um tsunami ou uma queda dum asteróide numa parte qualquer do planeta, as pessoas bradam imediatamente aos céus, como que admitindo a impotência do ser humano perante tais catástrofes. No entanto, há muitas situações do dia-a-dia perante as quais também somos igualmente impotentes.

Publicidade nas caixas de correio.
Não me diga que você foi uma daquelas pessoas que, pelo facto de ter colocado o autocolante do Instituto do Consumidor a dizer “Publicidade não endereçada AQUI NÃO”, julgou mesmo que iria deixar de receber as últimas promoções do Lidl?
A intenção foi boa. No entanto, este é um dos casos em que tanto a empresa como o consumidor final são completamente impotentes. Por mais que tentem ensinar os adolescentes, a quem pagam 5 euros ao dia, para distribuir publicidade convenientemente, a verdade é que todos esses ensinamentos devem cair em saco rôto. E nós, que outro remédio teremos senão encolher os ombros e usar o papel para forrar a casa-de-banho do gato?

Tentar explicar uma coisa tecnológica a uma pessoa de idade.
Calha-nos a todos, pelo menos uma vez na vida. E não há muito que se possa fazer. Por mais claros que julguemos ser, há sempre alguma coisa que escapa a quem está do outro lado. Como disse Dave Gorman, “imaginem tentar explicar à vossa avó, ao telefone, como programar um video, sabendo vocês que ela não tem um video mas sim um bolo!”. Isto deve dar ideia do grau de impotência que esta situação provoca…

O tipo que se mete à nossa frente na estrada.
Você pode ser um condutor hardcore, sempre com um olho no telemóvel e outro na faixa de rodagem, com a velocidade controlada para não deixar ninguém entrar. Mas à mínima distracção, é certo e sabido que alguém se mete à sua frente. Ora vê uma senhora cabeluda dentro dum Opel Astra cinza metalizado, ora está a ver a nuca dum careca dentro dum Renault Megane. Quase como se fosse magia! E também aqui não há nada a fazer…

Porno na internet.
Quem é que não adora ver videos de fist fucking‘s anais a hermafroditas gay? Na realidade, muita gente não gosta disso. Mas se você é utilizador de internet (se não for, é estranho que esteja a ler isto…), então sabe que não há maneira de escapar à pornografia. É apenas uma questão de tempo até receber um email com propostas menos decentes, conselhos para a compra de Viagra a baixo custo, e mensagens do amigo que nos diz ter visto a nossa mulher na cama com outro (e que conseguiu tirar fotos, vá-se lá saber como).

O fisco.
Esta é aquela palavra que nem se deve pronunciar alto, caso contrário o fisco pode ficar excitado e ainda decide que a compra daquele novo chapéu de praia tem de ser investigada de fio a pavio.
Calha a todos os contribuintes e ninguém escapa.
Exceptuando, é claro, aqueles que têm os melhores advogados. Por outro lado, é caso para dizer que, para escaparem duma torneira a pingar na casa-de-banho, atiraram-se para um cano rôto na cozinha. Afinal, o que se costuma dizer dos advogados é que são aquela classe profissional que nos protege o dinheiro para poder ficar com ele. Entre advogados e fiscais dos impostos, venha o diabo e escolha.

Este artigo serviu apenas para exemplificar que a impotência é um fenómeno sentido diariamente por cada um de nós. Não apenas por vítimas de maremotos ou homens com disfunções erécteis. Vivemos rodeados de eventos e situações que não conseguimos controlar.
Pelo que, da próxima vez que sentir pena das vítimas na Indonésia, pense em como a sua vida é morbidamente mais impotente. E se achar que esta afirmação é má onda, lembre-se do que acabou de ler. É que também aqui não há maneira de evitar que estas merdas me saiam da cabeça!




E o papel higiénico que nunca rasga pelo picotado?
Mas há mais: A torrada que cai sempre com a manteiga para baixo; O telefone que toca quando acabaste de trancar a casa toda; O vizinho que aparece à porta logo agora que está a dar na TV aquilo que esperaste o dia todo para ver (e são só 2 minutos de reportagem); O fiscal do metro que te apanha na única vez que não compraste bilhete; A inexplicável borbulha na testa logo hoje que vais almoçar com a tua ex-colega de escola gira que está a trabalhar no Barclay’s; Os preços errados do cliente da frente na fila mais curta do supermercado (e afinal já desconfiavas que ia acontecer); O corte de 2 das 3 faixas de rodagem na Vasco da Gama para limpar semáforos, logo hoje que tens de estar no Montijo daqui a 15 minutos (e tinhas tudo controlado); A bomba 1 em pré-pagamento e com o sistema Pay&Go SEMPRE fora de serviço (obrigado GALP por criarem este rápido sistema de abastecer e entrar em órbita, mas não como na vossa publicidade); O teu tio Artur que quando te vê ainda te mete uma nota de €5 no bolso para ires lanchar, à frente de toda a gente, apesar dos teus 33 anos, mulher e filhos. E, por falar em filhos, logo hoje que estás com uma dor de cabeça horrível, saem-te dois apitos na merda do ovo Kinder.

Enfim, isto só para amostra de um dia meu.
Sim, somos muito pequenos.
Aliás, Murphy explica.


Essa da coisa tecnológica para pessoa de idade é bem verdade 🙂 é tarefa para demorar dias a fio

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