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Haja coragem!

Infelizmente, nos dias que correm, há seres que não conseguem exibir um comportamento considerado civilizado para uma vivência em sociedade. Estou a falar, por exemplo, daquelas pessoas que não conseguem estar de boca fechada numa sala de cinema.
E ontem, ao tentar ver um filme nos intervalos das intervenções idiotas de alguns energúmenos que se encontravam perto de mim, apercebi-me rapidamente da solução para este problema.
Aliás, desenvolvi várias soluções possíveis. Verdade seja dita, acho que estava mais concentrado no problema do que no filme, tal era o grau de distracção provocado pela escumalha subhumana que se encontrava à minha volta.
A primeira opção foi a realização prévia de um teste.
Vejamos como poderia ser uma conversa normal à beira duma bilheteira, se o mundo em que vivemos fosse um pouco mais justo:

– Boa tarde. Eram dois bilhetes para o “Senhor da Guerra” para às nove horas, faxavor.
– Not so fast, meus amigos! Vamos lá a umas perguntinhas…
РComo? Рperguntaria o comprador, incr̩dulo
– Umas perguntinhas!! – diria o bilheteiro num volume mais elevado, levantando o rabo da cadeira e esticando-se para a abertura do vidro
– Ah! Faça lá as perguntas, então.
– Ok, o senhor parece querer ir com um amigo seu ao cinema, correcto?
– Correcto. É aqui o meu amigo Acácio. Ele é…
– Percebo. E há quanto tempo não vê o seu amigo?
– Ah… deixe-me pensar, há cerca de um mês, não é, Acácio?
РEstou a perceber. E porque ̩ que escolheu este filme?
– Gosto de filmes de guerra. E gosto do Thomas Cage. Acho que ele representa muito bem.
РE onde ̩ que voc̻ mora?
– Eu? Moro em Massamá. Porquê?
– Ok, meu amigo, já chega. Desculpe lá mas não lhe posso vender estes bilhetes. No entanto, a Lusomundo agradece a sua preferência! CLIENTE SEGUINTE, POR FAVOR!!
– Mas… mas… mas não posso ir ao cinema? Porquê?
– Porquê? Você quer que eu acredite que alguém que mora em Massamá, que está com um amigo que não vê há um mês e que confunde Nicolas Cage com Thomas Cage vai estar calado durante o filme? Toca a andar daqui para fora! CLIENTE SEGUINTE, POR FAVOR! E ESSE GRUPINHO DE CINCO GANDULOS PODE COMEÇAR A ANDAR DAQUI PARA A FORA QUE JÁ NÃO TEMOS BILHETES!

Porém, quando o filme que me encontrava a ver ia a meio (soube disso porque um dos mongolóides que estavam ao meu lado fez questão de dizer as horas aos amigos todos), ocorreu-me que esta história da entrevista talvez não fosse o melhor caminho a tomar.
Para começar, apesar de ser uma ideia genial (como todas as que tenho, de resto), duvido que a Lusomundo tivesse a abertura de espírito necessária para abraçar tal inovação. Provavelmente iriam usar argumentos idiotas de que o público não devia ser testado dessa forma, que todos têm direito ao divertimento e outras parvoíces tais. E o tempo que as pessoas perderiam nas bilheteiras que, por algum motivo, já não é pouco nos dias que correm, aumentaria brutalmente. Isso dissuadiria os potenciais clientes realmente merecedores da Sétima Arte.

