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No meu tempo…

Minha querida netinha! Anda cá sentar-te no colo do avô.
Sabes, aqui o avô Toscano é do tempo em que…

…o software se podia piratear facilmente, mesmo sabendo que se tratava de um crime;
…deixar a tampa da sanita levantada era considerado uma ofensa gravíssima junto do cônjuge;
…a televisão dava os piores programas de toda a sua História;
…era possível estar-se duas horas à espera para ser atendido numa repartição de finanças;
…muito pouca gente tinha seguros de saúde;
…as empresas de telecomunicações cobravam “taxas de activação”, “taxas de reposição de serviço” e exploravam os consumidores descaradamente com invenções desse género;
…os portugueses não votavam porque só lhes interessava falar mal do país e não faziam nada para o mudar;
…os supermercados estavam inundados de fruta espanhola sem sabor nenhum, havendo fruta portuguesa a apodrecer por não ter sido vendida;
…as pessoas pensavam que globalização significava abertura;
…os bancos conseguiam-nos vender a ideia de que “ali íamos ser felizes”, apesar de ficarmos a pagar 50 anos por essa felicidade;
…as mulheres iam presas quando abortavam;
…figuras públicas idiotas, socialites de cagalhão e outros panascas emproados eram idolatrados na TVi e na imprensa cor-de-rosa;
…tínhamos de conduzir as nossas viaturas para ir a algum lado, como se fôssemos maquinistas;
…as pessoas que seguiam sempre o que sentiam compravam telemóveis óptimos;
…todas as mulheres estavam em dieta permanente (e as que não estavam achavam que tinham de estar);
…havia pessoas que sentiam orgulho em ser gays (tal como havia pessoas que sentiam orgulho em ser straights);
…era tão divertido ouvir um brasileiro a tentar falar com pronúncia portuguesa como ouvir um português a tentar falar com pronúncia brasileira;
…a prisão preventiva não era olhada como um período de férias do emprego e da família;
…os velhotes iam presos se tivessem os netos sentados ao colo num sítio público tal como nós estamos agora;
…as pessoas queixavam-se da forma como viviam o tempo todo mas, por algum motivo, os mesmos partidos eram sempre eleitos;
…os computadores não eram considerados um bem fundamental e as pessoas tinham de pagar para os ter;
…toda a gente escrevia num blog qualquer;
…as pessoas eram infinitamente mais interessantes nos blogs do que na vida real;
…o Diz Que Disse era igual ao que é hoje: um albergue de um lunático que possui uma relação de amor/ódio com Portugal;

Moral da história: se a Rádio Clube Português (antiga Rádio Nostalgia) só passa música que já era foleira há três ou quatro décadas, o que é que será que passarão daqui a trinta ou quarenta anos? Eis uma sugestão de uma playlist:

Celine Dion (aquela xaropada de música do Titanic)
Beyoncé (ou qualquer outra banda feminina com a mania que é radical mas que acaba a fazer anúncios para a L’Oreal)
Bon Jovi (qualquer disco. São todos igualmente maus.)
George Michael (um best of qualquer)
Whitney Houston (ou qualquer outra artista negra que grite muito)
Backstreet Boys (ou qualquer outra boys band que faça música sem tomates. E no caso dos Backstreet Boys, sem tomates nem pêlos no resto do corpo…)
Mariah Carey, Take That, Kylie Minogue, S Club 7, Gabrielle, Billy Joel, Cher, Eternal, Five, Atomic Kitten, Ricky Martin, enfim… a lista é interminável! A única dificuldade que a Rádio Clube Português vai ter vai ser escolher no meio de tanta merda.
Já agora, por acaso alguma vez mencionei que gostaria de deitar fogo ao edifício da Rádio Clube Português e torturar os locutores residentes? Se calhar já mencionei… (digo isto a toda a gente…).

Pensem nisto, seus velhotes precoces…

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