Num daqueles raros momentos de iluminação, tive uma ideia que é, tenho a certeza, absolutamente genial.
Infelizmente, trata-se de uma ideia que só pode ser posta em prática por alguém que detenha considerável poder no competitivo mundo da indústria musical. Dado que não sou um magnata da música (o mais perto que estive da engrenagem deste grande negócio foi da vez em que fiquei encarregue de distribuir panfletos do concerto da Shakira à saída do Metro), não tendo, por isso, a mínima possibilidade de enriquecer com o brilhante achado, decidi partilhá-lo aqui. Se houver, desse lado, alguém capaz de pôr esta ideia em prática, então aproveite-a! (Lembre-se é de onde é que ela veio…)

O meu rasgo de génio segue a seguinte lógica: há artistas que, individualmente, vendem milhões de discos; se reunirmos dois destes artistas numa mesma obra, atingiremos recordes de vendas nunca antes vistos.
Já sei no que estão a pensar: «Isso não é nada de novo! É um dueto! Já foi experimentado vezes sem conta ao longo dos anos… Ou será que não te lembras daquele grande clássico, o “Tonight I Celebrate my Love for You”?». É verdade, mas o dueto que eu proponho terá um impacto tão grandioso na cultura popular, que rapidamente fará esquecer esses duetozitos que foram sendo ensaiados no passado. Eu proponho, pela primeira vez na história, um dueto entre uma personagem completamente ficcional, e um enorme artista que se tornou num sinónimo para “gigantescas vendas”. Falo num dueto entre o Pedro Abrunhosa e o Crazy Frog (sendo que, naturalmente, o Pedro Abrunhosa é a personagem ficcional, e o Crazy Frog o enorme artista).
O hit single seria qualquer coisa deste género:

Eu… Estou aqui… Eu… Estou aqui… Eu… Estou aqui… Eu… Estou aqui… Eu… Estou aqui… Eu… Estou aqui… Eu… Estou aqui… Eu… Estou aqui… Eu… Estou aqui… Eu… Estou aqui… Eu… Estou aqui… Eu… Estou aqui… Eu… Estou aqui… Eu… Estou aqui… Eu… Estou aqui… Eu… Estou aqui… Bbbbbbbbbrrrrrrreeeeeeeep-p-p-p-p-p-p éééééééééééééééééééééééééé prrrrrrrrrrrrrr!! Eu… Estou aqui… Eu… Brrrrrrrrrrr éééééééééé!! Estou aqui…
(repetir 14 vezes)

Caso não tenham ficado imediatamente conquistados, deixem-me dar-vos cinco razões pelas quais esta ideia é tão genial:

1. Permitiria uma poupança impressionante: assim, só se estragava uma edição discográfica;
2. Conseguir-se-ia obter o trecho “musical” mais irritante de todos os tempos. Para além do interesse científico deste feito, a sua aplicação em cenários de guerra seria de implacável eficiência (os choques eléctricos em Abu Ghraib seriam delicadas cócegas e prazenteiro alívio, depois de três horas a ouvir este tema);
3. Embora esta combinação seja, imediatamente, um sucesso de vendas garantido, os números poderiam ainda aumentar se o Manoel de Oliveira realizasse o vídeo-clip. O envolvimento do “grande mestre” granjearia prémios e aclamação crítica para o projecto mesmo fora da indústria musical;
4. O Crazy Frog conseguiu, sozinho, substituir os Coldplay na primeira posição do top de vendas britânico (facto que, confesso, me faz sentir alguma simpatia pelo sacana do anfíbio). Agora acrescentem-lhe o Pedro Abrunhosa! Acho que o recorde de 11 anos no top 100 de vendas americano vai deixar de pertencer aos Pink Floyd;
5. Com esta edição em disco (que, evidentemente, conteria os temas originais do sapo e do Abrunhosa), chegaria finalmente ao fim a angústia daqueles milhares que se juntam à porta dos balcões Millennium BCP. Falei com um destes desgraçados noutro dia, eis o que ele me disse: «Vim para aqui às seis da manhã! Se viesse mais tarde já não conseguia fazer a simulação hoje… Tinha de voltar amanhã, e era mais um dia de trabalho que se perdia… Se ao menos houvessem mais balcões Millennium BCP, estas pessoas podiam dividir-se, mas o próximo é a TRÊS quarteirões de distância… Enfim, é o sistema bancário que temos! Se estivéssemos em Espanha, nem tinha de fazer simulação nenhuma: mandavam-me o CD para casa e à borla! Mas também já falta pouco… Mais umas quatro horas e chega a minha vez… Depois é só ir para casa e pôr o CD em repeat até às tantas da madrugada!».

Se houver por aí algum executivo de uma editora multinacional que queira aproveitar as minhas ímpares capacidades (há mais ideias lucrativas de onde esta veio!), já sabe:

Eu… Estou aqui…

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