siga-nos nas redes
Facebook
Twitter
rss
iTunes

100 anos de Manoel de Oliveira

O cineasta português Manoel de Oliveira completa hoje os 100 anos de idade. O DQD esperou pela data para lhe dar os parabéns, ao contrário de inúmeras publicações nacionais que o têm vindo a fazer de há vários meses a esta parte, seguramente com medo que o homem não se aguentasse até à data (“o seguro morreu de velho, vamos lá ver se não acontece o mesmo ao Manoel de Oliveira”).

Nos últimos tempos, o entusiasmo em torno desta figura tem sido inacreditável. Chamem-me antiquado, mas eu ainda me lembro dos tempos em que só se falava do Manoel de Oliveira para escarnecer o ritmo lento dos seus filmes. Subitamente, o senhor chega aos 100 anos e é um herói nacional, louvado vezes e vezes sem conta por ser “o mais antigo realizador em actividade do mundo”.

Ora, e se me é permitido introduzir aqui um pensamento um tudo-nada mercantilista, parece-me néscio por parte do realizador se ele não aproveitar todo este hype gerado pela função biológica do envelhecimento. Urge capitalizar com esta euforia! E, como é bem sabido, o cinema tem um recurso seguro e imediato para a capitalização: a sequela. Ficam aqui algumas sugestões:

Aniki Bóbó II: Haveria algo mais poético do que voltar à primeira longa-metragem? Manoel de Oliveira recuperaria as personagens desse seu primeiro filme, retratando não já as tropelias de uma infância no Porto, mas as desventuras num lar de idosos em Gulpilhares.

Vale Abraão – o Regresso: A Bovarinha não está morta! Ela regressa da sua sepultura aquática transformada numa implacável ninfomaníaca zombie (o coxear sinistro já ela tinha no primeiro filme). Sexo e sangue e… paisagens bucólicas.

Non ou a Vã Glória de Mandar Outra Vez: Desde a data de lançamento do primeiro filme já houve uma carrada de guerras com a participação de contingentes portugueses. Manda-se um alferes altamente versado em Historia e Mitologia para o Kosovo ou para o Iraque, juntam-se umas alegorias cyberpunks lá para o meio (para dar modernidade), e têm-se um filme feito.

A Caixa 2: Fala-se muito na crise, por estes dias. Fará, por isso, sentido recuperar a ideia original do primeiro filme (resumidamente: as invejas das gentes pobres de uma rua lisboeta face a um cego que tem uma bela fonte de rendimento na sua caixa de esmolas). Mudar-se-ia o contexto para o mundo da alta finança, e o resultado seria uma comédia sobre a inveja de alguns banqueiros face a um outro que recebeu uma injecção de dinheiros públicos no seu banco.

Parabéns Manoel de Oliveira. Que conte muitos (para, entre outras coisas, poder levar a bom termo as excelentes sugestões aqui apresentadas)!




NÃO, NÃO. SEQUELAS NÃO, POR FAVOR.


Pois por muito que goste do Sr. Manoel, continuo a não gostar dos filmes dele.

Sugestões:
Aniki Bibí, em vez de Aniki Bobó II (apesar da evidente ligação);

Vale Azeveedo – o Regresso (adiado) ao EPL;

Non ou a Vantagem de mandar (Sócrates no papel principal a enrolar o pelotão do princípio ao fim, de Magalhães ao colo);

A Caixa de Previd̻ncia РFic̤̣o da mais fina estirpe (qual Bladerunner, qual qu̻!).

Deixe o seu comentário