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Repartições de telecomunicações

A proliferação das comunicações electrónicas entre seres humanos é hoje um fenómeno que não passará despercebido a ninguém. Onde outrora existiam talhos, agora existem lojas de telecomunicações. Cada vez menos gente come carne, provavelmente na proporção inversa em que se adquire telemóveis e tecnologias semelhantes. O tarifário é, cada vez mais, o substituto do pojadouro. E o telemóvel é o novo lombo de porco.

Mas há outro fenómeno interessante que está a ocorrer mesmo debaixo das nossas pencas. É a mutação física dos estabelecimentos que vendem telecomunicações ao público. Onde outrora existiam lojas mais ou menos desenhadas a bel prazer pelos seus donos, com cobras de borracha e carrinhos de bebé da Chico como artefactos decorativos, agora temos redes de lojas todas iguais e – não ignorar esta especial particularidade – com sistema de senhas de atendimento.

É verdade. Senhas de atendimento em lojas de telemóveis. E até se percebe porquê. Como não passamos duma manada de bois sem civismo ou educação, os gerentes de loja rapidamente se aperceberam que poupariam tempo a atender utentes, em vez de o perder a arbitrar acesas disputas sobre quem se terá encostado primeiro ao balcão.

Por outro lado, se a gestão de telecomunicações (telemóveis, tarifários, pens, acessórios, etc.) cada vez mais assentar neste modelo de vendas, frio e inóspito, com clara separação física entre o empregado e o cliente, em que é que estas lojas serão diferentes – por exemplo – duma repartição de finanças? Verdade seja dita, vamos deixar o nosso dinheiro em ambos os sítios. O resultado em si pode ser diferente (saimos da loja com um telemóvel novo, saimos da repartição com um maldito recibo), mas a experiência de compra é semelhante. Tiramos senha, esperamos (uma eternidade!) pela nossa vez, pagamos e vamos embora.

Que fique aqui claro que eu não tenho nada contra as senhas de atendimento. Aliás, sou firme adepto. Nós precisamos de tecnologias que nos auxiliem em determinadas tarefas do dia-a-dia. Não porque não as consigamos cumprir sozinhos, mas apenas porque evitam que façamos figura de estúpidos. Alguém é capaz de se imaginar a guiar numa cidade movimentada sem semáforos? Olhem só o que acontece quando os semáforos lá da rua falham! A reacção é sempre a mesma. As pessoas chegam-se devagarinho aos semáforos, inclinam-se para a frente, para cima do volante, e olham como suricatas para ambos os lados antes de pôr a viatura em marcha. É a versão automotriz do andar a pé, na sala de estar, com as luzes apagadas e as mãos a abanar, a tentar tactear os móveis e paredes. Nós precisamos da tecnologia para não parecermos deficientes motores.

Mas hoje, ao visitar a loja da TMN no Centro Comercial Colombo, em Lisboa, pude respirar um pouco de alívio. Afinal, estas lojas, apesar do ar frio e anti-séptico que possuem, ainda são geridas por seres humanos. E a confirmação veio na forma dum brilhante anúncio/promoção colocado numa moldura em acrílico. Enquanto continuarmos a dar erros ortográficos, pelo menos sabemos que não fomos totalmente subjugados pelas máquinas. (para os mais distraídos, reparem onde é que o acento na palavra “móvel” está colocado…)

Curiosamente, esta promoção está dotada dum grau de realismo que não passará despercebido a quem quer que tente utilizar esta pen de Banda Larga num computador Macintosh. Experimentámos duas na loja e nenhuma funcionou. Não me admira que ofereçam 40€ a quem a conseguir utilizar. Eles lá sabem a qualidade do produto que estão a tentar vender…




A culpa não é deles!
O teu Macintosh só está formatado para o serviço de rede móvel, e não para a rede movél, pá.
As tecnologias mudam do dia para a noite, já devias saber, estudaste lá fora, não és parvo…


A manada usa Windows, meu caro!


Pois é… pois é… e eu nem sou elitista. Para mim, um computador é um computador. Uso aquilo a que estou habituado. Mas era fixe ter coisas que funcionassem, especialmente quando são anunciadas nesse sentido. Utopias…

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