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Cidade, campo e galinhas.

РSabes, hoje estou a pensar em matar-me. Рdiz Teixeira, despreocupadamente, para a sua colega Teresa, enquanto entram para o elevador do pr̩dio, repleto de gente
– E já sabes como o vais fazer? – responde Teresa
– Estava a pensar em despir-me, meter-me na banheira e cortar os pulsos com uma faca de mato.
– Porque é que não cortas a aorta, no pescoço? É capaz de ser mais rápido.

РPensei nisso, sabes? Mas ṇo quero sujar a casa-de-banho. Ouvi dizer que assim o sangue espirra para todo o lado.
РPois, isso ̩ verdade. Nos pulsos tens mais controlo.
– E não é só isso. Supõe que eu me arrependo a meio e quero parar. Se tiver o cuidado de tapar o ralo da banheira, o meu sangue ainda está todo lá. Pego no telemóvel, ligo para o 112, e quando me vierem buscar levam-me o sangue também. Nem tenho de esperar por uma transfusão.
– Pois, lá nisso tens razão. Se o sangue espirra para todo lado, o melhor que consegues é uma decoração nova na casa-de-banho.
– Exacto.
– Mas olha lá, já pensaste no desgosto que vais dar aos teus pais?
– Ah, não, mas eu vou matá-los primeiro! Não disse isso, pois não?
РṆo, ṇo disseste.
– Pois. Faz sentido, não é? Alguma vez os iria fazer passar por uma situação destas? Eles iam sofrer muito! Assim mato-os primeiro, é mais rápido, e não têm de passar pela dor de enterrar um filho.
– Acho que é simpático da tua parte. Já agora, porque é que te vais matar?
– Não tenho nada melhor para fazer hoje à noite.
РPorque ̩ que ṇo vamos ao cinema?
– Ok, boa ideia!

Se você trabalha em Lisboa, este é o tipo de conversas que deve estar habituado a ouvir nos elevadores dos edifícios mais populados.
Mas porque é que o tempo que passamos nas cidades é, regra geral, deprimente?
Porque é que os seres humanos sentem, de uma forma generalizada, que o tempo que passam no campo é mais relaxante?
A resposta, claro está, reside novamente nas galinhas!
As galinhas são seres considerados estúpidos por muito boa gente (e má gente também). Uns dizem que elas esvoaçam de forma estranha quando atiradas ao ar (já alguém comentou qualquer coisa assim neste site). Outros dizem que elas têm apenas um ar estúpido, recusando-se terminantemente a qualquer tipo de contacto social com estes seres vivos.
Eu acho que as galinhas são animais excelentes.
Não só podem ser extremamente saborosas (no caso das galinhas caseiras), como são quase seres de culto. Vejam-se as máscaras e rituais que abundam por este planeta fora e que fazem do uso de patas de galinha a sua pedra filosofal! Quem diz pernas, diz penas. Então e a expressão inglesa “Are you a chicken?”, utilizada essencialmente para caracterizar os(as) caguinchas? Será que apareceu do nada? Ou porque as galinhas, na realidade, talvez sejam mais inteligentes do que se pensa e gostam de se furtar a qualquer situação potencialmente nociva para o seu bem-estar?
Na realidade, acho que as galinhas estão muito subvalorizadas na nossa sociedade.
Ora se de um lado temos milhões de pessoas stressadas a trabalhar em cidades sobrepopuladas e repletas de esterco por tudo quanto é canto; e do outro temos campo e relaxamento onde nada parece acontecer, porque não trazer um pouco do campo até às pessoas?
Foi com base nisto que desenvolvemos a chamada Capoeira Itinerante®.
(ver foto)

Trata-se de uma estrutura que assenta facilmente numa carrinha de caixa aberta, tipo pick-up, para facilidade de transporte. E pode ser içada através daquela ripa que se encontra no topo, o que a torna ideal para a elevar com segurança até, digamos, à altura de um vigésimo andar.
“E qual é que é a ideia?”, pergunta o leitor, assanhado.
A ideia é levar um pouco do campo e de relaxe à população.
Obviamente que não haverá apenas uma capoeira itinerante®. Haverão dezenas delas. É um negócio que funcionará em modo de franchising. Suponhamos que você é o director de um escritório de importações e representações, por exemplo. Anda a reparar que os seus empregados estão a ficar tristes. Por um lado você quer que eles continuem a trabalhar as 18 horas que trabalham normalmente e que continuem a ganhar o salário mínimo. Mas por outro também acha que empregados mais motivados são mais produtivos. Solução: uma pequena pausa a meio do dia para observar algumas galinhas enquanto comem (enquanto os empregados comem, e as galinhas também). Não só é um momento de diversão para o escritório inteiro (imagine os seus empregados a apostar qual a galinha que vai comer primeiro uma minhoca que se encontra a sair da toca), como se sentirão todos mais produtivos e relaxados após este didáctico momento.

É claro que isto está apenas agora a começar.
Brevemente, às capoeiras itinerantes® juntar-se-ão também as estrebarias itinerantes, as pocilgas itinerantes e também os oceanários itinerantes.
A população citadina vai sentir-se mais relaxada, em contacto com o mundo que a rodeia e melhor preparada para os desafios empresariais do presente e do futuro.
E que ninguém me acuse de ser louco por estar a falar novamente em galinhas!
Afinal, não era o Einstein que dizia que o espaço-tempo universal era curvo como um ovo?

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