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Automóveis

Comprei carro novo!

Não sei quantas vezes já vos aconteceu o mesmo, mas, para mim, é sempre um acontecimento!
Dediquei muitos dias à investigação, ao estudo dos dados obtidos, à análise de todos os factores e, por fim, à escolha, propriamente dita.
Um acto desta importância tinha que ser feito o mais correctamente possível. Utilizei todas as técnicas que tinha disponíveis para a investigação. Recusei a publicidade, as opiniões em segunda mão, as ideias dos menores de 18 anos e fugi dos que consideram um carro um meio para passearem um rádio, sempre no máximo, sempre com a mesma batida: pum, tchim-pum, pum, pum, pum, e continua em idem e aspas.
Não! Eu, eu comecei por seleccionar os tipos de condutores que me interessavam ouvir. Os profissionais, os utilizadores intensivos, os ocasionais e os parentes e amigos. Falei com o distribuidor de pão. Para ele um carro tem que pegar à primeira, conseguir subir os passeios e gastar pouco. Para um taxista, a viatura tem que ser resistente, queimar mal o óleo e ter um bom espelho interior. Um vendedor de feiras, informou-me que tinha que ser espaçosa, ter um bom acesso à carga para, em caso de necessidade, carregar tudo num instante e dar à sola. Confesso que não entendi bem.
Desisti deste grupo. Acho que as viaturas, para eles, têm que responder às necessidades específicas da sua profissão.
Procurei, então, um professor. Todos os dias faz cerca de 100 kms. (ida e volta) para ir dar aulas. Disse-me que o que era importante era a viatura ser potente e muito resistente aos riscos. Um médico informou-me que um carro tinha que corresponder ao seu lugar na sociedade. Que era muito diferente ele apresentar-se num Fiat ou num Jaguar. Aproveitei o local onde tinha encontrado o médico e fiz a mesma pergunta a um delegado de propaganda médica. Ah! Só aceitava um diesel e com mais de 120 cavalos! Virei-me para um sobrinho que tinha acabado de fazer 19 anos. Ele queria um todo-o-terreno. Que tivesse espaço para a prancha de surf e que ainda desse para arrumar a miúda.
A minha irmã exigia um que se estacionasse facilmente e que fosse amarelo. O meu pai disse-me que comprasse igual ao dele que nunca se tinha arrependido.

Estava na hora de usar métodos modernos. Virei-me para a Internet e consultei as páginas de todas as marcas. Imprimi todos as informações disponíveis (até um Aston Martin me apareceu, no fim, no meio das folhas todas) e comecei a minha selecção. Dois meses depois só hesitava entre cinco marcas.

Um dia, num dos passeios que dava para clarificar ideias, passei à porta de um stand de automóveis. Entrei, ouvi o vendedor e assinei o contrato. Finalmente, ia ter a minha máquina: 1399cc, 90 Cv, 5p, f.c., d.a., air bag (2), pneu sobresselente, mala de primeiros socorros, livro de instruções, 16v, rádio, a.c., etc., etc.
Na dia aprazado lá me apresentei eu, de fatinho, banho acabado de tomar, loção para a barba e a horas certas. O vendedor fazia questão que eu fosse levantar a viatura à sede. Era uma questão de princípios da empresa. Claro, e porque não?
Chegados à sede, fui apresentado ao chefe das oficinas, ao encarregado dos orçamentos, ao responsável das peças, ao chefe do gabinete de apoio ao cliente, à directora da contabilidade, à menina dos cafés, ao gerente da empresa e… só faltava tomar uma bica e ficar a conhecer a responsável pela entrega das viaturas.
Tomada a bica, o vendedor encaminhou-me para a secção de entregas. Ao chegarmos reparei que ele hesitava, que olhava em redor e que estava cada vez mais branco. Olhei à volta e, realmente, não vi a minha máquina. O vendedor pediu imensas desculpas mas tinha que ir ver uns últimos pormenores.
Vi passar o responsável das peças a correr, outros vendedores corriam para outro lado, o meu vendedor foi a correr por uma porta, apareceu o gerente a gritar com todos, o chefe da oficina juntou-se-lhes a correr e, após um pequeno briefing, encaminharam-se, em procissão, na minha direcção. Imaginei que tinham deixado roubar o carro. Que o tinham entregue a outra pessoa. Que já não fabricavam aquela viatura e que me iam dar o modelo a seguir, nas mesmas condições.
Nada disso. Simplesmente, o carro não tinha sofrido a inspecção final e estava na oficina. Infelizmente, só no dia seguinte o poderiam entregar. Se eu não queria lá voltar para a última apresentação e total cumprimento dos princípios da empresa.
Que não. Que pela minha parte os considerava completamente cumpridos.

E foi assim que, no dia seguinte, um vendedor, meio comprometido, lá me
conseguiu entregar o meu carro novo.




Tu és mesmo uma pessoa complicada. É com as prendas de Natal, agora a simples compra dum carro é para ti uma tragédia.De quantas horas precisas para escolher as calças que vais vestir? Vai morrer longe.Se reparares bem e se não complicares a vida pode ser tão agradável e SIMPLES.

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