Continuando a popular rubrica, dissertamos hoje sobre mais um sinal de trânsito, também ele, inútil.

Alguém me explica o que devo de fazer quando encontro um sinal destes na estrada? Vamos supor que faço um passeio de carro, envolto na bucólica natureza selvagem de uma estrada de montanha. Ao meu lado esquerdo, a contra-mão, a majestosa paisagem, e o vertiginoso abismo; do meu lado direito, a rude e instável parede de pedra que se ergue, recta ao céu. Vejo um sinal destes, que devo fazer? Será que é suposto parar a viatura (antes do sinal, claro) e estudar minuciosamente a traiçoeira escarpa em busca do calhau ameaçador (e depois, uma vez descoberto, esperar pacientemente que caia – mesmo que isso signifique uma espera de vários dias)? Será que devo de passar o mais rapidamente possível, mesmo que para isso tenha de desprezar o código da estrada? Ou será que devo de prosseguir com o máximo cuidado, concentrando toda a minha atenção, não na estrada, mas no maldito empilhado de pedregulhos?
Francamente, parece-me difícil escolher entre estas alternativas… Acho que, no fundo, a única utilidade deste sinal é fazer com que os condutores não sejam apanhados desprevenidos. Parecendo que não, um gajo ainda apanha um cagaço do camandro quando um pedra de todo o tamanho se despenha em cima do tejadilho do carro. Assim, com este sinal, deixa de haver razão para sobressaltos (CLANG! «Ai Jesus! Que foi isto?!»; «Ó mulher, vê-se mesmo que não percebes nada de condução… Então, isto foi um calhau a cair em cima do carro! Não viste o sinal lá atrás?»).
Ou, se calhar, este sinal serve para proporcionar aos agentes de autoridade divertidos e salutares momentos de impune chacota: «Ora vamos lá tomar nota da ocorrência… Quê?! Então o senhor deixa que lhe caia um pedregulho em cima do carro, depois de passar pelo sinal!? AHAHAHAHAHAH! Que menino… Malta, venham ver o estado em que ficou o carro deste tipo! Hihihi… Pois, não ligou nenhuma ao sinal… Então você não viu o sinal lá atrás? Onde é que tirou a carta? Na farinha Maizena?».

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