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Engenharia genética. So what?

A engenharia genética parece ser o novo tabu dos tempos modernos.
Devemos ou não mexer no nosso código genético?
Será moral alterar a essência daquilo que nos torna naquilo que somos?
E será cientificamente ético criar galinhas com oito pernas só porque ninguém gosta de asas lá em casa?
Todas estas perguntas, bem como as respostas, têm sido cuidadosamente analisadas nos últimos anos em debates televisivos, simpósios, conferências, fóruns, parlamentos, revista Maria, etc.
A meu ver, toda esta discussão é um perfeito disparate.
É que a engenharia genética, para além de ser provavelmente a solução para a cura de muitas doenças (como o cancro), é bem capaz de se vir a tornar no departamento científico de eleição para a criação de novas espécies. Passo a exemplificar.

Batman
Todos aqueles que viram o Batman decerto repararam no grande aparato tecnológico que ele acarta às costas. Ora isto é perfeitamente desnecessário! Com as alterações genéticas certas, qual é que será o problema de existirem humanóides com membranas entre os braços e o tronco, de modo a poderem esvoaçar pelo ar? Será assim tão complicado cruzar um humano com um morcego? Nem todos temos o dinheiro do Bruce Wayne, pois não? Então porque é que a Ciência não ajuda a criar uns super-heróis para combater a criminalidade?

SFP
A sigla SFP significa “Super-Funcionário Público”. Trata-se de um humano normalíssimo – pelo menos exteriormente – mas com algumas alterações cerebrais. O centro da chateação/incomodação, normalmente residente no neo-cortex límbico, é inexistente no SFP. Tal como a zona cerebral responsável pela ambição se encontra anulada (aliás, esta deve ser a alteração mais simples de executar, pois já vem desligada por defeito na maior parte dos funcionários públicos…). E onde o SFP ganha é na dinâmica e rapidez com que executa as tarefas, fruto de uma maior quantidade de adrenalina produzida pelo seu hipotalamus inchadus.
Resultado prático: um ser humano ao serviço da função pública, sem ambição para andar a manifestar-se por causa de progressões automáticas de carreira, extremamente dinâmico e mexido, e incapaz de se chatear com o utente ou com o serviço que tem entre mãos. O único contra é que o SFP tem um tempo de vida muito limitado, pois a grande quantidade de adrenalina constantemente produzida efectua uma sobrecarga muito grande no coração. Normalmente o SFP não viverá para além dos 35 anos de idade. Uma situação ideal, dir-se-ia, pois também permite ao Estado uma renovação de contratos mais eficaz. E sempre seremos atendidos por pessoas jovens, dinâmicas e com boa aparência.

Homem-taxi
Porquê andar em taxis bafientos, imundos e ter de aturar taxistas chatos, quando se pode criar um ser dedicado ao transporte de humanos? Estamos a falar do Homem-Taxi! Trata-se de um cruzamento do Hulk com uma carrinha da Hyundai. (os fabricantes automóveis até poderão criar os seus homens-taxis de maneira a fomentar a competitividade) À primeira vista parece um humano normal. Mas se ouvir alguém dizer qualquer coisa como “Porra! Já são 11 da manhã! Já estou atrasado para a minha depilação sovacal na Morais Soares!”, o Homem-Taxi transforma-se instantaneamente num elegante mono-volume, com ar condicionado e direcção assistida, e leva toda a gente onde for preciso. E com o sistema de GPS e Multibanco que possuirá integrado, não fará perguntas como “Ã’ freguês, diga-me lá que caminho quer fazer…” ou mesmo “É pá, uma nota de vinte! Vamos lá a ver se tenho troco para isso…”.

Mulher Diz-Sim
Trata-se, no fundo, de uma mulher normal, mas com a vontade própria apagada. Ou seja, como se diz nalguns meios, uma “mulher fácil”. Isto permitirá aos homens, sejam solteiros, viúvos, casados ou divorciados, amenizarem as suas ansiedades sexuais sem grande sacrifício. Resultado: menos homens insatisfeitos com a vida, o que se traduz em menos acidentes automóveis e menos chatices no emprego.
Falou-se de criar também o Homem Diz-Sim para satisfazer a comunidade feminina. Mas, segundo consta, este projecto foi abandonado por ser completamente desnecessário. É que o homem já diz sempre que sim às mulheres! Não é preciso criar uma espécie dedicada para isso.

Como vê, caro leitor, quando se fala de engenharia genética é vital que tentemos controlar aquela tendência nefasta e idiota de imaginar apenas o lado mau da coisa. Sim, faz confusão pensar nos milhares de seres humanos defeituosos que serão criados até a coisa bater certo e até os cientistas saberem o que andam a fazer. Mas a evolução da História (ou de qualquer outra coisa) é assim mesmo. É preciso passar primeiro pelas partes más para chegar às partes boas, seja numa dieta, num casamento ou na engenharia genética. E todas as organizações anti-científicas e pró-humanas poderão então demonstrar o quão a sério levam os seus argumentos, dando guarida e adoptando os freaks genéticos que surgirão das primeiras experiências.
O que é preciso é não deixar a Ciência estagnar.
E viva a engenharia genética!

Ou, como diria Carmona Rodrigues, Engenharia Genética para Todos!

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