Por isso, lá tive de dar a volta ao miolo, e acho que descobri a resposta!
Seguindo aquela máxima económica que parece ser válida para tantos produtos na sociedade de consumo, vamos partir do princípio que cada produto que duplique de preço – dentro de determinada categoria – perde metade dos seus compradores potenciais. Aplicando isto às salas de cinema, isso significa que teriam metade dos visitantes se os bilhetes passassem de 5 para 10 euros. Mas se os bilhetes fossem a 20 euros, então teríamos quatro vezes menos gente! E qual é a ideia? A ideia é tornar uma ida ao cinema uma experiência tão cara que se torne quase exclusiva. 50 euros por bilhete parece-me ser uma quantia aceitável. São 100 euros por casal, o que já dá que pensar no orçamento mensal do agregado familiar. Afastar-se-ão assim todas as pessoas mais barulhentas que, estatisticamente, está provado serem provenientes de classes económicas mais desfavorecidas.
As salas teriam menos pessoas, pelo que poderiam ser mais pequenas. Isto permitiria às grandes superfícies optimizar o espaço que possuem, quem sabe criando mais salas e com melhores sistemas de som, e oferecer um serviço com um pouco mais de classe. Talvez uma zona para fumadores e bebidas a serem servidas durante o filme por empregadas giras e simpáticas.
As pessoas sem grandes posses continuariam a poder frequentar salas mais baratas, como é óbvio. Haveria dois preçários para cada filme. Embora, por uma questão de marketing, talvez fizesse sentido que os filmes chegassem às salas mais caras primeiro (salas PREMIUM, ocorreu-me agora ser um nome interessante). Escusado será dizer que as salas PREMIUM estariam fortemente guardadas por patrulhas da GNR, com pastores alemães à porta, e qualquer possuidor de um bilhete normal seria prontamente abatido sem que se fizessem mais perguntas.

No fundo, a indústria do entretenimento não perderia nada se enveredasse por uma abordagem classista desta natureza. Afinal, um serviço de elite é algo que será sempre necessário na sociedade. Desde que haja clientela (eu! eu!), há viabilidade financeira.
O que é preciso é haver coragem para dar o salto.


PS: há uma coisa que me perturba desde há uns tempos. Porque raio é que os bilheteiros estão atrás de montras gigantes de vidro? Que raio de protecção tão especial é que eles precisam? As caixas da Worten devem estar bastante mais desprotegidas (e mais recheadas) e não é por isso que as vemos a serem assaltadas, não é? Porquê aquele estatuto quase impenetrável de uma bilheteira de cinema? Até porque todo aquele aparato envidraçado não passa de uma falsa segurança. As portas de lado, por onde os bilheteiros entram e saem, encontram-se sempre destrancadas e qualquer um pode entrar por ali adentro (sei disso porque já experimentei… várias vezes!). É quase o mesmo que conduzir um carro descapotável mas trancar as portas com medo dos assaltos…

PPS: Outra coisa: e qual o porquê daquelas aberturas redondas no vidro à altura dos nossos olhos/boca? Não é estranho bilheteiras que usam sistemas de microfone + altifalante terem essas aberturas? Será que é a única entrada de oxigénio para quem trabalha na bilheteira? Então e a abertura por onde nós passamos o dinheiro para receber os bilhetes em seguida? Enfim, mistérios difíceis de explicar…




“Escusado será dizer que as salas PREMIUM estariam fortemente guardadas por patrulhas da GNR, com pastores alemães à porta, e qualquer possuidor de um bilhete normal seria prontamente abatido sem que se fizessem mais perguntas.”
Concordo plenamente com esta magnífica proposta, mas se me permite opinar, isto deveria ser feito mesmo nas salas normais sem necessidade de serem pagos 100euros por uma sala Premium. Ora veja-se:
O Exmo Sr Toscano encontrava-se a ver o supracitado filme quando os referidos energumenos/escumalha humana (como muito bem referiu) iniciaram os disturbios. O Exmo Sr Toscano dirigir-se-ia a uma asistente que faria entrar de rompante na sala uma Task Force da GNR com pastores alemães, e que fuzilariam de imediato os seres já apontados por si previamente, com um despreocupado “são aqueles ali” enquanto aponta para eles.
Seria a completa experiencia de suround…


Chamar mongloides a essa gente barulhenta, incoveniente e irritante, não é bom número!!


Coitaditos dos pastores alemães.

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