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Enterro ou cremação?

A sociedade parece-me ser um pouco desprovida de originalidade no que toca ao despojo dos restos humanos daqueles que nos deixam.
Porque é que temos tão poucas possibilidades de escolha?
O facto de perdermos a custódia natural do nosso corpo quando falecemos não significa que não possamos decidir agora, enquanto a temos, o que gostaríamos que nos acontecesse nessa altura.
Não sei, talvez isso mexa com os interesses instalados do lóbi das funerárias.
Mas a verdade é que eu gostaria que existissem mais opções para além de um enterro debaixo da terra, o apodrecimento num jazigo ou uma sessão de torragem num forno industrial.
Já a entrega do corpo para investigação médica me parece uma opção mais interessante. Que de outra forma conseguiríamos nós estar deitados e despidos em frente a um montão de jovens universitárias, todas elas sequiosas de conhecimento sobre aquilo que nos faz funcionar? Nem nas fantasias mais elaboradas!
E porque não transformar a “sopa dos pobres” na “sopa dos mortos”?
Parece mórbido? Vá lá, acompanhem-me por uns momentos e não cliquem já para o site da TVi.
Você quer que o seu pai ou a sua avó definhem numa quinta de minhocas a metro e meio da superfície?
Ou não acha que eles iam gostar de saber que poderiam alimentar centenas de pobres sem mexer um dedo sequer?
Até poderia surgir daí um ritual público muito interessante.
A Tefal poderia patrocinar os panelões gigantes para onde os corpos seriam atirados diariamente para a confecção da dita sopa. Provavelmente até construiriam um caldeirão numa matéria transparente para que se pudesse ver o espectáculo sem ter de introduzir câmaras aquáticas lá dentro (e evitar que apareça o Jorge Gabriel a comentar o espectáculo…).
“Ã’ Avó, olha o avô ali!”, diria o neto para a sua avozinha, entusiasmado, “estão a sair-lhe bolhinhas do nariz, avó! Porquê?”. Ou seja, até se poderia tornar uma experiência didática para os mais novos. Perceberem, in sito, que a vida não é mais que transformação e reaproveitamento. “Avó, quando eu morrer quero ir para ali também!”, diria então a criancinha, com uma vozinha querida, obviamente sensibilizada e perfeitamente capaz de aceitar a fragilidade da vida e a inevitabilidade da morte.
E com isso acabava-se com a fome que abunda dentro das nossas fronteiras.
As pessoas só iriam para “a sopa” de uma forma voluntária, se tivessem manifestado interesse durante a vida. Alguém é capaz de me dizer o que há de errado nisto?
E porque não cortar-se alguém em fatias tão finas que pudessem ser utilizadas como autocolantes promocionais de empresas? Ou, melhor ainda, como publicidade anti-tabagista! Já imaginaram o sucesso mediático que seria um doente terminal, com cancro de pulmão, sugerir ser feito em fatias com uma mensagem de aviso impressa? (“Se você está a ler este autocolante, é porque fumar mata!”)
E porque não contratar um especialista em mecatrónica aplicada para introduzir articulações mecânicas e circuitos de controlo no corpo, de modo a que possa ser utilizado como figurante em filmes de zombies e mortos-vivos? O realizador poupava um balúrdio em efeitos especiais (o apodrecimento seria real e não produzido), ficava a Sétima Arte a ganhar e o defunto ganhava o seu papel na histórica cinematográfica.
O que poderia ser melhor que isto?
É por isso que acho e insisto que é preciso que estes assuntos sejam discutidos no parlamento.
Os seres humanos podem ser muito úteis, mesmo depois de mortos. Se existirem uma dezena de diferentes opções, não tenho dúvidas que muita gente gostaria de deixar de ser enterrada ou cremada.
E poder-se-ia utilizar a morte de seres humanos para melhor a vida dos vivos.
Ou, como rezará o lema da Microsoft no dia em que estas ideias começarem a pegar pelo mundo inteiro, “Microsoft: how do you want to die today?”.
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Agora que releio o que escrevi, sou levado a crer que talvez esta ideia seja avançada demais para o nosso tempo.
Mas quando isto começar a acontecer, daqui a 40 ou 50 anos, lembrem-se onde é que ouviram primeiro!




Só para os pobres era sopa a mais. Acho que se devia estender aos Restaurantes, Cantinas e Refeitórios, casas particulares e de Pasto etc.
Quando houvesse uma epidemia, faziam-se uns Festivais de Gastronomia para ver quem inventava mais maneiras de se cozinhar…pessoas.
Nota: Távas a pensar que só tu é que eras passado?

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