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Ainda o Duplo Team

É verdade que nem 24 horas passaram desde que eu escrevi o post relativo a este genial filme mas, como todas as grandes obras, o Duplo Team revela-se um autêntico palimpsesto de sentidos, onde a cada nova aproximação surgem novas ideias e novas emoções, mas também novas inquietações. Ora, é precisamente uma destas inquietações que me leva de volta a este tema.
Ocorreu-me a meio da noite e, devo confessar, tive dificuldade em voltar ao sono descansado. Algo parece não bater certo… Mas como? Como é possível que numa criação do calibre do Duplo Team possa haver falhas no argumento? Tem de haver uma explicação qualquer…
A questão é simples: como é que raio a batalha final se pôde desenrolar no COLISEU DE ROMA?!
É que eu tenho a sensação que o Coliseu é uma das maiores atracções turísticas da capital italiana. Como é que o vilão tomou conta daquilo? E se fosse em Lisboa, para onde é que ele ia? Para o Oceanário? Para a Torre de Belém? Para os Jerónimos? É que nem sequer se coloca a questão de o herói e o vilão se encontrarem por acaso, durante uma visita àquilo. Não! Houve ali planeamento: o Stavros teve de encher a arena de minas, teve de arranjar um tigre para lançar ao Van Damme (onde é que ele arranjou um tigre? Que tipo de lojas de animais é que há em Roma?), etc.
Eu acho que estas questões carecem de respostas urgentes, mas recuso-me a aceitar que estes “problemas” belisquem a excelência da obra. Estou mais inclinado a aceitar que tudo isto é fruto da acção infame e desumana daqueles autênticos carniceiros da arte que são os grandes estúdios. Gente que, seguramente, não hesitou em sacrificar a história e (mais importante ainda) a visão do realizador, em prol de uma duração mais adequada a um certo público. Se for este o caso, resta-nos esperar pelo director’s cut…
Ou será que foi propositado? Será que era a intenção do realizador deixar um “espaço em branco”, um locus aberto à subjectividade, uma irrupção da liberdade no seio de um meio tão fortemente determinista como o cinema (em particular, o de Hollywood), onde cada espectador é convidado a construir a sua própria realidade fílmica? É certo que esta hipótese parece mais condizente com o génio de Tsui. Pelo que me toca, não me furtarei a apresentar a minha própria construção:

Provavelmente, Stavros era amigo do homem forte da Direcção Regional de Turismo lá do sítio, por ter andado com ele nas aulas de acordeão. Fez-lhe um telefonema, e ele lá lhe arranjou o Coliseu:

LUIGI: Estou?
STAVROS: Luigi, pá! Fala Stavros!
LUIGI: Grande Stavros! Então? Tudo bem? Como é que te corre a vida?
STAVROS: Mais ou menos… Às vezes não é fácil… Estou constantemente rodeado de tiroteio e – chuinf! – o meu filho morreu…
LUIGI: Ahhhh… Pois, pois… Isso é muito chato… Eu também tenho andado aqui com uma comichão, bom, é mais um ardor… Um ardor-comichão, vamos lá! Um ardor-comichão aqui entre os dedos dos pés que me anda a lixar. A minha mulher já me disse “Homem, vai ao dermatologista!”, mas eu ainda não tive vagar…
STAVROS: Conheço uma pomadinha boa para isso.
LUIGI: Ah sim? Hás-de me dar o nome! Bom, mas afinal a que se deve o telefonema?
STAVROS: Eh pá, desculpa lá estar a chatear-te por causa disto, mas precisava de um favor teu…
LUIGI: Chuta!
STAVROS: Será que dava para me emprestares o Coliseu por um diazito? Pá, nem preciso de um dia; basta uma tarde…
LUIGI: AH! AH! AH! Este Stavros… Sempre na brincadeira…
STAVROS: Eu estou a falar a sério. Precisava que fechasses aquilo ao público durante um bocado, emprestavas-me as chaves, e eu lá ficava descansadinho…
LUIGI: Eh pá… Sabes que é complicado… Com os turistas todos… Mas afinal para que queres tu o Coliseu?
STAVROS: Raptei o filho ao meu arqui-inimigo, e ele agora anda atrás de mim para ajustar contas. Adivinha-se um confronto e eu tinha pensado que o Coliseu era um sítio porreiro para isso.
LUIGI: E não se podem remediar com outro sítio? Sei de uma pensão jeitosa ali para os lados de…
STAVROS: NÃO! Tem de ser no Coliseu!
LUIGI: Bom, está bem… Suponho que posso pôr lá um cartaz de “fechado para remodelação”…
STAVROS: Obrigadinho!
LUIGI: Tudo bem. Tem é lá cuidado com aquilo, hem? É que vocês, mega-vilões, têm um bocado a mania de dar cabo de tudo…
STAVROS: Não te preocupes, pá! Estou só a pensar em espalhar umas minas pela arena… Coisa pouca!
LUIGI: Enfim, não me agrada muito, mas suponho que se recusar tu mandas um dos teus capangas limpar-me o sebo, não é?
STAVROS: Sabes como é…
LUIGI: Pronto, está bem! Dia 15, dá-te jeito?
STAVROS: Perfeito!
LUIGI: Fica marcado, então. Um abraço!
STAVROS: Já agora…
LUIGI: Sim?
STAVROS: Sabes onde é que posso arranjar um tigre?




Talvez o Calvin lhe empreste o Hobbes.


qualquer mega filmaço de acção tem que ter obrigatoriamente duas coisas: uma batalha final num sítio grande e apelativo(como 1 coliseu) e o Van Damme. Olha se tem o Van Damme, também tem que haver uma destas duas razões para o confronto: o melhor amigo do Van é assassinado ou a filha dele é raptada.
Agora o tigre é que já não é costume.

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