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Fujitsu Disfruta

Há um anúncio que por esta altura roda nas televisões portuguesas, que me incomoda particularmente. Falo do anúncio da PT a uma campanha relativa ao telefone Fujitsu Enjoy. Caso não estejam a ver qual é, eu faço uma descrição.
Trata-se daquele anúncio sexy, moderno, apelativo e estiloso em que um casal, na intimidade dos lençóis, aparece, em split-screen, envolvido num interminável diálogo:

-Pagaste?
-Eu não paguei.
-Não pagaste?
-Quer dizer, paguei…
-Então, mas pagaste ou não pagaste? Eu não paguei…
-Tu não pagaste?! Eu também não paguei.
-Então não pagaste? Então quem é que pagou? Se tu não pagaste e eu não paguei, quem é que pagou? Alguém deve de ter pago…
-Paguei eu!
-Então pagaste!
-Não paguei…
-Mas disseste que pagaste…
-E paguei… Mas não paguei!
-Pagaste ou não pagaste?
-Paguei e não paguei!

Eu sei que parece difícil de acreditar, mas esta conversa nem é o que me chateia (onde é que será que a PT vai arranjar o dinheiro que esbanja nestas tão claras perdas de tempo? Se eu quiser que a PT me deixe desesperado, é mais fácil ligar para o 16200 e pedir esclarecimentos sobre uma coisa qualquer). Mais, concedo até que, neste particular, o criativo da agência de publicidade demonstra uma notável argúcia, e uma ampla sapiência, no que diz respeito às coisas da vida. Afinal de contas, e isto sei-o por experiência própria, quando se está com um parceiro na cama, não há conversa mais romântica, sensual e excitante do que sobre telefones – então se forem sem fios… Experimentem, e vão ver que têm a melhor noite de sexo da vossa vida! (Minto. A vez em que tive a melhor noite de sexo da minha vida foi quando introduzi na “conversa de almofada” a temática de bombas de injecção para camiões TIR. Elas ficam loucas…). Reconheçamos, pois, o mérito a este Senhor que, com tanto afinco, se esforça por melhorar a vida sexual dos portugueses.
Mas então, o que há de ofensivo nesta publicidade? O site Diz Que Disse, apostado em prestar um serviço público de qualidade, e em nunca escamotear a verdade revela-o sem rodeios: este anúncio é puro plágio disfarçado de modernidade e originalidade. A técnica do split-screen, e mesmo o tipo de planos e montagem utilizados, são uma descarada cópia, quase frame por frame, a uma cena do filme Requiem for a Dream, de Darren Aronofsky.
Se, por um lado, não posso deixar de aplaudir a facto de os nossos criativos andarem a ver bom cinema (houve aí uma altura em que parecia que dividiam o seu tempo entre os lápis de cera, e os programas televisivos das nossas manhãs), por outro, não posso deixar de franzir o sobrolho à tão ignóbil apropriação do trabalho alheio, exibida num fulgor de falsa originalidade. Só falta atribuírem um prémio a este indivíduo pelas suas qualidades “visionárias”…
Sr. publicitário, estou de olho em si…




Creio que é a primeira vez que vejo os meus pensamentos transcritos num site por outra pessoa. Não poderia estar mais de acordo. Tal descarada cópia daquela genial cena do Requiem só é digna de uma valente marretada na cabeça de quem quer que tenha tentado passar aquilo como sendo o seu trabalho. É pena os senhores da PT se limitarem a ver aquela coisa do, como é que se chama… Regresso do Batman, ou lá como é que se diz…


O que eu acho mais giro na publicidade em Portugal, e a constante cópia de ideias em desuso nos outros países… esse em particular tem o dom de me conseguir enervar ao ponto de ter um corte no braço por cada vez que o ouvi, fruto da minha auto-mutilação condicionada a imbecilidades…


Tenho um filho muita giro. Vou às lágrimas. Isto para não falar do primo.

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