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Solidariedade masculina

– Olá!
– Olha quem é ele! Estás porreiro, pá?
РVai-se andando. Sabes como ̩.
РṆo, ṇo sei como ̩. Mas ainda bem que vais andando.
– Então o Antunes sempre foi à tua festa?
– Ah, pois foi!
– O gajo está gordo, não está?
– Gordo? Desculpa, gordo?! Não. O gajo está uma besta, é o que ele está! Aliás, neste momento ele é a definição de besta! Abre um dicionário qualquer na palavra besta e está lá um poster desdobrável com uma foto aérea dele! O gajo faz, assim à vontade, três de mim! E olha que eu também como bem. Quando ele se sentou no meu sofá, aquela coberta – que a Sandra andou durante a tarde a compôr com tanto amor e carinho – quase que desapareceu por baixo dele! O tipo era uma espécie de buraco negro de tecidos! Quando se levantou, tinha a coberta enfiada na racha da peida. É claro que ninguém lhe disse nada. Ninguém teve coragem. E o coitado do homem andou o resto da noite, pela casa fora, com uma coberta dum sofá enfiada no cu e a arrastar-se pelo chão. Foi uma visão aterradora! Parecia que tinha penas murchas a sairem-lhe do traseiro. Uma mistura de pavão com um vestido de noiva, mas à escala do Godzilla!
РEnṭo e ṇo falaste com o gajo?
– Pensei nisso. Mas cada vez que alguém lhe dirigia a palavra, o gajo virava-se lentamente e derrubava metade das garrafas que eu tinha em cima dos aparadores! Parecia um elefante foragido na secção de vinhos do Jumbo! Só lhe faltava o trevo na tromba! É pá, fiquei com medo que me lixasse o resto da casa, e então não disse nada.
РA s̩rio?! E a Sandra ṇo se passou com a cena das garrafas?
– A Sandra nem reparou, pá! Sabes como é que são as gajas. Sempre a cortar na casaca umas das outras. Estava para lá com a Patrícia e com a Inês a falar mal da Cláudia e passou-lhe tudo ao lado.
РQuer dizer enṭo que nem falaste com o Antunes?
– Bem… eu fiz parte do grupo destacado para o tentar levantar da minha retrete, após ele ter ido à casa-de-banho. O raio da pia parece que também tinha desaparecido por baixo dele! Quando o levantámos, até fiquei com medo de olhar para o que tinha sobrado. Na melhor das hipóteses, imaginei que lá estivesse um cano rôto a sair do chão, sem mais nada por cima.
РPelo menos sempre olhaste para o coitado do homem uma vez, cara̤as!
– Err… não propriamente. Eu era um dos cavalos do grupo…
– Como? Um cavalo?!
– Pertencia ao grupo que estava de costas para ele, com uma corda improvisada com uns lençóis à volta do peito, como se fosse uma cabeçada dum cavalo, a puxar para o gajo se conseguir levantar.
– Ui!
– Tu sabes que eu não tenho nada contra gajos gordos. Eu até tenho uns quilos a mais e como bem. Mas o Antunes é um exagero! E só de pensar que aquilo tudo se podia evitar se o sacana comesse apenas um bitoque ao almoço. Pelo menos poupava um balúrdio.
– Pois, se comesse metade, emagrecia um bocado e poupava a outra metade.
– Qual quê? Quem é que está a falar do custo da comida?!
РEnṭo?
– Estou a falar das roupas. O gajo tem de pagar a um alfaite para lhe fazer os fatos. Não há roupas 15XL no C&A! A não ser que ele se vista na secção de Toldos ou coisa assim.
– Hehehe!
– E a casa dele? Já lá foste?
– Não. Mas já me contaste aquela cena das portas.
РPois. Fazes ideia quando ̩ que custa ter um pedreiro a alargar as portas todas da tua casa durante um m̻s?!
– Pois é, caraças. Já para não falar das idas ao cinema.
– É que é mesmo! Pagar quatro bilhetes para ver um filme é um pincel do caneco! Sai mais barato esperar pelo DVD e ver em casa. E assim escusava de confrontar os outros com as tristes figuras dele. Quem é que leva pipocas num carrinho de mão para dentro duma sala de cinema, pá?! Só mesmo o palhaço do Antunes!
– E tirando isso?
– É pá, tirando isso ele até é um gajo porreiro.




Uma gaja chega mais tarde a casa, chovem telefonemas anónimos das amigas durante toda a noite para casa do corno a dizerem onde ela está, com quem e a fazer o quê. Pela manhã, no correio já há montagens dela a pinar com o Director Geral.
Depois quem é que acredita que ficou sem gasolina e sem bateria no telefone (típico) e andou sete km a pé para cada lado com uma garrafa de litro e meio de água do Luso rota a tentar encher o depósito?
Daí a roupa amarrotada, o cabelo em desalinho, o sapato a menos, o chupão no ombro e a falta de cuecas!

Quando um gajo dorme fora de casa, no dia seguinte a própria, desconfiada, liga para casa dos amigos. A maioria garante que dormiu lá em casa depois do poker, os restantes falam em surdina porque ele ainda não acordou sequer.

Espéra lá! Sem cuecas ainda é como o outro, agora o chupão…Conta lá isso melhor.

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