Está nos jornais! Uma das vacas que compõem a Cow Parade foi roubada durante a noite! Mas há mais: aparentemente, houve testemunhas oculares de tão vil acto (um taxista apanhou os prevaricadores em flagrante), o que faz com que as autoridades já estejam a apertar o cerco ao raptor.
Bom, já que houve um taxista a presenciar o acto, o melhor é confessar… Sim, fui EU que tirei a vaca do sítio. Parece que, contra as minhas expectativas, havia algumas falhas no meu meticulosamente talhado plano criminoso (consistia, em resumo, em parar a meio da noite uma carrinha suficientemente grande, pegar no volumoso bicho, e metê-lo lá dentro. Quem adivinharia que poderíamos ser vistos?).
Claro, já me podem estar a colocar rótulos tão desagradáveis como “ladrão”, “tarado”, “criminoso” ou “ladrão de gigantescas vacas postiças” (espera, este até que tem algum fundamento…), mas a verdade é que eu sou um mártir da causa bovina! Esta é a verdade que ninguém quer ver! Pode ter sido um crime, mas foi um crime passional: eu ia a passar e vi o olhar terno e meigo da pobre vaquinha. Com a reabertura da Praça de Touros do Campo Pequeno (mesmo ali ao lado), não tive dúvidas que haveria de demorar muito pouco até que a fossem buscar, para que um indivíduo com calças apertadinhas e um casaco cheio de dourados a pudesse picar toda.
Pois bem, a audaz aventura aproxima-se do seu término! Mas desenganem-se aqueles que julgam que me darei por vencido. Nunca me apanharão vivo! Nem a mim, nem à Cowpyright! A vaca está escondida, e caso isto comece a dar para o torto, já tenho (por muito que isto me custe) destino para ela. Por isso, se não querem receber a vaca aos bocadinhos dentro de cada Big Mac ou Happy Meal que comerem (sim, já falei com o McDonald’s, e eles estão muito interessados), o melhor é começarem a colaborar.

Elaborei uma lista de exigências que deve ser escrupulosamente seguida:

– Um jacto particular à minha espera no Aeroporto da Portela (dava-me mais jeito no da Ota, mas também não vou fazer exigências irrealistas);
– Um depósito no valor de 1 milhão de euros na minha conta bancária da Suíça (não tenho aqui o NIB, mas perguntem-no ao André: ele todos os meses transfere para lá os meus avultados honorários de dizquedisseiro);
– Um daqueles placards, que se vêm muito nos montes espanhóis, com a silhueta de um touro.
– A repetição da novela da TVI “Ninguém Como Tu”. Quero voltar a sentir o turbilhão de emoções que a trágica vida de Luísa proporciona;
– 20 litros de leite UHT magro;
– Um sortido de enchidos;
РUma camur̤a para o carro.

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