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Laive eide

Acho piada à ideia de se fazerem concertos para ajudar as populações mais empobrecidas deste planeta. Normalmente porque, juntamente com o concerto, está em acção toda uma maquinaria de marketing e produção de eventos.
São os concertos propriamente ditos, a direcção artística, a produção do espectáculo em si, aluguer de equipamentos e técnicos, as entrevistas para a televisão e rádio, as t-shirts e merchandising diverso, o conteúdo televisivo que consiste em documentários sobre as regiões mais subdesenvolvidas do planeta e que acompanham os intervalos dos concertos, as receitas publicitárias gigantescas auferida pela publicidade paga a peso de ouro durante a transmissão dos mesmos, etc. etc. etc. No fundo, acho que não está em questão saber se alguma ajuda chega ou não aos países mais pobres. O que eu gostava de saber é se será que chega lá tanta ajuda como aquela que chega aos bolsos dos organizadores de eventos e patrocinadores.

Por isso, pús-me a pensar (muita gente detesta quando eu faço isto), e descobri um sistema que fará com que os países, bem como o indivíduo, possam contribuir de uma forma justa e de acordo com as suas possibilidades.

O governo mandará fazer algumas dezenas de milhões de t-shirts. Isto terá de se passar a nível europeu, senão mesmo mundial!
Essas t-shirts nem precisam de ser pagas pelo Estado. As empresas de telemóveis, por exemplo, poderão suportar a despesa, com a contrapartida de poderem colocar o seu logotipo na parte traseira da t-shirt.
E na parte da frente apenas se encontrará uma letra do alfabeto. Bem grande!
E a ideia é a seguinte: cada família e cada indivíduo requisitará t-shirts, com diferentes letras do alfabeto, de modo a poder construir palavras de apoio. Como sabemos que os portugueses gostam de pendurar bandeiras nas janelas e estendais, daí às t-shirts é apenas um pulinho. Os hipermercados até poderão fazer uma super-campanha para aproveitar o evento e anunciar que oferecerão N molas de roupa por cada X euros de compras efectuadas.
Após a data da colocação das t-shirts nos estendais, uma brigada de fotógrafos, paga pelo Estado (ou patrocinada pela Kodak), viajará pelo país inteiro, fotografando todas as janelas, estendais e paus de vassoura onde se encontrar uma palavra de apoio escrita com t-shirts.
O número de palavras encontradas equivalerá um chamado “valor base” (que poderá ser qualquer coisa como 4 milhões). E é nessa altura que o Ministério das Finanças – em conjunção com o Ministério da Cultura – entrará em acção.
Somam-se o número de palavras de apoio (que poderão ser os tais 4 milhões). Por cada palavra que possua uma ortografia incorrecta (como “Apoia”, “Solariedade” ou “Não à pubresa”), desconta-se um ponto ao valor base.
Como grande parte dos portugueses não sabe escrever correctamente a sua língua, isto significa que o valor base baixaria rapidamente de 4 milhões para, digamos, 200 000.
E aí está! Esse é o valor, em euros, com que o Governo contribuirá para acalmar a aflição dos países mais pobres e subdesenvolvidos.
Os países mais avançados, que possuem taxas de analfabetização mais reduzidas, obviamente contribuirão com mais.
Tudo bem.
Os sacanas podem!

A ideia que tive inicialmente, da qual já desisti, foi de organizar torneios de ténis entre chimpanzés das diferentes cidades do mundo que possuem jardins zoológicos. Chimpanzés esses que – curiosamente – tiveram como sua primeira casa os próprios países que o programa se proporia a ajudar.

Mas depois achei que a ideia das t-shirts era melhor, pois também ajuda o nosso sector têxtil (que se encontra em crise profunda).

Moral da história: e você? Que mensagem de apoio construiria? Eu já escolhi a minha “Tragam de volta o Duarte & Companhia!”

Pensem nisto, seus bem feitores escanzelados…

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